Patrick Lefevere é um homem resignado e desiludido com uma realidade que não consegue combater. Apesar de ter encontrado um patrocinador que lhe deu garantias financeiras - a empresa de fabrico de janelas Deceuninck - o director desportivo não conseguiu segurar uma das suas grandes estrelas de agora e com potencial para ser um dos melhores sprinters do mundo durante muitas temporadas. O dinheiro terá falado demasiado alto para Fernando Gaviria resistir à tentação de deixar a equipa que o trouxe para o World Tour e ajudou a fazer dele o fortíssimo sprinter que é com apenas 24 anos. O colombiano vai quebrar contrato com a formação belga para assinar pela UAE Team Emirates.
Quando tomou conta da estrutura da Lampre-Merida, a UAE Team Emirates tinha um dos orçamentos mais baixos do World Tour, mas em poucos meses o panorama mudou, com a chegada de mais investimento de outros patrocinadores de grande poderio financeiro, como a companhia aérea Fly Emirates, por exemplo. Agora o dinheiro não é um problema e está a permitir seduzir cada vez mais nomes fortes do pelotão internacional. Depois de Daniel Martin, Fabio Aru e Alexander Kristoff - contratados para a temporada de 2018 -, Fernando Gaviria irá tornar-se na grande contratação da equipa árabe para 2019, com a diferença que o colombiano não era um ciclista em final de contrato.
"A sua partida dói", desabafa Patrick Lefevere. "A realidade económica ensina-te que não deves reagir de uma maneira emocional, mas de uma forma sóbria", afirmou o director desportivo da Quick-Step Floors ao site holandês WielerFlits. Com a Quick-Step a não querer continuar como patrocinador principal, Lefevere teve de procurar uma solução para assegurar que a equipa conseguiria manter uma estabilidade financeira que permitisse ter grandes ciclistas. Não estava fácil encontrar uma solução e além de não conseguir segurar alguns corredores em final de contrato, o responsável permitiu que ciclistas como Fernando Gaviria ouvissem outras propostas, mesmo tendo contrato para 2019.
O futuro da Quick-Step Floors não esteve em causa para a próxima temporada, mas se não aparecesse um patrocinador, o orçamento iria ser reduzido, pelo que seria necessário deixar sair alguns dos atletas com maior peso financeiro, além da possibilidade de receber uma compensação caso uma equipa contrate um ciclista ainda com contrato, com tem acontecido. "Eu tinha o pior cenário na minha cabeça. Por isso, permiti que o seu empresário falasse com outras equipas discretamente. Porém, logo se ouviram quantidades [de dinheiro] que não podia oferecer. Quando um ciclista ouve esses números, o símbolos do dinheiro começa a brilhar nos seus olhos e você sabe que chegou ao fim [a continuidade na equipa]", disse Lefevere.
A UAE Team Emirates confirmou já durante esta noite a contratação, depois de Lefevere tê-lo feito ao Cycling News, justificando que não queria manter ninguém na equipa "contra a sua [do ciclista] vontade", explicando novamente como permitiu que alguns ciclistas ouvissem propostas, mesmo tendo contrato para 2019.
A chegada da Deceuninck parecia que era a resposta para segurar estes ciclistas com contrato para 2019, depois de Lefevere não ter capacidade negocial para renovar com Niki Terpstra (vencedor de um Paris-Roubaix e Volta a Flandres), Laurens De Plus e Max Schachmann. Porém, a realidade está a ser bem diferente. Apesar do reforço financeiro, não foi possível lutar contra o poderio de uma Sky e UAE Team Emirates. Há poucos dias foi anunciada a saída de um jovem talento equatoriano, para as corridas por etapas, Jhonatan Nárvaez, para a Sky, ele que também tinha vínculo por mais uma época. Agora deverá então ser Gaviria a deixar a equipa para a UAE Team Emirates de Rui Costa e que será também dos gémeos Oliveira em 2019.
Com esta saída, cresce a curiosidade como irá Lefevere substituir Gaviria. Apostará na prata da casa, ou irá contratar alguém? Quando Marcel Kittel quis sair no final da temporada passada, para não ter de discutir com Gaviria o lugar de sprinter no Tour, o director belga foi buscar Elia Viviani (29 anos) à Sky. O italiano gerou alguma desconfiança, mas na Quick-Step Floors "desatou" a vencer como nunca. As 18 vitórias fizerem dele o ciclista mais ganhador de 2018. Gaviria tem metade, tendo como ponto alto as duas etapas do Tour e a camisola amarela que envergou na primeira etapa, naquela que foi a sua estreia nesta grande volta. A época do colombiano acabou algo marcada por quedas, estando neste momento a recuperar de uma clavícula partida na Volta à Turquia.
