(Fotografia: © Sarah Meyssonnier/La Vuelta) |
Estão esclarecidas as dúvidas na Movistar. Alejandro Valverde é o líder da equipa na Volta a Espanha. Com quase uma semana de corrida, o discurso inicial de apoio a Nairo Quintana e de que Valverde iria à procura de etapas pouco convenceu e agora é o colombiano quem admitiu publicamente que foi tomada a decisão de apostar no veterano espanhol.
"Tivemos uma reunião de equipa e o Eusebio [Unzué] decidiu. O Alejandro está muito bem e vamos apoiá-lo", afirmou Quintana, citado pelo As. De saída da Movistar é o derradeiro voltar de costas a um ciclista que chegou a ser o "menino de ouro" da equipa, mas que nos últimos dois anos viu a sua relação com o director desportivo Unzué deteriorar-se, assim como o seu estatuto na formação espanhola.
"Tivemos uma reunião de equipa e o Eusebio [Unzué] decidiu. O Alejandro está muito bem e vamos apoiá-lo", afirmou Quintana, citado pelo As. De saída da Movistar é o derradeiro voltar de costas a um ciclista que chegou a ser o "menino de ouro" da equipa, mas que nos últimos dois anos viu a sua relação com o director desportivo Unzué deteriorar-se, assim como o seu estatuto na formação espanhola.
Quintana e Movistar têm estado cada vez menos em sintonia. Não conseguir ganhar o Tour ajudou a que o encanto pelo colombiano fosse ficando cada vez mais reduzido. No entanto, foi a aposta de Unzué em colocá-lo no Giro e Tour para tentar a dobradinha que ninguém consegue desde 1998, que acabou por precipitar o fim de uma relação que chegou a parecer ter tudo para ser de muito sucesso. Em 2017, Quintana perdeu o Giro no contra-relógio final para Tom Dumoulin e depois falhou por completo no Tour, nem finalizando no top dez. O chamado sueño amarillo tornou-se num autêntico pesadelo, com a família do ciclista a vir a público acusar Unzué de ter obrigado Quintana a fazer as duas grandes voltas.
Entretanto, Unzué fez tudo para contratar Mikel Landa, uma antiga paixão do director e que finalmente conseguiu convencer em assinar pela Movistar em 2018. Se Valverde nunca se afastou por completo do líder para as grandes voltas para abrir caminho a Quintana, como chegou a dizer, a chegada de Landa foi um claro sinal que Quintana nunca seria o líder máximo, apesar de ter ganho o Giro em 2014 e a Vuelta em 2016, além de outras conquistas importantes. Este tridente de grande qualidade individual, nunca funcionou colectivamente e só serviu para criar mais divisões internas. Este ano, Richard Carapaz confirmou credenciais ao vencer o Giro, enquanto Quintana voltou a não conseguir discutir o Tour.
Com as portas de saída escancaradas, Quintana vai aproveitar para mudar de ares. Parecia estar a caminho da Arkéa-Samsic, mas a UAE Team Emirates poderá permitir que o colombiano continue no World Tour. Independentemente da escolha, Quintana queria tentar sair em grande na Vuelta e conquistou uma grande vitória na segunda etapa, de uma forma que há muito não se via neste ciclista. Atacou, sem olhar para trás, sem medo e só com os olhos na meta. Arriscou e ganhou. Mas afinal, nem assim conseguiu impor-se. Valverde também tem andado ao ataque. Curiosamente foi sempre dizendo que era Quintana o líder, ainda que não parecesse. Há que não esquecer que Carapaz ficou fora da Vuelta devido a uma queda, mas nem assim o colombiano conseguiu o tão desejado estatuto.
A julgar pelas palavras de Quintana, o que se via na estrada era mesmo o que parecia: Valverde está a espreitar a geral e não apenas etapas. Já assim o tinha sido na edição passada na Vuelta. Valverde também acabou por querer ganhar a geral e a Movistar apoiou o espanhol que acabou por quebrar por completo.
"Vamos ver até onde chego. Olho dia-a-dia", desabafou ainda o colombiano, citado pelo As. No fundo, pouco muda. Quintana vai continuar por sua conta no adeus à Movistar - nenhum dos seus homens de confiança foi chamado para a Vuelta -, que também vai ver sair Mikel Landa (Bahrain-Merida) e provavelmente Richard Carapaz (estará em negociações com a Ineos).
Aos 39 anos, com camisola de campeão do mundo vestida, Valverde está a realizar uma das temporadas mais fracas de anos mais recentes. No entanto, continua e continuará sempre a ser o capitão da Movistar. Com a vitória no Giro de Carapaz, a equipa espanhola já tem 2019 feito relativamente a grandes voltas, mesmo sem Tour e mesmo que Valverde não consiga ganhar a Vuelta, o que até seria uma pequena surpresa. Mas em Espanha já se sabe: tudo é possível.
Valverde deixou garantias que tudo está bem na equipa: "As pessoas inventam problemas e não há nem 1% do que de diz. Só nós é que sabemos o que acontece dentro do autocarro da equipa." Já fora, todos viram como Valverde não teve problemas em atacar Quintana, quando o colombiano estava a apenas dois segundos da liderança. Também esta nunca foi uma relação fácil e a rivalidade interna continua, pelo menos nesta Vuelta. Em 2020 tudo mudará, pelo menos os protagonistas serão outros na Movistar.
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