(Fotografia: © Direct Energie) |
Foram 19 anos de profissionalismo, até ao último minuto. Chavanel não escolheu sair após uma grande corrida. Fez uma certa despedida no Tour, mas desde logo avisou que iria cumprir com as suas funções na Direct Energie até ao final da temporada. Disse adeus com um quinto lugar no Crono das Nações, a 14 de Outubro. Um adeus não. Um até já. O ciclismo fá-lo feliz, pelo que Chavanel ambiciona regressar como o director de uma equipa francesa.
"Depois de 19 temporadas, não tenho o direito de deixar por completo. Estou à procura de uma boa posição económica. Há que encontrar as pessoas certas e um bom patrocinador, interessado em investir", disse à France 3, depois de finalizar a sua derradeira competição.
Chavanel não terminou a carreira com sentimentos de saudosismo e muito menos de arrependimentos. Numa entrevista à Rouleur Garantiu que não há nada que alterasse no seu passado: "Sempre fiz o que queria fazer." Para o francês, o importante é manter sempre o prazer no ciclismo, durante o máximo de tempo possível, "porque pode tornar-se numa rotina, o mesmo trabalho todos os anos".
"A nova geração tem os treinadores pessoais e um trabalho muito específico. Eu tenho uma visão diferente do ciclismo: é mais como se fosse um jogo, é sobre divertir-me. Não sou um ciclista que compete pela classificação geral na Volta a França. Para mim, o prazer está em 'rebentar' com o pelotão", salientou. E quantas vezes o tentou fazer, anda nesta derradeira edição do Tour. Alcançou três vitórias de etapas na carreira na mais mítica das grandes voltas e chegou a andar de amarelo, mas são muitos mais os momentos no Tour que fizeram dele um herói local e um dos preferidos dos adeptos franceses, mesmo que não fosse um candidato a terminar com o longo jejum de triunfos na geral por parte de um ciclista da casa.
Foi um corredor dado ao espectáculo, um eterno animador, extremamente competitivo e nunca desmotivado por uma eventual falta de resultados. "Uma mentalidade forte é importante", disse, em forma de conselho aos ciclistas mais jovens. "Mantém a cabeça erguida, mesmo que hajam momentos difíceis. É normal no desporto: um dia não estás tão bem, no dia seguinte irás voar. Há coisas piores na vida do que uma má corrida", realçou. Referiu ainda como é importante competir olhando para os números que hoje em dia são analisados até à exaustão, mas alerta que, para manter o tal lado divertido do ciclismo, é preciso também correr através das sensações.
Foram 45 vitórias numa longa carreira, com destaque para os seis títulos nacionais de contra-relógio, o que faz da forma de despedida algo de perfeito sentido. Venceu três etapas no Paris-Nice e conquistou a geral dos 4 Dias de Dunquerque em 2002 e 2004, entre os seus muitos sucessos. O seu último triunfo foi precisamente numa etapa desta corrida, em 2017.
Chavanel disse querer manter a "chama a arder", recordando que nunca procurou o protagonismo e o mediatismo, que estes surgiram de uma forma natural: "Ser uma estrela chegou assim, de forma rápida, nos meus primeiros anos. De repente estava em frente das câmaras. Eu tinha um estilo, um rosto, uma classe na bicicleta."
Fez 18 Voltas a França, com o seu melhor resultado na geral a chegar em 2009, com um 18.º lugar. Alberto Contador venceu essa edição. Participou ainda em quatro Vueltas e a 16ª foi a melhor posição, em 2007, numa altura em que ainda se pensou que Chavanel poderia vir a ser um ciclista de geral. Em 2015 foi ao Giro para fechar a participação nas três grandes e nesse ano completou-as todas. Terminou na 35ª posição, tendo na luta por etapas, alcançado um segundo e um terceiro lugar.
Quando se afastou a ideia que seria um voltista para a geral, apostou-se que seria um homens de clássicas. Esteve em 44 monumentos e aquela Volta a Flandres de 2011 será difícil de esquecer, pois a vitória que ficou para o belga Nick Nuyens, esteve tão perto de ficar para Chavanel. Em 2013, foi na Milano-Sanremo que voltou a ver ser possível o triunfo. Numa edição marcada por muita chuva e frio, Chavanel esteve no sprint que daria a vitória da carreira a Gerald Ciolek. O francês acabaria em quarto, com Peter Sagan e Fabian Cancellara a subirem ao pódio.
