27 de agosto de 2019

Uma nova chegada em alto para ajudar a definir os candidatos

(Fotografia: © Sarah Meyssonnier/La Vuelta)
O pelotão aproveitou bem uma etapa que, apesar de não ser completamente plana, tinha um terreno mais simpático comparativamente com a maioria dos dias. Ainda houve uma tentativa de abanico por parte da EF Education First, mas ninguém importante ficou para trás (Wout Poels, da Ineos, já tinha saído da lista de candidatos logo na segunda tirada). Ass duas principais notícias do dia foram o abandono de Steven Kruijswijk e a vitória de Fabio Jakobsen, na sua estreia numa grande volta. Esta "calma", dentro do possível numa Vuelta, até se compreendeu tendo em conta que a primeira chegada em alto é já esta quarta-feira. É uma subida nova na Volta a Espanha e que ninguém terá vida fácil.

(Imagem: La Vuelta)
Com o contra-relógio por equipas a fazer mais diferenças do que o esperado, muito devido às quedas da Jumbo-Visma e UAE Team Emirates, e com a segunda etapa, de média montanha, também a ter algum impacto na geral, a meta no Alto de Javalambre, onde se situa o observatório astronómico, poderá começar a ajudar a definir de vez quem está em condições de discutir a Vuelta, mesmo que ainda se esteja numa fase tão inicial da prova.

É uma típica etapa desta grande volta, não muito longa - 170,7 quilómetros -, mas muito desgastante. A segunda categoria, logo nos primeiros quilómetros, será seguida de sobe e desce constante até à terceira categoria (ver gráfico em baixo). O pelotão poderá começar a partir muito antes dos 11,1 quilómetros finais, com uma média de 7,8% (imagem do lado direito). Não tem pendentes loucas, mas tem muitos quilómetros acima dos 10% e máxima de 16%.

Nesta fase da temporada as pernas pesam e mesmo os que apresentam uma boa forma e descansaram entre o Giro e Volta a Espanha, não deixam de estar numa fase final de temporada. Também por isso a Vuelta acaba por ser muito mais indefinida quanto a vencedores. Até a Jumbo-Visma, que se apresentou com um bloco fortíssimo, já sofreu uma baixa importante, consequência da referida queda. Steven Kruijswijk, líder a par de Primoz Roglic, abandonou. As dores no joelho não deixavam antever nada de bom quando as maiores dificuldades chegassem, pelo que o holandês jogou pelo seguro.

A quinta etapa também poderá ajudar a perceber precisamente como estão os blocos. A Astana não esteve bem na segunda tirada, enquanto a Movistar trabalhou um pouco, mais para Alejandro Valverde, com Nairo Quintana a surpreender ao fugir para ganhar a tirada. Na formação espanhola nunca se sabe muito bem o que esperar, pois Valverde poderá ir atrás da vitória, com 49 segundos a separá-lo da camisola vermelha de Nicolas Roche. Mas Quintana está a apenas dois segundos, mas já é difícil esconder - ou talvez já nem se tente fazê-lo - que é um homem algo isolado na Movistar.

Mas voltando à Astana, Miguel Ángel López começou bem a Vuelta, liderou, mas se no contra-relógio a equipa foi perfeita, na etapa em linha faltou mais união. Se López comprovar que está bem, Ion Izagirre terá de abdicar do seu objectivo pessoal. No segundo dia tentou atacar e depois quebrou quando o seu líder mais precisou dele. López também gostaria de ver Fuglsang mais próximo de si, mas o Tour pode prejudicar a força do dinamarquês, ainda que não o tenha terminado devido a queda.

Mas há uma equipa que está a gerar muita curiosidade. A EF Education First está a confirmar que o seu trio de colombianos foram a Espanha para lutar pela vitória. Daniel Martínez já perdeu 1:46 minutos, contudo, não é carta fora do baralho. Longe disso. Pode ser muito importante ao lado de Rigoberto Uran, terceiro, a oito segundos de Roche. Uran sofreu uma queda, mas aparentemente sem gravidade e tem outro ciclista que tanto o pode ajudar, como poderá lançar alguma "confusão" entre os adversários. É que Sergio Higuita não está a querer passar despercebido na sua estreia numa grande volta. 22 anos e tanto talento ainda por desenvolver.

Está a 37 segundos de Roche e é um trepador com muito potencial. Se este trio estiver bem, poderá ser o maior rival para a Jumbo-Visma de Roglic e para López e Quintana. Será que a Vuelta vai ser um esloveno entre colombianos?

Na Vuelta há tendência aos ciclistas apresentar-se mais livres de tácticas pré-definidas, o que potencia o espectáculo e uma luta mais acesa pela camisola vermelha. Não vai ser fácil para Roche mantê-la, já que terá de garantir que o líder da Sunweb, Wilco Kelderman, se mantém bem posicionado. Este holandês é sempre uma incógnita, mas foi em Espanha que se viu o seu melhor.

Se Fabio Aru (UAE Team Emirates) e Pierre Latour (AG2R) são dois ciclistas a não perder de vista, pelo que mostraram na segunda etapa, atenção à Bora-Hansgrohe. Discretamente Emanuel Buchmann foi somando resultados regulares no Tour e fechou na quarta posição. O mesmo poderá acontecer agora. Davide Formolo quer despedir-se em grande da equipa (está a caminho da UAE Team Emirates) e Rafal Majka é outro Kelderman. Pode fazer muito, mas tem ficado tantas vezes aquém. Mas foi na Vuelta que fez pódio em 2015. Ambos estão no top dez, a 46 segundos, e esta Bora-Hansgrohe não aposta apenas em Sam Bennett nos sprints. Agora também olha sempre para a geral.


Fabio Jakobsen já vence nas grandes voltas


(Imagem: La Vuelta)
A poucos dias de completar 23 anos, Fabio Jakobsen está a confirmar que é um sprinter de topo. Ou quase a lá chegar. Desde que na época passada venceu a clássica Danilith Nokere Koerse que o jovem holandês não parou de somar boas exibições. A Deceuninck-QuickStep deu-lhe a oportunidade de se estrear numa grande volta nesta Vuelta e logo com a camisola de campeão nacional, que vestiu no final de Junho. Sam Bennett foi demolidor no primeiro sprint, mas Jakobsen foi superior na segunda tentativa.

A preparação da equipa foi perfeita e Max Richeze fez um trabalho fantástico, numa altura em que faz as últimas corridas pela equipa, já que vai juntar-se a Fernando Gaviria na UAE Team Emirates na 2020. Mas o seu profissionalismo é intocável e abriu caminho a Jakobsen, enquanto Bennett errou na trajectória numa rotunda e até ficou perto de uma recuperação total, mas a quarta etapa foi para um holandês. Vencedor em Lagos na Volta ao Algarve é um ciclista que cada vez mais se espera que se junte rapidamente ao lote de luxo de nomes do sprint mundial como Dylan Groenewegen, Gaviria, Peter Sagan, Caleb Ewan... E claro, Elia Viviani, que na próxima época será um rival de Jakobsen, pois está de partida para a Cofidis. Como sempre, o director Patrick Lefevere tem uma nova estrela pronta a assumir protagonismo, quando uma sai da equipa belga.

Classificação completa, via ProCyclingStats.




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