17 de outubro de 2018

Tiago Machado regressa a Portugal e quer quebrar hegemonia do agora rival

Chegou a ser dado como possível reforço da W52-FC Porto, sendo que as portas da Rádio Popular-Boavista estariam sempre abertas para receber um filho da casa. Porém, foi mesmo para o rival da equipa que tem dominado o pelotão nacional nos últimos anos que Tiago Machado assinou. Depois de nove anos no estrangeiro, oito dos quais no World Tour, o combativo ciclista assinou pelo Sporting-Tavira e aponta baterias a uma vitória na Volta a Portugal.

"Vamos tentar quebrar quebrar a hegemonia de um rival na Volta a Portugal", afirmou o ciclista na apresentação, no Estádio de Alvalade. Há um ano, a renovação de contrato com a Katusha-Alpecin foi de apenas de uma temporada, pelo que não foi uma surpresa que Machado esteja de regresso a casa em 2019. Porém, não é por não ser um corredor de alto rendimento que não ficou na equipa de José Azevedo, pois a última Volta a Espanha foi a prova de como Machado continua a ser um ciclista importante, tendo sido dos mais activos da equipa, que ficou muito cedo sem Ilnur Zakarin na luta pela geral. Entrou em fugas e muito tentou uma vitória que, encerrado este ciclo do World Tour, acabou por nunca chegar numa das principais corridas da modalidade.

No entanto, tem no currículo excelentes resultados, como a vitória na Volta à Eslovénia em 2014, um segundo lugar no Giro del Trentino (actual Volta aos Alpes) em 2011 atrás de Michele Scarponi, tendo ainda um terceiro lugar no Tour Down Under em 2012 - Simon Gerrans foi o vencedor, com Alejandro Valverde a ser segundo - e também dois terceiros postos no Critérium International em 2010 e 2014.

"Apresentaram-me uma proposta com pés e cabeça, um projecto ambicioso", salientou Machado à Sporting TV, acrescentando que uma das razões do regresso a Portugal foi para estar mais perto da família, além de acreditar que, aos 32 anos (faz 33 esta quinta-feira), continua a ter "capacidade física para disputar os lugares cimeiros da Volta a Portugal". "O Sporting-Tavira acreditou no meu potencial e vamos para a estrada todos unidos a ver se conseguimos quebrar a hegemonia [da W52-FC Porto, vencedora de seis Voltas consecutivas]", afirmou.

Como profissional, Tiago Machado começou por evoluir na então Carvalhelhos-Boavista, tendo em 2010 dado o salto para o escalão máximo do ciclismo com a RadioSchack, equipa que nesse ano também contratou Sérgio Paulinho, que estava então na Astana. Na temporada seguinte, juntaram-se mais dois portugueses: Nelson Oliveira e Manuel Cardoso.

Em 2014, procurou maior liberdade e assinou pela NetApp-Endura, equipa alemã do segundo escalão (Profissional Continental) - actual Bora-Hansgrohe - e realizou uma das melhores épocas da sua carreira. Esteve na luta por vitórias, conquistou a Volta a Eslovénia, estreou-se na Volta a França e chamou novamente a atenção do World Tour. No ano seguinte estava na Katusha, mas acabou por estar sempre mais preso a um papel de trabalho para os líderes, sendo dos mais consistentes sempre que chamado.

"O Tiago é um dos melhores ciclistas portugueses da actualidade e de uma geração que, talvez, seja a melhor de sempre até agora. Se se trata de um dos melhores, qualidade traz de certeza absoluta", realçou Vidal Fitas. O director desportivo do Sporting-Tavira - que perdeu Joni Brandão, ciclista que vai regressar à Efapel - coloca Machado entre os cinco melhores ciclistas portugueses de sempre: "Tem potencialidades que possivelmente ninguém tem em Portugal. É um acréscimo de qualidade bastante grande, que nos permite sonhar cada vez mais."

Depois de dez grandes voltas (dois Giros, três Tours e cinco Vueltas), Machado terá agora a Volta a Portugal como o grande objectivo de uma temporada. "A expectativa é grande", referiu Marco Chagas, que assumiu há umas semanas a função de consultor para o ciclismo no Sporting. "Falamos de um dos corredores de maior referência em Portugal. Terá um papel muito importante no Sporting-Tavira", disse. Para Marco Chagas, este é um dos ciclistas portugueses capaz "de discutir qualquer corrida, incluindo a Volta a Portugal", salientando o seu "espírito combativo" e a "forma aguerrida de correr, por vezes excessivamente aguerrida".

O consultor leonino acrescenta de imediato que Machado soube gerir a sua carreira, o que faz com que "regresse a Portugal com a consciência da responsabilidade, da importância que tem para o ciclismo português, mas em particular para a equipa que pretende tirar o máximo do Tiago". Chagas acredita que os futuros companheiros de Machado e a equipa técnica irão contribuir para que o ciclista seja "de novo o grande corredor que sempre foi".

Tiago Machado ganhou este ano a Prova de Abertura Região de Aveiro como uma daquelas exibições tão típicas dele. Um ataque de longe que ninguém conseguiu anular. Em Belmonte, nos Nacionais, foi terceiro no contra-relógio e quarto na corrida de fundo. Uma das principais conquistas na carreira foi me 2008, quando venceu o Troféu Joaquim Agostinho.



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