Nunca se especializou apenas numa vertente. Tanto se viu atacar em corridas de um dia, como por etapas, em tiradas planas ou em dias com mais montanha. Quanto a equipas, Chavanel representou a Bonjour, Brioche la Boulangère, Cofidis, QuickStep, IAM e a Direct Energie nas últimas três temporadas da sua carreira.
Os anos passaram, mas Chavanel foi sempre igual a si próprio. Sempre à procura de uma vitória que poderia ter muito de improvável, mas que fez dele um daqueles ciclistas que sempre obrigou o pelotão a estar muito atento. Um ano depois de Thomas Voeckler sair de cena, o último grande nome de uma geração francesa vai agora pedalar por outros caminhos, longe da ribalta.
Entre outros ciclistas que terminam a carreira este ano, temos mais um francês: Jéremy Roy (35 anos, Groupama-FDJ). O luxemburguês Laurent Didier (34) optou por se afastar depois de não conseguir renovar com a Trek-Segafredo, segundo o ciclista, devido à redução de plantel. O suíço Gregory Rast (38) é outro corredor da equipa americana que se vai retirar. O polaco Przemyslaw Niemiec (38, UAE Team Emirates), o esloveno Borut Bozic (38, Bahrain-Merida), o croata Robert Kiserlovski (32, Katusha-Alpecin) e o holandês Bram Tankink (39) também terminam longas carreiras ao mais alto nível.
Entre ciclistas mais jovens, o eslovaco Michael Kolar (Bora-Hansgrohe) decidiu colocar um ponto final no ciclismo com apenas 25 anos, logo a seguir aos Campeonatos Nacionais. Temos ainda um nome bem português, mas de nacionalidade francesa. O luso-descendente Armindo Fonseca não vai continuar a competir em 2019 devido a um diagnóstico de artrite reumatóide. Tem 29 anos e estava na equipa da Fortuneo-Samsic, do escalão Profissional Continental.
Já o surpreendente vencedor do Paris-Roubaix de 2016, Mathew Hayman (Mitchelton-Scott), vai fazer mais uma pré-época, ainda que com um sentimento bem diferente. Este australiano, de 40 anos, quer despedir-se em casa, no Tour Down Under, em Janeiro.
»»O Gladiador quer estar no Paris-Roubaix 20 anos depois de o ter ganho««
»»Rui Costa com futuro finalmente definido««
»»Tiago Machado regressa a Portugal e quer quebrar hegemonia do agora rival««
"A nova geração tem os treinadores pessoais e um trabalho muito específico. Eu tenho uma visão diferente do ciclismo: é mais como se fosse um jogo, é sobre divertir-me. Não sou um ciclista que compete pela classificação geral na Volta a França. Para mim, o prazer está em 'rebentar' com o pelotão", salientou. E quantas vezes o tentou fazer, anda nesta derradeira edição do Tour. Alcançou três vitórias de etapas na carreira na mais mítica das grandes voltas e chegou a andar de amarelo, mas são muitos mais os momentos no Tour que fizeram dele um herói local e um dos preferidos dos adeptos franceses, mesmo que não fosse um candidato a terminar com o longo jejum de triunfos na geral por parte de um ciclista da casa.
Foi um corredor dado ao espectáculo, um eterno animador, extremamente competitivo e nunca desmotivado por uma eventual falta de resultados. "Uma mentalidade forte é importante", disse, em forma de conselho aos ciclistas mais jovens. "Mantém a cabeça erguida, mesmo que hajam momentos difíceis. É normal no desporto: um dia não estás tão bem, no dia seguinte irás voar. Há coisas piores na vida do que uma má corrida", realçou. Referiu ainda como é importante competir olhando para os números que hoje em dia são analisados até à exaustão, mas alerta que, para manter o tal lado divertido do ciclismo, é preciso também correr através das sensações.
