(Imagem: ASO/Le Tour de France) |
Alta montanha não vai faltar na Volta a França de 2019, com os três finais acima dos dois mil metros de altitude e mais subidas que vão ultrapassar esse número, a serem desde logo o pormenor que mereceu mais destaque na apresentação da 106ª edição da corrida. Segue-se os contra-relógios. Serão apenas 54 quilómetros divididos por 27 no de por equipas e outros tantos no esforço individual. "Apenas" estes quilómetros na perspectiva de um Chris Froome ou Tom Dumoulin. Já Romain Bardet e Nairo Quintana pensarão que chegam perfeitamente. Mesmo com o próprio Froome a dar desde já algum favoritismo a ciclistas como Quintana devido à muita altitude, o percurso do Tour não é nada que a Sky não possa repetir as exibições de anos anteriores e, talvez por isso, as atenções no dia de apresentação tenham sido algo desviadas pelo apelo do director do Tour ao fim do uso dos potenciómetros na corrida.
Mas comecemos pelo percurso, antes de mais uma ideia que não deixa de ser uma forma para tentar recuperar competitividade e indefinição naquela que continua a ser a grande volta mais mediática, mas que nos últimos anos perdeu a nível de interesse e espectáculo para o Giro e, principalmente, para a Vuelta. Ou, mais simplesmente, tentar acabar com o domínio da Sky.
Entre 6 e 28 de Julho serão percorridos 3460 quilómetros, haverá 30 subidas categorizadas, cinco finais em alto e os 54 quilómetros divididos por dois contra-relógios. Além das bonificações habituais na meta, foram acrescentadas oito em outras tantas subidas durante as etapas de montanha.
Entre 6 e 28 de Julho serão percorridos 3460 quilómetros, haverá 30 subidas categorizadas, cinco finais em alto e os 54 quilómetros divididos por dois contra-relógios. Além das bonificações habituais na meta, foram acrescentadas oito em outras tantas subidas durante as etapas de montanha.
A história de uma corrida como a Volta a França por vezes anda lado a lado com a história mundial. 2019 marcará o centenário da primeira vez que a camisola amarela passou a ser o símbolo do vencedor. Esse Tour começou no dia seguinte à assinatura do Tratado de Versalhes, depois de quatro anos sem a corrida se realizar devido à Primeira Guerra Mundial, o que dá outro simbolismo a este momento. Eugène Christophe tornou-se no primeiro ciclista a vestir a que viria a tornar-se na mais emblemática das camisolas da modalidade.
2019 marcará também o 50º aniversário da primeira de cinco vitórias de um ciclista que marcou profundamente a história da modalidade: Eddy Merckx. Por isso mesmo, o Tour vai até à "casa" do Canibal e os dois primeiros dias serão passados em Bruxelas, na Bélgica. Os sprinters terão a oportunidade de disputar a camisola amarela no dia 6 de Julho, com o pelotão a passar por Sint Pieters Woluwe, local onde Merckx deu as primeiras pedaladas.
Logo na segunda etapa surge o contra-relógio por equipas. É um circuito urbano que traz sempre dificuldades, mas atenção aos falsos planos. Froome e Dumoulin gostariam de mais contra-relógio, mas podem ainda assim fazer diferenças interessantes para ambos, já que tanto a Sky como a Sunweb são fortes neste aspecto.
Um salto para a sexta etapa. La Planche des Belles Filles está novamente no percurso para fazer estragos, com duas diferenças. Será a derradeira subida no primeiro dia de verdadeira montanha, com a organização a fazer ainda o pelotão ascender um pouco mais do que é habitual, o que significará um quilómetro final em terra batida, com pendentes a ultrapassarem os 20%!
Haverá muita média montanha para enfrentar, mas é para os Pirenéus que rapidamente se irá estar a olhar após uma primeira semana, que é mais semana e meia sem parar de pedalar. Segundo a organização, serão 10 dias consecutivos de corrida, até à primeira folga. O primeiro teste nos Pirenéus é na 12ª etapa, numa etapa muito longa, de 202 quilómetros, com duas subidas categorizadas - Peyresourde e Horquette d'Ancizan - mas sem chegada em alto.
Segue-se o contra-relógio com muitos altos e baixos, antes do pelotão atacar o mítico Tourmalet, via Super Barèges. 19,4 quilómetros de extensão a 7,4% de pendente média. Etapa curta (117 quilómetros) - o Tour vai-se rendendo cada vez mais a este tipo de tiradas que têm sido mais típicas da Vuelta -, com uma subida ao Col du Soulor antes do Tourmalet. No dia seguinte, continuar-se-á nos Pirenéus, com os Alpes a serem, desta feita, o palco de todas as decisões na última semana da corrida.
