(Fotografia: Facebook AG2R La Mondiale) |
Ainda como jovem, Bardet começou a chamar a atenção em importantes corridas como Ronde de l'Isard e Tour de l'Avenir. Chegou à AG2R em 2012, estreando-se na Volta a França no ano seguinte, época em que conquistou o Tour de l'Ain. Foi 15º, o que seria o seu pior resultado alcançado até 2019, quando o repetiu. Entre as duas edições foi sempre top dez, com um segundo lugar em 2016 e um terceiro em 2017, sempre com Chris Froome como vencedor. No primeiro pódio ficou a 4:05 minutos do vencedor, no segundo a 2:20. As vitórias de etapas chegaram depois, em 2015, 2016 e 2017.
Como trepador é dos melhores da actualidade. Como contra-relogista é demasiado fraco e ano após ano a sua candidatura à vitória no Tour sempre levanta dúvidas devido a este aspecto. Já melhorou, mas não o suficiente. Porém, o problema de Bardet é agora outro. É um ciclista abatido por um Tour em que falhou e no qual nem a conquista da classificação da montanha atenuou essa sensação de objectivo não cumprido. A questão nem se resume ao não ter disputado a vitória, prende-se por ter claudicado no seu terreno às primeiras dificuldades. O elogio que, ainda assim, recebeu foi pela atitude de se manter na corrida e procurar salvar algo para a AG2R que tanto apostou nele. E só nele. Não conseguiu a etapa, mas ser rei da montanha em França é prestigiante. Contudo, soube a pouco a um Bardet que preparou todo o 2019 a pensar no Tour.
Mas a temporada não foi convincente. Houve algumas boas prestações, mas no ano passado, Bardet tinha sido bem mais competitivo, apesar de depois também não ter conseguido entrar na luta pelo Tour. 2019 foi um ano em que Bardet se foi apagando e sofreu um apagão quase total na corrida que mais queria brilhar.
Esperava-se que tentasse "limpar" um pouco a imagem na Vuelta e nos Mundiais, prova que no ano passado esteve tão bem, batido apenas por Alejandro Valverde. Mas tal não vai acontecer. "Tornou-se claro para mim que preciso de regenerar-me física e mentalmente para regressar mais forte na próxima época", referiu Bardet, quando há uns dias anunciou que a sua época tinha chegado ao fim. A equipa apoiou a decisão na esperança que possa salvar um ciclista que aos 28 anos (faz 29 a 9 de Novembro) ainda tem muito para dar, se conseguir ultrapassar esta difícil fase.
No entanto, o L'Equipe escreveu que a desilusão pelo resultado no Tour foi tal - terminou a 30:23 minutos de Egan Bernal (Ineos) -, que terá levado o francês a querer deixar o ciclismo. Seria quando terminasse o contrato com a AG2R, em 2020, mas Bardet estará agora mais concentrado em tentar recuperar a alegria de competir, a vontade e a crença que pode estar no topo.
Pinot pode servir de exemplo. O outro francês que tanta pressão sofre, "refugiou-se" na Volta a Itália em 2017. No Tour acabaria por abandonar. A Groupama-FDJ aceitou que Pinot repeti-se a receita em 2018, até porque haveria mais uma semana para recuperar para o Tour. Uma pneumonia tirou o pódio no Giro e afastou-o da Volta a França. Há males que vêm por bem. Pinot foi à Vuelta ser o ciclista que se sabia que poderia ser. Ganhou duas etapas, foi sexto na geral e, mais importante, ganhou uma nova dose de confiança que transbordou na Volta a França de 2019.
A história é conhecida, com uma lesão a acabar com um Tour fantástico que Pinot irá sempre ficar a pensar que poderia ter sido "o tal". O Tour em que um francês voltaria a ganhar a "sua" corrida, depois de Bernard Hinault em 1985. Thibaut Pinot também foi um jovem talento, também teve de melhorar muito o contra-relógio (e no seu caso as descidas) e também cedeu à pressão de correr em casa. Aos 29 anos atingiu a estabilidade mental necessária para enfrentar tudo e todos.
Bardet precisa dessa "regeneração". Já esta época se falou que poderia ir ao Giro, mas a equipa não demorou a dizer que nem pensar. Como líder francês de uma equipa com patrocinador francês há ainda mais essa pressão. Em oito grandes voltas na carreira, só uma não foi o Tour: fez a Vuelta em 2017.
Novos objectivos, novos ambientes, novos desafios. Talvez seja o que Bardet mais precisa para regressar depois ao Tour como um ciclista capaz de o disputar, esperando-se que assim afaste igualmente o pensamento de terminar demasiado cedo a carreira.
»»As equipas do Tour uma a uma««
»»Doença força fim de carreira, mas ciclista quer dedicar-se à vela e música. Até tem uma banda««
Pinot pode servir de exemplo. O outro francês que tanta pressão sofre, "refugiou-se" na Volta a Itália em 2017. No Tour acabaria por abandonar. A Groupama-FDJ aceitou que Pinot repeti-se a receita em 2018, até porque haveria mais uma semana para recuperar para o Tour. Uma pneumonia tirou o pódio no Giro e afastou-o da Volta a França. Há males que vêm por bem. Pinot foi à Vuelta ser o ciclista que se sabia que poderia ser. Ganhou duas etapas, foi sexto na geral e, mais importante, ganhou uma nova dose de confiança que transbordou na Volta a França de 2019.
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