Foram 45 vitórias numa longa carreira, com destaque para os seis títulos nacionais de contra-relógio, o que faz da forma de despedida algo de perfeito sentido. Venceu três etapas no Paris-Nice e conquistou a geral dos 4 Dias de Dunquerque em 2002 e 2004, entre os seus muitos sucessos. O seu último triunfo foi precisamente numa etapa desta corrida, em 2017.
Chavanel disse querer manter a "chama a arder", recordando que nunca procurou o protagonismo e o mediatismo, que estes surgiram de uma forma natural: "Ser uma estrela chegou assim, de forma rápida, nos meus primeiros anos. De repente estava em frente das câmaras. Eu tinha um estilo, um rosto, uma classe na bicicleta."
Fez 18 Voltas a França, com o seu melhor resultado na geral a chegar em 2009, com um 18.º lugar. Alberto Contador venceu essa edição. Participou ainda em quatro Vueltas e a 16ª foi a melhor posição, em 2007, numa altura em que ainda se pensou que Chavanel poderia vir a ser um ciclista de geral. Em 2015 foi ao Giro para fechar a participação nas três grandes e nesse ano completou-as todas. Terminou na 35ª posição, tendo na luta por etapas, alcançado um segundo e um terceiro lugar.
Quando se afastou a ideia que seria um voltista para a geral, apostou-se que seria um homens de clássicas. Esteve em 44 monumentos e aquela Volta a Flandres de 2011 será difícil de esquecer, pois a vitória que ficou para o belga Nick Nuyens, esteve tão perto de ficar para Chavanel. Em 2013, foi na Milano-Sanremo que voltou a ver ser possível o triunfo. Numa edição marcada por muita chuva e frio, Chavanel esteve no sprint que daria a vitória da carreira a Gerald Ciolek. O francês acabaria em quarto, com Peter Sagan e Fabian Cancellara a subirem ao pódio.
Nunca se especializou apenas numa vertente. Tanto se viu atacar em corridas de um dia, como por etapas, em tiradas planas ou em dias com mais montanha. Quanto a equipas, Chavanel representou a Bonjour, Brioche la Boulangère, Cofidis, QuickStep, IAM e a Direct Energie nas últimas três temporadas da sua carreira.
Os anos passaram, mas Chavanel foi sempre igual a si próprio. Sempre à procura de uma vitória que poderia ter muito de improvável, mas que fez dele um daqueles ciclistas que sempre obrigou o pelotão a estar muito atento. Um ano depois de Thomas Voeckler sair de cena, o último grande nome de uma geração francesa vai agora pedalar por outros caminhos, longe da ribalta.
Entre outros ciclistas que terminam a carreira este ano, temos mais um francês: Jéremy Roy (35 anos, Groupama-FDJ). O luxemburguês Laurent Didier (34) optou por se afastar depois de não conseguir renovar com a Trek-Segafredo, segundo o ciclista, devido à redução de plantel. O suíço Gregory Rast (38) é outro corredor da equipa americana que se vai retirar. O polaco Przemyslaw Niemiec (38, UAE Team Emirates), o esloveno Borut Bozic (38, Bahrain-Merida), o croata Robert Kiserlovski (32, Katusha-Alpecin) e o holandês Bram Tankink (39) também terminam longas carreiras ao mais alto nível.
Entre ciclistas mais jovens, o eslovaco Michael Kolar (Bora-Hansgrohe) decidiu colocar um ponto final no ciclismo com apenas 25 anos, logo a seguir aos Campeonatos Nacionais. Temos ainda um nome bem português, mas de nacionalidade francesa. O luso-descendente Armindo Fonseca não vai continuar a competir em 2019 devido a um diagnóstico de artrite reumatóide. Tem 29 anos e estava na equipa da Fortuneo-Samsic, do escalão Profissional Continental.
Já o surpreendente vencedor do Paris-Roubaix de 2016, Mathew Hayman (Mitchelton-Scott), vai fazer mais uma pré-época, ainda que com um sentimento bem diferente. Este australiano, de 40 anos, quer despedir-se em casa, no Tour Down Under, em Janeiro.
»»O Gladiador quer estar no Paris-Roubaix 20 anos depois de o ter ganho««
»»Rui Costa com futuro finalmente definido««
»»Tiago Machado regressa a Portugal e quer quebrar hegemonia do agora rival««
Sem comentários:
Enviar um comentário