Na 18ª etapa, 207 quilómetros, temos um dia no qual poderá faltar o ar a muito bom ciclista: Col de Vars (2109 metros de altitude), Col d'Izoard (2360) e o Col du Galibier (2642). Poderá ser vista como a etapa rainha, com a chegada a não ser em alto. Essas aparecem nas duas tiradas seguintes. Primeiro em Tignes, a 2113 metros de altitude, mas antes os corredores passarão pelo Col de l’Iseran, a 2770 metros. E para terminar a montanha no Tour, a chegada a Val Thorens será a 2365 metros. Depois é "só" chegar a Paris, no dia 28 de Julho.
Director do Tour quer tirar uma tecnologia que Froome tanto gosta
O domínio da Sky pode já não ser o mesmo de quando Bradley Wiggins ganhou o Tour, ou quando Chris Froome tomou a liderança da equipa. Porém, a Sky continua a ganhar e nem "precisou" de Froome este ano. Venceu a Volta a França com Geraint Thomas. Seis vitórias em sete anos, com três ciclistas diferentes. Na teoria, ciclistas como os colombianos, mais habituados a uma grande altitude, poderão adaptar-se melhor a algumas etapas da edição 106ª, mas na prática a Sky fará o trabalho de casa para garantir ter o seu líder - Froome ou Geraint Thomas (não ficou nada claro como será) - esteja mais do que preparado para enfrentar tudo e todos. E na equipa até está um colombiano que poderá ser bem importante: Egan Bernal.
Depois de em 2018 o número ciclistas ter sido reduzido, oito em vez de nove por equipas nas grandes voltas, Christian Prudhomme, director do Tour que muito lutou por esta medida, vira-se agora para os potenciómetros. "Os potenciómetros são muito úteis nos treinos, mas quando os ciclistas os utilizam nas corridas, significa que sabem exactamente que tipo de esforço precisam de fazer, durante quanto tempo e a este ou àquele nível. Mas se o corredor não tiver a certeza que ainda tem força suficiente, isso mudaria as coisas", disse o responsável.
Mais uma ideia que é vista como uma forma de tentar acabar com o domínio da Sky, pois é bem conhecido como Froome pedala sempre atento às informações do potenciómetros, algo que também já se vê em Bernal, por exemplo. Há uns anos a guerra foi com os rádios, mas Prudhomme considera que os potenciómetros é que fazem mais diferença, passando a decisão para a UCI, mas deixando a ideia.
Reduzir as equipas para oito ciclistas não teve influência a nível competitivo, "só" a nível de emprego, pois vários corredores e mesmo membros do staff ficaram sem trabalho. Tirar os potenciómetros não teria este efeito tão radical, mas a resposta para acabar com o domínio da Sky não se resume a este tipo de tecnologia. A equipa tem capacidade para contratar os melhores ciclistas, trabalha ao mais ínfimo pormenor cada corrida, pelo que terão de ser as outras formações a tentarem alcançar a nível idêntico ou a encontrar tácticas que possam derrubar a Sky. E certo é que cada vez ciclistas acreditam que é possível quebrar o domínio britânico. Na estrada e não com medidas "extras".
Segue-se o contra-relógio com muitos altos e baixos, antes do pelotão atacar o mítico Tourmalet, via Super Barèges. 19,4 quilómetros de extensão a 7,4% de pendente média. Etapa curta (117 quilómetros) - o Tour vai-se rendendo cada vez mais a este tipo de tiradas que têm sido mais típicas da Vuelta -, com uma subida ao Col du Soulor antes do Tourmalet. No dia seguinte, continuar-se-á nos Pirenéus, com os Alpes a serem, desta feita, o palco de todas as decisões na última semana da corrida.
Na 18ª etapa, 207 quilómetros, temos um dia no qual poderá faltar o ar a muito bom ciclista: Col de Vars (2109 metros de altitude), Col d'Izoard (2360) e o Col du Galibier (2642). Poderá ser vista como a etapa rainha, com a chegada a não ser em alto. Essas aparecem nas duas tiradas seguintes. Primeiro em Tignes, a 2113 metros de altitude, mas antes os corredores passarão pelo Col de l’Iseran, a 2770 metros. E para terminar a montanha no Tour, a chegada a Val Thorens será a 2365 metros. Depois é "só" chegar a Paris, no dia 28 de Julho.
