(Fotografia: Facebook Il Lombardia) |
Aos 28 anos, Pinot chegou a uma fase na carreira que terá de assumir o papel que lhe é atribuído desde que subiu ao pódio do Tour em 2014, quando dois anos tinha tinha vencido uma etapa. O jovem promissor Pinot é agora um Pinot maduro, que ultrapassou as assustadoras limitações no contra-relógio e a descer (que pesadelo era sempre que o terreno inclinava para baixo) e que já venceu no Giro, Tour e Vuelta e passa a partir deste domingo, 13 de Outubro de 2018, a ter também ele um monumento no seu currículo.
Depois de duas Voltas a França em que parecia que Pinot estava com dificuldades em lidar com a responsabilidade e principalmente a pressão mediática em seu redor - ainda que em 2015 tenha ganho no Alpe d'Huez -, a Groupama-FDJ, levou Pinot ao Giro em 2017. Foi um ciclista diferente, confiante, que libertou o potencial que lhe era reconhecido para lutar pela geral. Foi quarto e venceu uma etapa. Porém, a confirmação deste Pinot só chegaria este ano. Ainda foi ao Tour na época passada, mas rapidamente se percebeu que não tinha capacidade para lutar nem pelo top dez. Os fantasmas de sempre regressaram e o desgaste do Giro não ajudou.
Com mais uma semana de descanso entre a Volta a Itália e França em 2018, a Groupama-FDJ colocou Pinot novamente em Itália. Na preparação foi à Volta aos Alpes onde venceu e convenceu. Era o momento de confirmação. Ou talvez ainda não. Foi subindo de forma na Volta a Itália e parecia que o pódio estava ali à distância de duas etapas. Na derradeira de montanha, juntou-se à lista de ciclistas no Giro que, de repente, "rebentaram". Adeus ao pódio e nem partiu na tirada de consagração de Roma.
O diagnóstico foi uma pneumonia. Seguiram-se semanas de recuperação e o Tour foi excluído do seu calendário. E ainda bem. A confirmação chegou finalmente na Vuelta. Não esteve na luta pela geral, mas ganhou peremptoriamente duas etapas e terminou na sexta posição. Grande Pinot. É este o ciclista que os franceses querem ver. É este o ciclista que a Groupama-FDJ acredita poder estar na luta pelo Tour.
Thibaut Pinot não abrandou nem um bocadinho depois da Vuelta. Motivado e talvez finalmente confiante das suas capacidades ganhadoras, foi top dez nos Mundiais (nono) e apareceu nas clássicas de final de temporada em Itália com fome de ganhar mais e mais. Na Milano-Torino demonstrou que era melhor terem cuidado com ele para a Lombardia, o último monumento do ano. Ajudou o momento caricato em que o companheiro, David Gaudu, saiu da frente de Pinot, terminado o seu trabalho, e, sem querer, provocou a queda de Miguel Ángel López (Astana), que seria segundo. Antes tinha sido segundo na Tre Valli Varesine, perdendo ao sprint para Toms Skujins (Trek-Segafredo).
Um pormenor que não colocou em causa a justiça da vitória, porque Pinot estava forte. Na Lombardia leu muito bem a corrida, quando a 50 quilómetros do fim dos 241 entre Bergamo e Como, Primoz Roglic (Lotto-Jumbo) atacou. Juntamente com Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) e Egan Bernal (Sky), os quatro foram atrás da glória. Roglic cedeu, Bernal também e na derradeira subida, Pinot - que impressionante forma - atacou uma, duas, três, Nibali respondia como podia. Ao mostrar um fraqueza ao olhar para baixo, Nibali determinou o seu destino. Pinot atacou e só para que não restem dúvidas que o medo das descidas faz parte do passado, até aumentou a diferença durante a descida até à meta. E há que não esquecer que Nibali é um dos maiores especialistas a descer. Foram 32 segundos a separá-los na meta.
Que Pinot aproveite este momento de ouro que está a viver, pois em 2019, já sabia que o Tour seria a sua prioridade e agora é altura de assumir todas as responsabilidades e, principalmente, ser o Pinot do Giro, da Vuelta e desta fantástica Lombardia.
Assim se encerraram os cinco monumentos. Todos de grandes espectáculo, marcados por ataques longínquos, com a excepção da Liège-Bastogne-Liège. O ataque de Bob Jungels foi relativamente perto da meta. Nibali (Milano-Sanremo), Niki Terpstra (Volta a Flandres), Peter Sagan (Paris-Roubaix) e agora Pinot na Lombardia. Assim ficaram as cinco grandes clássicas do ciclismo em 2018.
Falta apenas uma viagem à China para fechar o calendário World Tour. A Volta a Guangxi realiza-se entre 16 e 21 de Outubro, com a Volta à Turquia a conhecer o seu vencedor neste domingo. Aos poucos a época vai terminando e há que pensar em 2019. Para Pinot, por um lado, não poderia ser mais simples: tudo pelo Tour. Só falta a parte complicada de lidar novamente com toda a pressão, mas será um ciclista que talvez seja desta que tenha a maturidade e principalmente a confiança para colocar nas estradas francesas todo o seu potencial.
Rui Costa longe da frente
O belga Dylan Teuns (BMC), que está a caminho da Bahrain-Merida, fechou o pódio no sprint de um grupo de seis ciclistas. Ainda não foi desta que um campeão do mundo voltou a vencer a Lombardia, com Alejandro Valverde (Movistar) a terminar na 11ª posição, a 1:31 de Pinot. Paolo Bettini (2006) foi o último a conseguir o feito.
Quanto aos portugueses, Rui Costa não conseguiu estar na luta para repetir o resultado de 2014, quando foi terceiro, numa corrida ganha pelo seu actual companheiro Daniel Martin. O irlandês foi o melhor do trio da UAE Team Emirates, com Fabio Aru a fechar o ano com mais uma exibição para esquecer. Martin foi nono a 48 segundos. Rui Costa ficou para trás quando Roglic atacou aos 50 quilómetros. Terminou na 38ª posição, a 7:02 minutos. Aru foi 54º a 8:40.
Nelson Oliveira trabalhou para Valverde, cortando a meta no grupo de Rui Costa, na 42ª posição.
Para o ano, os cinco monumento serão nas seguintes datas: Milano-Sanremo a 23 de Março, Volta a Flandres a 7 de Abril, Paris-Roubaix a 14 de Abril, Liège-Bastogne-Liège a 28 de Abril e a Lombardia a 12 de Outubro.
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