21 de outubro de 2018

Campenaerts quer bater recorde da hora de Bradley Wiggins

Desde que Bradley Wiggins estabeleceu a marca da hora em 54.526 quilómetros que o interesse neste recorde esmoreceu, depois de num curto espaço de tempo vários ciclistas de renome terem tentado e alguns conseguido estabelecer novas distâncias. Porém, o registo do britânico está a provar ser de muito respeito e das poucas tentativas que se seguiram, ninguém sequer se aproximou. Alex Dowsett é um eterno candidato a tentar recuperar o estatuto que foi dele durante pouco mais de um mês, mas já lá vão três anos e o britânico não concretizou as suas pretensões de fazer nova tentativa. Agora aparece um nome, esse sim, parece estar mesmo determinado em ir atrás do recorde de Wiggins: Victor Campenaerts.

O bicampeão europeu de contra-relógio surpreendeu um pouco com o terceiro lugar nos Mundiais. Perante um percurso com tantas dificuldades, Campenaerts, 26 anos, fez quase o contra-relógio da sua vida, só batido por provavelmente o maior especialista da actualidade, Rohan Dennis, e o campeão do mundo de 2017, Tom Dumoulin.

O belga da Lotto Soudal não está só a falar em tentar bater o recorde da hora, já começou a fazer alguns testes. "Pedalei a uma média de 54,8 quilómetros por hora e nas últimas quatro voltas cheguei aos 60 quilómetros por hora para ver o que sobrava de energia", explicou Campenaerts ao Het Nieuwsblad. Pormenor importante: este teste teve a duração de meia hora. "Sei que 30 minutos a este ritmo é muito diferente de 60 e muito terá de ser feito para de facto bater o recorde da hora", disse.

O objectivo foi mesmo testar-se, tendo escolhido o velódromo de Grenchen, na Suíça. "Antes deste teste havia duas possibilidades. Se o resultado fosse uma desilusão, então o projecto seria adiado até depois dos Jogos [Olímpicos] de Tóquio2020. Porém, obtive respostas positivas e podemos planear juntamente com a equipa para atacar o recorde da hora", referiu.

2019 poderá então ser o ano em que Victor Campenaerts entra em acção para mostrar que o marca de Bradley Wiggins não é imbatível. "Eu acho que o recorde da hora está dentro das minhas capacidades porque o Wiggins não teve a temperatura e as condições de pressão atmosférica ideais na sua tentativa", explicou o belga.

Wiggins estabeleceu o recorde a 7 de Junho de 2015, no Velo Park, em Londres. Ainda não se sabe qual será o velódromo escolhido por Campenaerts, sendo que o de Grenchen, onde realizou os testes, foi já palco de duas tentativas de sucesso: de Jens Voigt e Rohan Dennis. As duas mais recentes tentativas realizaram-se no México, no velódromo de Aguascalientes. O dinamarquês Martin Toft Madsen fez 53.630 (a 26 de Julho), enquanto o  holandês Dion Beukeboom ficou muito desiludido. Depois de quase um ano de trabalho fez "apenas" 52.757 (a 22 de Agosto). Uma das razões apontadas para ficar tão longe da marca foi precisamente que as condições atmosféricas não foram as ideais.

Entre 2014, quando Jens Voigt resolveu terminar a carreira reavivando um recorde da hora praticamente esquecido no ciclismo (fez 51.110, estabelecendo então a nova marca), e 2015 foram várias as tentativas, com Matthias Brandle, Rohan Dennis e Alex Dowsett a inscreverem o seu nome na lista. Dowsett fez 52.937 quilómetros, distância pulverizada pouco depois por Wiggins. Desde então que o interesse esmoreceu um pouco entre as principais figuras do contra-relógio mundial, apesar das tentativas terem prosseguido com ciclistas menos mediáticos.

O treinador de Dowsett, Steve Collins, sempre considerou que a tentativa de Wiggins foi ilegal pois o ciclista teve direito a um extensor de titânio feito através da tecnologia 3D, para assentar na perfeição nos braços do ciclista. Como destacou Collins, as mais recentes regras determinam que a bicicleta tem de ser igual a qualquer outra que se possa comprar, sem especificações dedicadas a determinado corredor. Além disso, Collins acusou a federação britânica de ajudar Wiggins, quando tal também não é permitido.

Mas o recorde de Wiggins está em vigor. Enquanto Dowsett desde que perdeu o posto de recordista da hora tem dito que quer tentar novamente, Campenaerts parece ser o senhor que se segue. No entanto, são outros os nomes que se vai falando nos bastidores que se gostaria de ver tentar bater Wiggins. Mas para já, não são mais do que isso, conversas de bastidores. Tony Martin e Tom Dumoulin são dois ciclistas que encabeçam a lista, a par de Rohan Dennis. O australiano fez 52.481 quilómetros a 8 de Fevereiro de 2015, tendo depois sido batido depois por Dowsett e Wiggins. Contudo, Dennis, que já era então um dos grandes especialistas do contra-relógio, está agora ainda mais forte na especialidade, pelo que talvez volte a sentir a tentação de recuperar algo que foi dele por um curto espaço de tempo.

Há outro nome que não se pode excluir. Chama-se Mikkel Bjerg, é dinamarquês, tem apenas 19 anos e soma dois títulos mundiais de contra-relógio em sub-23. Depois de ganhar o seu segundo, resolveu tentar bater o recorde da hora do seu país e conseguiu. Fez 53.730 e, sem estar a pensar nisso, acabou por se tornar no ciclista que mais perto ficou de Wiggins. Está na Hagens Berman Axeon e talvez seja boa ideia colocar na sua lista de "coisas a fazer na carreira" tentar bater o recorde da hora.

Aqui fica a evolução do recorde da hora desde que Voigt recuperou o interesse por este desafio, já com as novas regras:
Bradley Wiggins (GB), 54.526 quilómetros - Londres (Inglaterra), 7 de Junho de 2015
Alex Dowsett (GB), 52.937 - Manchester (Inglaterra), 2 de Maio de 2015
Rohan Dennis (Aus), 52.491, Grenchen (Suíça), 8 de Fevereiro de 2015
Matthias Brändle (Aut), 51.852 - Aigle (Suíça), 30 de Outubro de 2014
Jens Voigt (Ale) 51.115 - Grenchen (Suíça), 18 de Setembro de 2014

Duas tentativas da mesma ciclista em 48 horas

Nas senhoras, depois de mais de um ano com Evelyn Stevens como recordista da hora, com 47.980 quilómetros, a italiana Vittoria Bussi tentou em Outubro de 2017 bater a marca. Falhou (47.576), mas não desistiu. Tentou novamente em Setembro deste ano. Escolheu Aguascalientes, no México, e no dia 12 já tinha cumprido 44 minutos quando resolveu baixar o ritmo e não forçar mais, ao aperceber-se que não seria possível bater a marca de Stevens.

As condições meteorológicas não eram as indicadas, mas no dia seguinte as previsões apontavam que seriam bem melhores. Bussi regressou ao velódromo para fazer 48.007. É a primeira mulher a ultrapassar a barreira dos 48 quilómetros.

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