Director do Tour quer tirar uma tecnologia que Froome tanto gosta
O domínio da Sky pode já não ser o mesmo de quando Bradley Wiggins ganhou o Tour, ou quando Chris Froome tomou a liderança da equipa. Porém, a Sky continua a ganhar e nem "precisou" de Froome este ano. Venceu a Volta a França com Geraint Thomas. Seis vitórias em sete anos, com três ciclistas diferentes. Na teoria, ciclistas como os colombianos, mais habituados a uma grande altitude, poderão adaptar-se melhor a algumas etapas da edição 106ª, mas na prática a Sky fará o trabalho de casa para garantir ter o seu líder - Froome ou Geraint Thomas (não ficou nada claro como será) - esteja mais do que preparado para enfrentar tudo e todos. E na equipa até está um colombiano que poderá ser bem importante: Egan Bernal.
Depois de em 2018 o número ciclistas ter sido reduzido, oito em vez de nove por equipas nas grandes voltas, Christian Prudhomme, director do Tour que muito lutou por esta medida, vira-se agora para os potenciómetros. "Os potenciómetros são muito úteis nos treinos, mas quando os ciclistas os utilizam nas corridas, significa que sabem exactamente que tipo de esforço precisam de fazer, durante quanto tempo e a este ou àquele nível. Mas se o corredor não tiver a certeza que ainda tem força suficiente, isso mudaria as coisas", disse o responsável.
Mais uma ideia que é vista como uma forma de tentar acabar com o domínio da Sky, pois é bem conhecido como Froome pedala sempre atento às informações do potenciómetros, algo que também já se vê em Bernal, por exemplo. Há uns anos a guerra foi com os rádios, mas Prudhomme considera que os potenciómetros é que fazem mais diferença, passando a decisão para a UCI, mas deixando a ideia.
Reduzir as equipas para oito ciclistas não teve influência a nível competitivo, "só" a nível de emprego, pois vários corredores e mesmo membros do staff ficaram sem trabalho. Tirar os potenciómetros não teria este efeito tão radical, mas a resposta para acabar com o domínio da Sky não se resume a este tipo de tecnologia. A equipa tem capacidade para contratar os melhores ciclistas, trabalha ao mais ínfimo pormenor cada corrida, pelo que terão de ser as outras formações a tentarem alcançar a nível idêntico ou a encontrar tácticas que possam derrubar a Sky. E certo é que cada vez ciclistas acreditam que é possível quebrar o domínio britânico. Na estrada e não com medidas "extras".
Percurso:
Etapa 1 (6 de Julho): Bruxelas-Bruxelas, 192 quilómetros
Etapa 2: Bruxelas Palácio Real - Bruxelas Atomium, 27 quilómetros (contra-relógio por equipas)
Etapa 3: Binche - Épernay, 214 quilómetros
Etapa 4: Reims - Nancy, 215 quilómetros
Etapa 5: Saint-dié-des-Vosges - Colmar, 169 quilómetros
Etapa 6: Mulhouse - La Planche des Belles Filles, 157 quilómetros
Etapa 7: Belfort - Chalon-sur-Saône, 230 quilómetros
Etapa 8: Mâcon - Saint-Étienne, 199 quilómetros
Etapa 9: Saint-Étienne - Brioude, 170 quilómetros
Etapa 10, Saint-Flour - Albi, 218 quilómetros
Dia de descanso, 16 de Julho
Etapa 11: Albi - Toulouse, 167 quilómetros
Etapa 12: Toulouse - Bagnères-de-Bigorre, 202 quilómetros
Etapa 13: Pau - Pau, 27 quilómetros (contra-relógio individual)
Etapa 14: Tarbes - Tourmalet, 117 quilómetros
Etapa 15: Limoux - Foix, 185 quilómetros
Dia de descanso, 22 de Julho
Etapa 16: Nîmes - Nîmes, 177 quilómetros
Etapa 17: Point du Gard - Gap, 206 quilómetros
Etapa 18: Embrun - Valloire, 207 quilómetros
Etapa 19: Saint-Jean-de-Maurienne - Tignes, 131 quilómetros
Etapa 20: Albertville - Val Thorens, 131 quilómetros
Etapa 21 (28 de Julho): Rambouillet - Paris, Campos Elísios, 127 quilómetros
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