20 de outubro de 2018

Sky prepara o futuro com uma base sul-americana

(Fotografia: Twitter Quick-Step Floors)
O contrato de cinco anos oferecido na renovação de Egan Bernal foi apenas o início de uma clara preparação para o futuro da Sky. A aposta na América do Sul continua. Se a situação de Iván Sosa continua por definir, a equipa britânica foi agora buscar um equatoriano e nem o contrato que tinha com a Quick-Step Floors dissuadiu uma estrutura que tem dinheiro para ter quem quer, quando quer.

Jhonatan Narvaez é um trepador por excelência, ciclista para corridas por etapas. Ou seja, bem à imagem da Sky. A Quick-Step Floors foi buscá-lo à Hagens Berman Axeon e esta época fez um calendário com o objectivo de adaptar-se ao mais alto nível, afinal só tem 21 anos. Destaca-se o quinto lugar na Volta à Valónia, não tendo inscrito o nome na lista de 72 vitórias - um recorde da equipa belga -, mas esteve em dois triunfos colectivos. O director desportivo Patrick Lefevere não costuma falhar na captação de talentos, mas perante a indefinição sobre a chegada de um novo patrocinador principal, perdeu poder de negociação para segurar este.

A entrada da Deceuninck trouxe algumas garantias financeiras, mas Lefevere não fechou a porta a eventual saídas de ciclistas com contrato em 2019. Fernando Gaviria está no topo da lista, mas foi Narvaez aquele que acabou por quebrar contrato. Este tipo de transferências, normalmente implicam um pagamento por parte da equipa que vai ficar com o ciclista, tal como aconteceu com Egan Bernal quando foi contratado à Androni-Sidermec-Bottecchia (terá custado à Sky cerca de 350 mil euros).

"Narvaez torna-se no primeiro equatoriano a assinar pela Sky e faz parte da nova geração de de jovens sul-americanos a florescer na equipa", lê-se no comunicado da equipa. São neste momento três, pois além de Narvaez e Bernal, a Sky renovou com o colombiano Sebastián Henao (25 anos). O primo Sergio (30) vai para a UAE Team Emirates.

Falta então saber se Sosa, outro colombiano, se irá juntar a este trio sul-americano, depois de ter sido avançado que tinha chegado a acordo com a Trek-Segafredo, mas não terá assinado um contrato e a Sky terá intrometido-se. O director da Androni Giocattoli-Sidermec, Gianni Savio já admitiu publicamente que iria devolver o dinheiro que recebeu da equipa americana, dizendo que Sosa deveria estar a caminho da Sky. Também este colombiano tinha (e tem) mais um ano de contrato com a actual equipa.

Depois de ter nascido para ganhar o Tour e levar os ciclistas britânicos ao lugar mais alto do pódio nessa grande volta, a Sky vai-se rendendo aos talentos sul-americanos. Bradley Wiggins tornou-se no primeiro britânico a ganhar a Volta a França e uma grande volta. Seguiram-se Chris Froome e Geraint Thomas, com estes dois a serem ainda a aposta do presente. Com Bernal já se pensa em levar o primeiro colombiano a ganhar o Tour, já que Nairo Quintana (Movistar) não consegue em tempos recentes andar sequer lá perto.

Narvaez segue as pisadas de Richard Carapaz na afirmação do ciclismo equatoriano. O ciclista da Movistar venceu este ano uma etapa no Giro, tendo sido recebido como um herói no seu país.

Mas Narvaez não é o único jovem a ser uma das novas caras da Sky em 2019. A equipa contratou Filippo Ganna, italiano de 22 anos, especialista de contra-relógio e já campeão da Europa e do Mundo de perseguição individual, na pista, tendo batido Ivo Oliveira. Estava na UAE Team Emirates, para onde vão os gémeos portugueses, mas, em final de contrato, escolheu a Sky para continuar a carreira. Ao contrário de Narvaez que assinou por dois anos, Ganna só tem contrato para 2019.

A própria equipa salienta a forte presença de parceiros italianos, como a Castelli (vestuário) e Pinarello (bicicletas), por exemplo, pelo que é sempre importante ter um contingente interessantes de ciclistas daquele país, com Gianni Moscon à cabeça. Diego Rosa e o jovem Leonardo Basso completam o quarteto para já definido de italianos para 2019.

A juntar a Bernal, Narvaez e Ganna, a Sky tem um Pavel Sivakov (21 anos) que pode não ter "pegado" como Bernal, mas é um dos grandes talentos jovens do ciclismo. Com o fim antecipado da Aqua Blue Sport, a equipa contratou de imediato, em Setembro, Eddie Dunbar, irlandês de 22 anos. E há ainda o norueguês Kristoffer Halvorsen (22). Esta juventude irá continuar a evoluir com a experiência valiosa de Froome, Thomas, Vasil Kiryienka, Wout Poels...

Falta ainda saber o futuro de Tao Geoghegan Hart. O britânico de 23 anos é uma das revelações de 2018 e parece ter tudo para fazer parte de um bloco de apoio a Bernal e, talvez, ter também ele um papel de líder no futuro. Porém, ainda renovou.

Espanhol estreia-se no World Tour aos 31 anos

Edu Prades foi uma das figuras de uma Euskadi-Murias que teve um primeiro ano como Profissional Continental para recordar. Prades venceu a Volta à Noruega e Volta à Turquia , esta última da categoria principal, e não demorou muito à Movistar a anunciar que ia contratar o ciclista de 31 anos por uma temporada. Será a sua estreia no escalão principal, depois de já ter passado por Portugal, tendo em 2013 e 2014 representado a então OFM-Quinta da Lixa. Conquistou o Troféu Joaquim Agostinho. Prades junta-se a Carlos Verona (Mitchelton-Scott), Jurgen Roelandts (BMC) e Luis Mas (Caja Rural) nos reforços da Movistar para 2019.

As equipas vão ultimando os plantéis para a próxima época e nas recentes transferências destaque-se o regresso de Edward Theuns à Trek-Segafredo. O belga, de 27 anos, admitiu que não se adaptou à forma de trabalhar da Sunweb e terminou o contrato por mútuo acordo, regressando à equipa americana. A outra formação dos EUA, a EF Education First-Drapac p/b Cannondale assegurou um dos jovens talentos daquele país, Sean Bennett. Tem 22 anos, é um especialista de corridas por etapas e é mais um que a Hagens Berman Axeon de Axel Merckx coloca no World Tour.

Em Portugal irá assistir-se ao regresso de Tiago Machado ao pelotão nacional, nove anos depois, com o Sporting-Tavira a contratar o ainda ciclista da Katusha-Alpecin para liderar a equipa, numa altura em que irá perder Joni Brandão, que está de regresso à Efapel, que vê Daniel Mestre mudar-se para a W52-FC Porto.

Entre os portugueses, uma das grandes incógnitas continua a ser o futuro de Rui Costa, que está em final de contrato com a UAE Team Emirates. Ricardo Vilela deverá deixar a colombiana Manzana Postobón para rumar à espanhola Burgos-BH. Domingos Gonçalves também irá regressar a Espanha, mas à Caja Rural.


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