16 de outubro de 2018

Fisioterapeuta recomendou a ciclista da Katusha-Alpecin a andar de bicicleta para ajudar na recuperação

(Fotografia: Twitter Katusha-Alpecin)
Foram longos meses de incerteza, com intervenções cirúrgicas, uma penosa recuperação e a dúvida se conseguiria regressar ao mais alto nível no ciclismo. Marco Haller é um homem feliz na Volta a Guangxi. Está na China para retomar uma carreira que esteve em risco depois de um condutor não respeitar um sinal de stop, com Haller a embater com violência no automóvel. O resultado foi uma fractura no fémur e um joelho desfeito, nas palavras do próprio. A recuperação? O fisioterapeuta recomendou-lhe andar de bicicleta para ajudar.

Este talvez tenha sido um dos poucos momentos destes últimos meses que fizeram Haller sorrir. "Eu disse-lhe que ia tentar [o ciclismo]", contou o austríaco, de 27 anos. O ciclismo fez bem à saúde de Haller, mas até conseguir andar de bicicleta, o corredor da Katusha-Alpecin viveu um inferno. "Foi uma fractura exposta [no joelho]. Com 36 pontos pode imaginar o tamanho do ferimento. Depois, a cartilagem estava de fora, ou parte dela", explicou ao Cycling News.

Haller recordou como nos primeiros dois meses após o acidente não podia fazer quase nada, sendo obrigado a passar grande parte do tempo deitado de costas. "Depois de duas semanas e meia tive de ser operado pela segunda vez", disse, admitindo que foi "traumático" para ele e para a família. "Tinha uma bactéria na ferida, por isso, foi mais um mês de antibióticos que dá completamente cabo do corpo."

Se a questão física foi complicada, psicologicamente Haller também enfrentou uma batalha, agravada pela situação do amigo que estava com ele aquando do atropelamento, o compatriota Bernhard Eisel. O ciclista da Dimension Data conseguiu evitar o carro, mas poucos dias depois de Haller estar no hospital, Eisel também foi para a mesa de operações. O corredor de 37 anos queixou-se de dores de cabeça e foi aconselhado a fazer novos exames, pois temeu-se que poderia haver algum problema de uma queda sofrida no Tirreno-Adriático. Um hematoma subdural obrigou-o a ser operado e a uma paragem de quase quatro meses. Bem menor do que a de Haller, cuja última corrida foi o Paris-Roubaix, a 8 de Abril.

"Sou muito próximo do Bernie e a situação não tornou as coisas mais fáceis porque pensávamos o que teria acontecido se tivesse sido ele a bater no carro, com um hematoma como aquele na cabeça. Quando acordei da cirurgia, estava a trocar mensagens com ele e ele disse: 'Olha, estou no hospital.' Foi como um filme de terror. Foram momentos de loucos. Vi o Bernie com dois miúdos em casa e fez-me repensar tudo. Pensas mesmo se tudo vale a pena", desabafou.

Marco Haller está na Katusha-Alpecin desde 2012 e vai continuar em 2019. Esta época tinha como função ser um dos homens do comboio de Marcel Kittel. Não deixando de ser uma baixa importante, não foi a razão para o fraco rendimento do sprinter esta temporada (apenas duas vitórias). Porém, e já com o pensamento de no próximo ano estar ao melhor nível para ajudar a equipa, Haller acredita que Kittel também vai reaparecer em grande. "O Marcel já teve um mau ano há umas temporadas, por isso, vejo apenas como má sorte e algumas más circunstâncias por não ter resultado este ano. Mas não vejo razões para ele não regressar às vitórias no próximo. Eu digo sempr, aos directores, aos patrocinadores, aos media, que quem menos quer perder são os próprios ciclistas." 

A Volta a Guangxi, na China - termina no domingo -, acaba por ser uma espécie de arranque para a pré-temporada para Haller, pois esta é a última corrida World Tour de 2018 e a maioria dos ciclistas já começa a pensar no que aí vem em 2019.


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