2 de agosto de 2019

Terminou a longa espera de Gustavo Veloso

(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
Esperou quatro anos, mas Gustavo Veloso vestiu novamente a camisola amarela na Volta a Portugal. A última vez havia sido a 9 de Agosto de 2015, quando, em Lisboa, celebrou a sua segunda conquista. Parecia que dificilmente não chegaria ao terceiro triunfo, mas um companheiro de equipa surpreendeu tudo e todos, inclusivamente ele próprio, para alcançar a vitória de uma vida. Rui Vinhas venceu em 2016 frente a um Veloso muito pouco satisfeito por ter ficado em segundo. O espanhol não mais apareceria àquele nível e no ano passado foi mesmo uma Volta penosa para o outrora temido ciclista, bom a subir e excelente no contra-relógio.

A W52-FC Porto puxou Raúl Alarcón para a liderança, com o sucesso que se conhece: duas vitórias, tal como Veloso. No ano em que parecia que finalmente o eterno capitão ficaria de fora, aos 39 anos foi chamado para herdar o dorsal 1 de um Alarcón ausente por lesão. O que fez Veloso? Ficou a centésimas de ganhar o prólogo e ao terceiro dia vestiu uma camisola que conhece tão bem.

Gustavo Veloso recusa atribuir o estatuto de grande candidato a si próprio. Aliás, nem dá a ninguém da equipa, mantendo o discurso adoptado da W52-FC Porto em passar toda a responsabilidade para Joni Brandão.

Samuel Caldeira, o antigo detentor da camisola, cedo deu mostras que o seu reinado estava a chegar ao fim. Foi dos que mais trabalhou na W52-FC Porto até a Efapel de Brandão tomar conta das operações. Aquele final não era para Caldeira, pelo que era a oportunidade de Veloso mostrar que não está na Volta para ficar em segundo plano.

Há dois anos claudicou na etapa da Torre. Em 2018 passou ao lado da corrida, dando ajuda quando podia, mas foi uma sombra do ciclista que se conhece. Perante o plantel com tanta qualidade, no qual qualquer dos ciclistas muito provavelmente estaria na Volta a Portugal se estivesse noutra equipa, Veloso ficar de fora dos convocados não era nada de inesperado. Contudo, pode já não ser um jovem ciclista, mas aí está Veloso de volta à ribalta, comprovando que a forma mostrada no Troféu Joaquim Agostinho - ganhou uma etapa - não foi um acaso.

Samuel Caldeira liderou durante muitos quilómetros o pelotão
(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
Era este Veloso que a W52-FC Porto precisava perante a perda de Alarcón. Este fim-de-semana ficará já respondido se será ciclista para discutir a Volta ou se irá ajudar algum companheiro, mas estando na liderança contribuiu para aumentar dúvida entre os adversários. Afinal para quem devem olhar? João Rodrigues e António Carvalho podem ter perdido uns segundos - cinco e sete para Veloso - devido a mais uma queda perto da meta, mas todos eles estão no top dez e na discussão, juntamente com Edgar Pinto.

Esta táctica de esconder o jogo da W52-FC Porto está a dar um ponto de interesse extra à Volta a Portugal. A etapa da Torre, no domingo, promete...

Já Tiago Machado não pode dizer o mesmo quanto a não ficar preocupado com segundos perdidos. O líder do Sporting-Tavira deixou escapar 20 segundos para o vencedor da etapa, 17 para o primeiro grupo de candidatos, o que se traduz em 43 segundos para Veloso na geral. Nada de assustador, é certo, mas não estaria nos planos.

Esta perda de tempo se não for compensada na Torre, poderá significar que é outro veterano a chegar-se à frente para assumir o papel de destaque. Alejandro Marque esteve bem no prólogo e evitou os problemas da queda na chegada a Santo António dos Cavaleiros, cortando a meta com Veloso, Brandão e Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano). São apenas 11 segundos a separá-lo da amarela, ele que também a conhece muito bem, já que venceu a Volta em 2013.

De referir que nesta etapa não se aplicava a regra dos três quilómetros como aconteceu em Leiria, por a meta ser numa subida categorizada. Por isso, foram contabilizados os cortes.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

Euskadi-Murias adora Portugal

(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
Em seis vitórias esta temporada, a equipa basca conquistou cinco em Portugal. Enrique Sanz tem sido o abono de família, mas Mikel Aristi juntou finalmente um nome diferente à lista de vencedores. Sanz venceu três etapas na Volta ao Alentejo, uma no Troféu Joaquim Agostinho e ainda alcançou o único triunfo da Euskadi-Murias em Espanha, na terceira etapa da Volta a Castela e Leão.

O sprinter não está na Volta a Portugal - talvez a pensar numa Volta a Espanha -, mas isso não significa que a equipa não tenha vindo com intenções de vencer. O final de etapa mais longa da Volta - 198,5 quilómetros entre a Marinha Grande e Santo António dos Cavaleiros - eram 1400 metros com uma pendente média de 8%. Parecia estar a chamar por Luís Mendonça, que respondeu a esse apelo.

Depois de ter ficado envolvido na queda da primeira etapa, Mendonça apareceu com vontade de vencer e estava já a distanciar-se na frente quando se deu nova caída perto do fim. Desta feita nem deu por ela. A meta estava a 25 metros de distância, quando num ímpeto final, Mikel Aristi ultrapassou o ciclista da Rádio Popular-Boavista. Ainda não foi desta que Mendonça conquistou a sua tão desejada etapa na Volta.

Foi a segunda vitória na carreira do ciclista basco, de 26 anos, depois de vencer a primeira etapa da Tropicale Amissa Bongo há dois anos, ao serviço da francesa Delko Marseille Provence KTM. Em 2018, a Euskadi-Murias já havia ganho na Volta a Portugal, por intermédio de Enrique Sanz, pois claro! Agora o objectivo está bem definido: ganha a primeira etapa, é para repetir e se possível já este sábado. A equipa basca Profissional Continental viu ainda Urko Berrade vestir a camisola branca, de líder da juventude.

3ª etapa: Santarém - Castelo Branco, 194,1 km



Mais um dia longo e que vai servir para "aquecer motores" para a subida à Torre no domingo, no dia que marcará um muito desejado regresso de uma chegada ao ponto mais alto de Portugal Continental.

As subida de terceira e quarta categoria não deverão evitar uma discussão ao sprint. Porém, a chegada a Castelo Branco é técnica e já tem criado dissabores no passado a alguns ciclistas. Tendo em conta que em duas etapas em linha houve duas quedas na aproximação à meta, haverá atenção máxima por parte de todos, pois ninguém quer partir para a difícil etapa de domingo com marcas de queda.

A partida será às 12:45 na Avenida D. Afonso Henriques (Campo Emílio Infante da Câmara), com a chegada prevista às 17:30, na Avenida Nuno Álvares.

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