2 de outubro de 2018

Nem de homens, nem de mulheres. Mais uma equipa que termina

(Fotografia: Facebook One Pro Cycling)
O número de equipas que estão a terminar com os seus projectos não pára de aumentar. A One Pro Cycling ia abandonar o ciclismo masculino, optando antes por apostar no feminino. Este anúncio, no início de Setembro, surgiu como uma surpresa, mas, por um lado, até foi bem-vinda, afinal iria haver mais uma equipa para ajudar a desenvolver o ciclismo entre as senhoras. Porém, numa curta mensagem no seu site, a One Pro colocou ponto final a uma ideia que não passou disso mesmo. A formação britânica engrossa assim a lista de estruturas que o ciclismo perde para 2019.

Matt Prior sonhou alto. O antigo jogador de críquete queria levar a sua equipa até ao topo. Parecia estar a construir uma estrutura sólida, mas quando começou a falar em preparar uma subida ao World Tour, foi como se lhe puxassem o tapete. A marca de bicicletas Factor acabou com a ligação para estabelecer uma parceria com a equipa francesa AG2R e assim garantir um lugar não só no escalão máximo, mas numa estrutura que conta com um Romain Bardet, por exemplo, que é sempre muito falado durante o Tour, a corrida mais mediática do mundo.

A One Pro Cycling começou em 2015 como Continental, subiu no ano seguinte a Profissional Continental, mas, sem o importante patrocínio da Factor, desceu novamente em 2017, quando Prior ambicionava tanto em subir. Numa entrevista ao Telegraph, em Setembro, Prior foi bem claro como a realidade se abateu sobre a equipa: "Temos literalmente de pagar para aqui estar. Todos sabem que perdermos um patrocinador chave [a Factor] e tivemos de descer ao nível Continental. Continuamos a pedir às empresas grandes somas de dinheiro para patrocinar uma equipa Continental. Com o Brexit, o Trump e toda esta incerteza financeira de momento - e quando se pensa na história do ciclismo masculino [cultura de doping] -, é difícil pedir [dinheiro]."

Para Prior é impossível competir no ciclismo masculino, dando o exemplo de como a Sky tem um orçamento de cerca de 40 milhões de euros e para que a One Pro alguma vez pudesse ambicionar estar no World Tour e ser uma equipa competitiva, teria de ter um orçamento de pelo menos 15/16 milhões. "Com uma fracção desse dinheiro, talvez com 1,6 milhões de euros, poderás ter uma equipa de mulheres muito competitiva", dizia então.

Mais uma vez a realidade atrapalhou os sonhos de Prior. "A equipa estava dedicada em construir um plantel feminino para a próxima época, mas devido à falta de patrocínios, não conseguimos angariar um orçamento satisfatório para igualar os nossos planos.", lê-se no comunicado, divulgado esta terça-feira. No entanto, Matt Prior parece não baixar os braços: "Estamos desejosos de retomar esta viagem em 2020 e as conversações irão continuar em 2019."

Já quando anunciou o fim da equipa masculina deixou a porta aberta para que esta fosse retomada, caso os patrocinadores voltassem a surgir. Para já, a One Pro Cycling sai da estrada, com Prior a garantir que, ao contrário do que aconteceu com os ciclistas e staff da Aqua Blue Sport que foram alertados para o final da equipa por mensagem, os seus corredores não só foram alertados convenientemente, como durante o ano o director da One Pro foi incentivando a todos a ouvirem propostas.

A One Pro Cycling e a JLT Condor são as duas equipas britânicas que não vão continuar em 2019. A Aqua Blue Sport era irlandesa e do escalão Profissional Continental, mas noutro continente a situação também está muito complicada. As americanas Holowesko, United Healthcare (ambas do segundo escalão) e Jelly Belly (terceiro) e a canadiana Silber (terceiro) vão ficar sem os seus patrocinadores e a salvação tarda em chegar, pelo que o fim das estruturas é uma forte possibilidade.



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