As únicas contratações até ao momento são do prodígio júnior belga Remco Evenepoel (18 anos), que ganhou em 2018 quase todas as corridas em que participou (incluindo os títulos europeus e mundiais de contra-relógio e estrada, no seu escalão) e do dinamarquês Mikkel Frolich Honoré (21), que está na equipa do seu país Waoo, do escalão Continental. É um sprinter.
Esta temporada a equipa revelou mais dois talentos de 22 anos: o colombiano Álvaro Hodeg somou cinco vitórias e o holandês Fabio Jakobsen sete. Na próxima época poder-se-ão abrir as portas de corridas bem mais importantes para os dois jovens.
Sprinter que sai da equipa belga tem passado por dificuldades
Sair da Quick-Step Floors tem significado para vários ciclistas deixar de ter um rendimento tão triunfante como tinham na equipa belga. Não se vai fazer um prenúncio catastrófico para Gaviria, mas os exemplos recentes não são animadores para um sprinter que deixe a estrutura de Lefevere. Inevitavelmente Marcel Kittel surge à cabeça, até por ser o mais recente. Em 2016 somou 12 vitórias e no ano seguinte 14, incluindo cinco etapas no Tour. Saiu para a Katusha-Alpecin e ganhou duas vezes.
Também no final da temporada passada Matteo Trentin optou por sair, para procurar mais espaço. Em seis anos de Quick-Step Floors somou 17 triunfos, sete dos quais em 2017, com destaque para as quatro etapas na Vuelta. Não é um sprinter puro como Kittel ou Gaviria, mas sabe bem como se faz. Este ano somou dois triunfos na Mitchelton-Scott, sendo o actual campeão europeu de estrada.
Temos depois Mark Cavendish. Nos três anos na equipa belga somou 44 vitórias: 19 em 2013, 11 em 2014 e 14 em 2015. Mudou-se para a Dimension Data e começou bem: 10 vitórias, com quatro etapas no Tour. Nos dois anos seguintes, um triunfo em cada, em temporadas marcadas por quedas e o diagnóstico de uma mononucleose.
No rescaldo da temporada mais vitoriosa da história da equipa de Lefevere (73), o responsável terá de repensar mais uma vez o plantel com a saída de uma estrela. Nada de novo para este muito experiente director, que em 2015 não hesitou em trazer o jovem colombiano para a equipa depois de o ver bater Mark Cavendish em duas etapas no Tour de San Luis, na Argentina. Gaviria estagiou, ficou e rapidamente se tornou num líder. Mas a sua carreira na Quick-Step Floors será bem mais curta do que o esperado.
NOTA: A UAE Team Emirates confirmou entretanto a contratação e o texto foi alterado com essa informação.
»»Patrocinador encontrado. Quick-Step já tem novo nome para 2019 e dinheiro para segurar os ciclistas««
»»Rui Costa com futuro finalmente definido««
»»Sky prepara o futuro com uma base sul-americana««
"A sua partida dói", desabafa Patrick Lefevere. "A realidade económica ensina-te que não deves reagir de uma maneira emocional, mas de uma forma sóbria", afirmou o director desportivo da Quick-Step Floors ao site holandês WielerFlits. Com a Quick-Step a não querer continuar como patrocinador principal, Lefevere teve de procurar uma solução para assegurar que a equipa conseguiria manter uma estabilidade financeira que permitisse ter grandes ciclistas. Não estava fácil encontrar uma solução e além de não conseguir segurar alguns corredores em final de contrato, o responsável permitiu que ciclistas como Fernando Gaviria ouvissem outras propostas, mesmo tendo contrato para 2019.
O futuro da Quick-Step Floors não esteve em causa para a próxima temporada, mas se não aparecesse um patrocinador, o orçamento iria ser reduzido, pelo que seria necessário deixar sair alguns dos atletas com maior peso financeiro, além da possibilidade de receber uma compensação caso uma equipa contrate um ciclista ainda com contrato, com tem acontecido. "Eu tinha o pior cenário na minha cabeça. Por isso, permiti que o seu empresário falasse com outras equipas discretamente. Porém, logo se ouviram quantidades [de dinheiro] que não podia oferecer. Quando um ciclista ouve esses números, o símbolos do dinheiro começa a brilhar nos seus olhos e você sabe que chegou ao fim [a continuidade na equipa]", disse Lefevere.
