9 de agosto de 2019

W52-FC Porto ao ataque, Efapel à defesa e a Rádio Popular-Boavista a intrometer-se

(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
Ataque, contra-ataque e mais uns ataques. A W52-FC Porto não quis deixar a Efapel um metro descansada, começando por colocar Ricardo Mestre na fuga e depois provocando constantes mexidas, principalmente a partir da aproximação às duas subidas finais. Uns testes à resistência da equipa rival já a pensar que, na etapa da Senhora da Graça, este tipo de movimentações poderão ter outro de efeito. Haverá muito mais montanha para enfrentar antes da mítica subida. Esta é uma posição diferente para a W52-FC Porto - mais habituada a defender a liderança do que a ter de atacar - e para a Efapel, em tempos recentes. Ficou claro na oitava etapa que não haverá paz este sábado na tentativa de recuperar a amarela. Joni Brandão reagiu bem e vai à luta confiante vestido de líder. E mesmo com um contra-relógio para acertar contas no domingo, muito da Volta vai ser jogado na Senhora da Graça.

A tirada será curta, 133,5 quilómetros e com constante sobe e desce, como cada vez mais se vê nas provas por etapas. Se os ataques começarem cedo, será um teste duríssimo para todos, com a Efapel a estar em foco. Já demonstrou ter mais dificuldades em manter a equipa junto de Joni Brandão nas maiores dificuldades, mas a W52-FC Porto não é a mesma desde a queda de Bragança.

Logo no arranque em Fafe, o pelotão vai começar a subir. Serão 1200 metros, a com uma pendente média de 7,6% até Golães. A exigência vai aumentando com 13,5 quilómetros a 3,4% até ao alto do Viso. As duas subidas serão um aquecimento para o momento mais importante das etapas em linha da Volta. Serão três primeiras categorias para ajudar a decidir a corrida: Alto da Barra (13,3 quilómetros, a 5,8% de média), Barreiro (9,9, a 6,5%) e Senhora da Graça (8,3, a 7,2%).



Joni Brandão tem apenas um segundo a separá-lo de um jovem ambicioso João Rodrigues. O algarvio não assume a liderança com Gustavo Veloso a 18 segundos da liderança (perdeu três segundos no Alto de Santa Quitéria), mas, não havendo nenhum volte face, é Rodrigues quem está melhor fisicamente depois de ambos os ciclistas da W52-FC Porto terem ficado maltratados na já referida queda. Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) não está fora da luta. A 34 segundos tudo é possível. No entanto, o espanhol dá mostras de alguma quebra, ainda que, sendo forte no contra-relógio, poderá tentar gerir a etapa de forma a manter-se perto do pódio e apostar nos 19,5 quilómetros finais de domingo entre Gaia e Porto.

Edgar Pinto poderá assumir um papel importante, pois estando a 1:46 minutos, continua a não ter liberdade para escapar. Ou seja, um ataque seu terá de ter resposta da Efapel, que tem Henrique Casimiro a 52 segundos e que não vai ter um dia calmo para defender a amarela de Brandão. A W52-FC Porto já mostrou que parte da táctica passará por "partir" cedo a Efapel, que, contudo, poderá ter uma aliada inesperada.

A Rádio Popular-Boavista ameaça ter uma palavra a dizer. Não na luta directa pela geral, ainda que tenha João Benta e David Rodrigues no top dez, mas porque está decidida em conquistar a classificação colectiva. Para isso, não pode deixar que os ciclistas da W52-FC Porto ganhem muita vantagem. Já na etapa desta sexta-feira (156,6 quilómetros entre Viana do Castelo e Felgueiras), a equipa de José Santos ajudou nas respostas aos ataques da formação azul e branca e não deixou Ricardo Mestre ter demasiada vantagem quando o corredor andou na frente. Ainda por cima,  a Rádio Popular-Boavista tomou-lhe o gosto. Duas vitórias consecutivas: depois de Luís Gomes na Serra do Larouco, foi a fez de João Benta vencer em Felgueiras. Além disso tem Luís Gomes na liderança da classificação da montanha.

Se mantiver a postura, a Rádio Popular-Boavista poderá baralhar a táctica da W52-FC Porto, pois 3:52 minutos de vantagem podem desaparecer num instante na Senhora da Graça. E claro, outra vitória de etapa estará nos planos, com David Rodrigues a ser um homem com contas a ajustar com esta subida, onde há um ano perdeu a etapa para Raúl Alarcón com a meta ali tão perto.

A Volta a Portugal (e o ciclismo nacional) bem estava a precisar de uma corrida assim. Com espectáculo, indefinida nos momentos finais e com uma etapa exigente antes de uma das subidas mais históricas da modalidade por cá. E ainda há um contra-relógio! Fim-de-semana a não perder de ciclismo.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

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