8 de agosto de 2019

Um segundo chegou para Joni Brandão colocar a W52-FC Porto numa posição pouco habitual

(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
A queda de Bragança deixou mesmo marcas, mas não pode servir de única justificação para um dia que a W52-FC Porto não está nada habituada a ter. Joni Brandão faz parte da razão por se ter alcançado um feito quase inédito desde que a equipa de Sobrado começou a vencer ano após ano a Volta a Portugal desde 2013. Chegou à corrida em boa forma, mas caiu duas vezes, foi penalizado em dez segundos por os comissários terem considerado que foi empurrado pelo mecânico e não teve o melhor dos dias na Serra da Estrela. Porém, na do Larouco, o líder da Efapel arrancou, deixou todos para trás, focou-se numa meta oculta por nevoeiro, mas que não escondeu como Brandão está forte, estando agora de um tom amarelo que tanto procurava para "variar" o tom do equipamento da Efapel. Por um segundo assumiu o primeiro lugar e por um segundo conseguiu colocar a W52-FC Porto numa posição que só aconteceu uma vez e não foi na fase final da Volta.

Desde que Alejandro Marque venceu em 2013, então com a equipa a chamar-se OFM-Quinta da Lixa, que esta formação só uma vez tinha perdido a camisola amarela desde o momento em que a vestia e não demorou a recuperá-la. Nesse ano foi na penúltima etapa que Marque assumiu a liderança. Em 2014 foi na terceira e no ano seguinte na segunda, sempre por intermédio de Gustavo Veloso.

2016 foi o ano de glória de Rui Vinhas. Vestiu o símbolo da liderança após uma fuga na terceira etapa e só parou no pódio em Lisboa para celebrar a vitória na geral. No entanto, foi neste ano que a W52-FC Porto perdeu momentaneamente a amarela. Rafael Reis foi líder por um dia, antes de Daniel Mestre (então na Efapel) vestir a amarela por dois dias, ainda na fase inicial da corrida.  Seguiu-se Raúl Alarcón. Ficou de amarelo na primeira etapa em 2017 e em 2018 apoderou-se da camisola ao vencer em Oliveira do Hospital, na terceira tirada.

Mesmo com Joni Brandão a não ter uma primeira parte de Volta muito feliz, nunca ninguém o deixou de o ver como candidato. Veloso sempre disse que o rival era o principal favorito. Se foi para colocar mais pressão, Brandão não se ressentiu. Depois de tantos anos a ver de perto outros ficarem com a camisola que sempre ambicionou, Joni Brandão vai vesti-la pela primeira vez. Só o vai fazer esta sexta-feira, porque o mau tempo em Montalegre obrigou o cancelamento da cerimónia do pódio, que se realiza antes do arranque da oitava etapa, em Viana do Castelo.

Aos 29 anos, um dos melhores trepadores portugueses está no topo, mas um segundo não dá margem para tranquilidade. A Volta a Portugal está atípica, comparativamente com os anos de domínio da W52-FC Porto. Parecia estar a caminhar-se para a continuidade dessa história. Brandão reescreveu-a e o final está muito incerto. Agora é preciso ver como a Efapel vai defender a liderança. Brandão tem estado forte e reagiu bem depois de uma subida à Torre que não foi a que desejava. Falta a Senhora da Graça e Joni Brandão sabe que pode contar com Henrique Casimiro, mas a restante equipa não tem sido tão forte na montanha como seria de esperar.

A W52-FC Porto desfez-se na Serra do Larouco. Que coisa estranha de se ver! Está proibida de repetir a exibição, pois se tem tido um líder forte nos últimos anos, também se faz valer e muito do colectivo para ganhar. Gustavo Veloso mostrou debilidades logo na ascensão a Torneiros e confirmou as dificuldades no Larouco. A perna ainda lhe doía da queda de Bragança. João Rodrigues ficou sozinho muito cedo. Ricardo Mestre fez o trabalho do costume, mas Edgar Pinto não aguentou o ritmo que acabaria por colocar Brandão na frente do grupo. António Carvalho ficou ao lado de Veloso. Rodrigues teve de ir à luta a solo. Ele que na quarta-feira ainda visitou o hospital depois da queda que marca - e de que maneira - a equipa azul e branca. Esteve bem, mas não reagiu a tempo de evitar que por um segundo a amarela escapasse para a Efapel.

Estamos perante uma situação nova na Volta a Portugal. A três etapas do fim a W52-FC Porto tem de recuperar a liderança. Por esta altura, os seus ciclistas estão mais habituados a defender e controlar adversários, agora vão ter de atacar. Um segundo não é nada, mas pode decidir a vitória. Veloso está a 15 e sendo forte no contra-relógio, tal como Rodrigues, continua na luta. Mas Brandão também melhorou na especialidade e o percurso de 19,5 quilómetros entre Gaia e Porto, no domingo, até não é mau para o líder da Efapel se defender. Porém, a Senhora da Graça é o espaço ideal para Joni Brandão tentar consolidar a sua posição.

A Volta de destaque da Rádio Popular-Boavista


(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
Com a maior parte das atenções centradas na luta W52-FC Porto/Efapel, a Rádio Popular-Boavista tem feito a sua corrida e não se pode dizer que está completamente em segundo plano nesta recta final da Volta a Portugal. Em dois dias viu Luís Gomes vestir de azul (líder da montanha) e ganhar a etapa na Serra do Larouco. Excelente vitória do ciclista de 25 anos, que tem mostrado uma boa evolução desde que integrou a equipa em 2017. Foi perseverante e apesar das dificuldades não deixou escapar Hugo Sancho (Miranda-Mortágua) e Mathias Reutimann (Swiss Racing Academy). Em grande esforço, conquistou a uma vitória memorável.

Para reforçar a boa prestação da Rádio Popular-Boavista, João Benta e David Rodrigues estão no top dez. E o director José Santos alcançou outro objectivo: lidera colectivamente, com mais 3:23 minutos do que o Sporting-Tavira e 4:04 da W52-FC Porto, antiga número um desta classificação. A equipa tudo irá fazer para guardar a camisola da montanha de Luís Gomes e subir ao pódio no Porto como a melhor da Volta.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

8ª etapa: Viana do Castelo - Felgueiras, 156,6 km

Mas porque não tentar fazer diferenças já esta sexta-feira? Se há algo que esta Volta nos ensinou é que não há etapas para descansar e muito menos calmas. A de amanhã poderá ser propícia a um pouco de acção no final. Haverá mais uma rampa para testar as forças, que começam a ficar justas. A chegada é no alto de Santa Quitéria, Felgueiras, com 1600 metros a uma média de 8,9%. A partida será às 13:20 na Alameda 5 de Outubro, em Viana do Castelo.

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