A UAE Team Emirates confirmou já durante esta noite a contratação, depois de Lefevere tê-lo feito ao Cycling News, justificando que não queria manter ninguém na equipa "contra a sua [do ciclista] vontade", explicando novamente como permitiu que alguns ciclistas ouvissem propostas, mesmo tendo contrato para 2019.
A chegada da Deceuninck parecia que era a resposta para segurar estes ciclistas com contrato para 2019, depois de Lefevere não ter capacidade negocial para renovar com Niki Terpstra (vencedor de um Paris-Roubaix e Volta a Flandres), Laurens De Plus e Max Schachmann. Porém, a realidade está a ser bem diferente. Apesar do reforço financeiro, não foi possível lutar contra o poderio de uma Sky e UAE Team Emirates. Há poucos dias foi anunciada a saída de um jovem talento equatoriano, para as corridas por etapas, Jhonatan Nárvaez, para a Sky, ele que também tinha vínculo por mais uma época. Agora deverá então ser Gaviria a deixar a equipa para a UAE Team Emirates de Rui Costa e que será também dos gémeos Oliveira em 2019.
Com esta saída, cresce a curiosidade como irá Lefevere substituir Gaviria. Apostará na prata da casa, ou irá contratar alguém? Quando Marcel Kittel quis sair no final da temporada passada, para não ter de discutir com Gaviria o lugar de sprinter no Tour, o director belga foi buscar Elia Viviani (29 anos) à Sky. O italiano gerou alguma desconfiança, mas na Quick-Step Floors "desatou" a vencer como nunca. As 18 vitórias fizerem dele o ciclista mais ganhador de 2018. Gaviria tem metade, tendo como ponto alto as duas etapas do Tour e a camisola amarela que envergou na primeira etapa, naquela que foi a sua estreia nesta grande volta. A época do colombiano acabou algo marcada por quedas, estando neste momento a recuperar de uma clavícula partida na Volta à Turquia.
As únicas contratações até ao momento são do prodígio júnior belga Remco Evenepoel (18 anos), que ganhou em 2018 quase todas as corridas em que participou (incluindo os títulos europeus e mundiais de contra-relógio e estrada, no seu escalão) e do dinamarquês Mikkel Frolich Honoré (21), que está na equipa do seu país Waoo, do escalão Continental. É um sprinter.
Esta temporada a equipa revelou mais dois talentos de 22 anos: o colombiano Álvaro Hodeg somou cinco vitórias e o holandês Fabio Jakobsen sete. Na próxima época poder-se-ão abrir as portas de corridas bem mais importantes para os dois jovens.
Sprinter que sai da equipa belga tem passado por dificuldades
Sair da Quick-Step Floors tem significado para vários ciclistas deixar de ter um rendimento tão triunfante como tinham na equipa belga. Não se vai fazer um prenúncio catastrófico para Gaviria, mas os exemplos recentes não são animadores para um sprinter que deixe a estrutura de Lefevere. Inevitavelmente Marcel Kittel surge à cabeça, até por ser o mais recente. Em 2016 somou 12 vitórias e no ano seguinte 14, incluindo cinco etapas no Tour. Saiu para a Katusha-Alpecin e ganhou duas vezes.
Também no final da temporada passada Matteo Trentin optou por sair, para procurar mais espaço. Em seis anos de Quick-Step Floors somou 17 triunfos, sete dos quais em 2017, com destaque para as quatro etapas na Vuelta. Não é um sprinter puro como Kittel ou Gaviria, mas sabe bem como se faz. Este ano somou dois triunfos na Mitchelton-Scott, sendo o actual campeão europeu de estrada.
Temos depois Mark Cavendish. Nos três anos na equipa belga somou 44 vitórias: 19 em 2013, 11 em 2014 e 14 em 2015. Mudou-se para a Dimension Data e começou bem: 10 vitórias, com quatro etapas no Tour. Nos dois anos seguintes, um triunfo em cada, em temporadas marcadas por quedas e o diagnóstico de uma mononucleose.
No rescaldo da temporada mais vitoriosa da história da equipa de Lefevere (73), o responsável terá de repensar mais uma vez o plantel com a saída de uma estrela. Nada de novo para este muito experiente director, que em 2015 não hesitou em trazer o jovem colombiano para a equipa depois de o ver bater Mark Cavendish em duas etapas no Tour de San Luis, na Argentina. Gaviria estagiou, ficou e rapidamente se tornou num líder. Mas a sua carreira na Quick-Step Floors será bem mais curta do que o esperado.
NOTA: A UAE Team Emirates confirmou entretanto a contratação e o texto foi alterado com essa informação.
»»Patrocinador encontrado. Quick-Step já tem novo nome para 2019 e dinheiro para segurar os ciclistas««
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