(Fotografia: © Bettiniphoto/UAE Team Emirates) |
Sob a liderança de Joxean Fernández "Matxin", um dos melhores na captação de talentos, a UAE Team Emirates está num processo de rejuvenescimento e tal não significa que irá ter de esperar para começar a tirar dividendos, pois esses jovens ou já começaram a comprovar o esperado (Tadej Pogacar, por exemplo), ou já se estão a aproximar cada vez mais do sucesso (Jasper Philipsen é um caso). Por outro lado, os mais veteranos da equipa não estão a realizar uma temporada para recordar. Longe disso. Com os contratos a terminar, aumenta a dúvida se a equipa vai abrir mão de alguns dos ciclistas mais experientes, criando assim definitivamente o espaço para os mais novos.
Manuel Mori (39 anos), Rory Sutherland (37) e Marco Marcato (35) são três exemplos, mas os dois nomes que mais curiosidade estão a gerar são Daniel Martin e Rui Costa, ambos com 32 anos. O irlandês tem oscilado entre exibições muito aquém do desejado e prestações de nível. Porém, falhou no Tour e com Fabio Aru a ter a confiança da equipa - depois de uma operação à perna que o fez falhar parte da temporada - e com Tadej Pogacar a ser um inevitável líder para as grandes voltas, Martin corre o risco de perder estatuto. Mesmo para as clássicas, a UAE Team Emirates contratou para 2020 um Davide Formolo (Bora-Hansgrohe) que quer apostar mais nas corridas de um dia e logo nas que Martin mais gosta: Ardenas.
O que Daniel Martin arrisca passar se renovar, já está a acontecer com Rui Costa nas últimas duas temporadas. No final de 2018, o contrato foi prolongado por apenas mais uma temporada. Se na época passada uma lesão no joelho limitou-o muitos meses, já em 2019, o poveiro realizou exibições ao seu nível, principalmente na Volta à Romandia. No entanto, o Tour também não correu bem, como aliás aconteceu com toda a equipa.
Rui Costa está a competir na Volta a Burgos, sendo terceiro depois de duas etapas, a oito segundos de Giacomo Nizzolo (Dimension Data). Fazer apenas o Tour tem sido o normal na carreira do português, que tem tendência a acabar bem as temporadas quando faz o périplo pelo Canadá - em 2011 venceu a clássica no Quebéque -, com os Mundiais no pensamento. A Lombardia é das clássicas que mais vezes fez, com nove presenças. Terminou sempre e foi terceiro em 2014.
A experiência de Rui Costa continua a ser valiosa, ainda mais com tantos jovens a entrarem na estrutura do Médio Oriente. Contudo, nesta nova UAE Team Emirates em construção, o papel de destaque será cada vez menor, caso fique. Mesmo nas provas de uma semana haverá mais concorrência. Brandon McNulty, americano de 21 anos da Rally UHC Cycling, está a chegar e tem muito potencial para as corridas por etapas. Alessandro Covi (20 anos, Colpack) também demonstra essa capacidade, além das clássicas, com o vencedor do Giro para sub-23, Andres Camilo Ardila a já estar também garantido. Estes ciclistas vão juntar-se a Pogacar, Jan Polanc e Fabio Aru, com Valerio Conti a ainda não ter renovado, mas a fazê-lo, terá as suas oportunidades.
Entre outros jovens já na equipa para outro tipo de corridas, há um Jasper Philipsen a confirmar a sua capacidade para os sprints, com Rui Oliveira a afirmar-se cada vez mais como um importante elemento de trabalho. O irmão, Ivo, está a recuperar de uma grave lesão após uma queda em Abril. Estes são ciclistas da escola Axel Merckx (Hagens Berman Axeon), equipa que verá Mikkel Bjerg, dinamarquês bicampeão do mundo de contra-relógio em sub-23, chegar à UAE Team Emirates em 2020.
Em 2018, o futuro de Rui Costa só foi conhecido bem tarde na temporada. A incerteza é novamente algo com que o ciclista tem de viver nesta fase, pois a única certeza é que esta UAE Team Emirates está a munir-se de um conjunto de jovens talentos. Segue o exemplo da Ineos, pensando no futuro muito próximo, o que obriga os corredores que já foram figuras principais a repensar o seu estatuto e definir o que ainda pretendem fazer na carreira. As próximas corridas e já a começar pela Volta a Burgos, podem ser decisivas para Rui Costa, quer seja para continuar na equipa, quer seja para escolher um novo rumo.
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