Não houve qualquer hesitação em viajar 300 quilómetros para ver Kittel
em acção de perto, na Volta ao Algarve (Fotografia: © João Fonseca Photographer) |
Foi um prazer e um privilégio ver Kittel competir. Sim, foi. O verbo está no tempo certo. Chegou ao fim uma carreira brilhante, mas também marcada por dois maus momentos. A pausa feita em Maio torna-se permanente. Ao segundo Kittel resolveu parar. Primeiro o homem, depois o ciclista. Mentalmente Kittel não já não tem a força, a vontade e a ambição que as suas pernas tantas vezes tiveram! Se a cabeça não acompanha, então está na altura de mudar.
Kittel vai ser pai. A novidade chegou já depois de ter saído da Katusha-Alpecin Diz que não quer ver o filho crescer por Skype, em alusão ao sacrifício que esta modalidade exige, às viagens, ao tempo de treino, estágios, corridas... Tantos não querem deixar de ver o grande Kittel sprintar, mas todos têm de compreendem a opção.
Kittel fala de um desporto exigente, capaz de tirar tempo para as amizades, para a família, para os pequenos prazer vida. Fala de rotina, a dedicação necessária para quem quer estar entre os melhores... Aos 31 anos já chega para Kittel. É tempo de mudar, tal como ele mudou e marcou uma era no sprint.
Objectivamente ficam os números. Mais de 80 vitórias como profissional, 14 na Volta a França, só cinco em 2017. Fez da Scheldeprijs sua, com outra mão cheia de vitórias na clássica belga. No Giro somou quatro etapas, faltou-lhe a Vuelta para fazer o pleno nas grandes voltas. Mas Kittel deixou marca em muitas das corridas por que passou, incluindo na Algarvia. O seu porte, a sua classe... o seu estilo (utilizar chapéu, nem pensar que estragava o penteado), Kittel nunca passou despercebido.
Fica também o ano negro de 2015 em que uma doença o limitou tanto e o fez querer sair da Giant-Alpecin e mudar de ares. A ida para a então Etixx-Quick Step fez-lhe tão bem. Contudo, fica também uma mudança madrasta para a Katusha-Alpecin que dificilmente poderia ter corrido pior. E tudo porque não quis discutir estatuto com Fernando Gaviria. Merecia uma saída do ciclismo por uma porta bem maior. O alemão tornou-se em mais um exemplo de quem sai da Quick-Step não consegue repetir o nível, perdendo uma luta psicológica que tantos ciclistas se debatem.
Fica também o ano negro de 2015 em que uma doença o limitou tanto e o fez querer sair da Giant-Alpecin e mudar de ares. A ida para a então Etixx-Quick Step fez-lhe tão bem. Contudo, fica também uma mudança madrasta para a Katusha-Alpecin que dificilmente poderia ter corrido pior. E tudo porque não quis discutir estatuto com Fernando Gaviria. Merecia uma saída do ciclismo por uma porta bem maior. O alemão tornou-se em mais um exemplo de quem sai da Quick-Step não consegue repetir o nível, perdendo uma luta psicológica que tantos ciclistas se debatem.
Mas também ficarão as recordações de sprints inacreditáveis. Por vezes deixou os rivais a ver as suas costas. Por vezes ganhou a precisar do photo finish. Também ficará a recordação de ver Kittel ali tão perto na Volta ao Algarve e vê-lo ganhar em Tavira, depois de o ter feito em Albufeira. Ficou ainda com a classificação dos pontos. Naquele 2016, não houve qualquer hesitação. Ao estar confirmada a presença de Kittel, a única coisa a fazer era viajar 300 quilómetros para ver um dos melhores sprinters do mundo. Assim foi e, claro, o alemão não desiludiu.
Há ciclistas que nunca serão esquecidos. Em tempos mais recentes foi Kittel quem se tornou num deles.
Sem comentários:
Enviar um comentário