Portanto, toca a reunir uns tostões e a criar uma equipa de ciclismo, contratando corredores que estão actualmente em formações do World Tour. Este seria um plantel mais a pensar em provas por etapas, tendo em conta os ciclistas que até ao momento em que se escreve este texto estão sem contrato confirmado para a próxima temporada. Aqui ficam as sugestões.
Que tal ter um campeão do mundo e ainda mais português para começar? Sim, Rui Costa continua no mercado. A época já se adivinhava difícil com a UAE Team Emirates a contratar dois líderes, Daniel Martin e Fabio Aru. Porém, a lesão no joelho contraída no Paris-Nice limitou-o grande parte do ano, tendo reaparecido muito forte nos Mundiais de Innsbruck, ficando em 10º, depois de não ter participado em qualquer grande volta, algo inédito na sua carreira desde que chegou ao mais alto nível. Porém, aos 32 anos, é um ciclista que pode ser um caça-etapas nas grandes competições e, claro, colocá-lo em certas clássicas, como nas Ardenas, poderá ser uma boa aposta. Não é um líder para três semanas, mas Rui Costa ainda tem muito a mostrar no ciclismo, sem que tenha de ser novamente gregário.
Dos ciclistas ainda sem contrato, seria difícil ter um que se apontasse logo como líder para uma grande volta. Talvez fosse preciso esperar para ver em algumas corridas quem estaria nas melhores condições de assumir a luta pelo menos por um top 10. Mas pisca-se o olho a um colombiano.
Daniel Martínez é mais um de uma geração que ameaça ser talvez a melhor que o país teve. Tem 22 anos, está na EF Education First-Drapac p/b Cannondale, depois de dois anos na Wilier Triestina-Selle Italia. A época de estreia foi bastante positiva, marcada, contudo, por uma agressão de um condutor durante um treino, em Março. Martínez chegou a perder a consciência e a memória, mas felizmente recuperou e demonstrou que pode não ter tido a entrada fulgurante de Egan Bernal (Sky) no World Tour, mas tem muito valor.
Foi terceiro na Volta à Califórnia e sexto na Catalunha. Esteve na Volta a França, apresentando-se a bom nível nas etapas de montanha, para quem ia como gregário de Rigoberto Urán (que abandonou muito cedo). Ciclista muito interessante este Martínez.
Joe Dombrowski. Está difícil ao americano afirmar-se de vez. Apresenta-se bem sempre que corre em casa, mas tem ficado um pouco aquém quando está na principais corridas na Europa, aparecendo aqui e ali, sem a consistência que tem de apresentar a este nível. No entanto, tem 27 anos e ainda é cedo para deixar de acreditar nele. A sua contratação seria mais para trabalhar para a equipa, mas sempre espreitando um bom momento de forma para lutar por alguma vitória. É um bom trepador que está a precisar de um bom resultado para "explodir" finalmente. Está em final de contrato com a EF Education First-Drapac p/b Cannondale.
John Darwin Atapuma. Parece que quando está perto de se afirmar de vez, volta a eclipsar-se. Tanto aparece em grande, como desaparece no pelotão, como acontece este ano na UAE Team Emirates. Faz 31 anos em Janeiro, pelo que algumas portas podem começar a fechar-se, mas é inevitável colocá-lo nesta lista. É um excelente trepador quando está em forma, já esteve perto de ganhar em grandes voltas, pelo que pode estar na luta por etapas.
Kenny Elissonde. Quando chegou à Sky no ano passado, o francês parecia estar bem encaminhado para ser um dos homens de confiança de Chris Froome, talvez mesmo o braço direito, já que Geraint Thomas estava a começar a tentar afirmar-se como líder. Não é esse braço direito, mas Elissonde é um ciclista de elevada confiança. Sabe-se bem o que esperar dele, é um ciclista de equipa e um dos últimos a abandonar os líderes. Aos 27 anos ainda tem muito para dar e é um ciclista que fica bem em qualquer formação que queira ter um conjunto forte para as provas por etapas.
Sebastián Henao. Está desde 2014 na Sky, mas o mais novo dos Henaos (o primo vai para a UAE Team Emirates) continua a alternar entre um bom resultado e vários pouco ou nada relevantes. Este ano nem para o Giro foi escolhido, como aconteceu nas temporadas anterior. Não conseguiu evoluir o que se esperava, mas não se pode dizer que, com apenas 25 anos, já não venha a afirmar-se. Em corridas de menor dimensão, Henao mostra-se. Porém, se está na Sky tem de fazer mais. Tem qualidade, sendo um ciclista para a alta montanha. "Só" precisa de estar bem física e mentalmente.
Natnael Berhane. Mais um ciclista de trabalho e uma aposta no ciclismo africano, que vai crescendo de interesse. O eritreu de 27 anos tem tido dificuldades em confirmar as expectativas que criou no início da sua carreira, quando alcançou algumas vitórias, a mais importante na Volta à Turquia, em 2013. É forte na montanha e também pode ser lançado em clássicas com algum sobe e desce. Está em final de contrato na Dimension Data.
Matej Mohoric. Aos 23 anos pode ser um caça-etapas muito bom - já tem uma na Vuelta e outra no Giro -, mas também já vai demonstrando que pode tornar-se num bom voltista, tendo ganho o Binck Bank Tour e a Volta à Alemanha esta temporada. Pertence a uma nação que cada vez mais vai apresentando bons valores no ciclismo: a Eslovénia. Tendo em conta os seus resultados e a regularidade que vai apresentando sempre que tem alguma liberdade para lutar pelos seus próprios resultados, até se esperaria que a Bahrain-Merida já o tivesse segurado. Para já ainda não, pelo que seria uma excelente contratação.
Filippo Ganna. Há que pensar no futuro e este italiano até pode ser de má memória para Portugal ("tirou" um título europeu e mundial de pista a Ivo Oliveira), mas na UAE Team Emirates não está fácil encontrar o espaço para evoluir e afirmar-se na estrada. Forte no contra-relógio, ainda tem que evoluir na montanha - tem 22 anos -, passando bem a média, podendo ainda ser hipótese para algumas clássicas. Este ano fez as do pavé, sem grandes resultados, contudo, seria interessante fê-lo nas Ardenas também.
Rémi Cavagna. Mais um jovem, 23 anos, francês e que este ano não se afirmou como se esperava. Não se pode pensar que iria fazer como Enric Mas, mas Cavagna acabou por ter um ano discreto, apesar de ter ganho a Dwars door West-Vlaanderen. É um ciclista ainda em formação, que não dando certezas, será interessante ver como evolui. O potencial está lá para as provas por etapas e também em clássicas, não fosse ele estar na Quick-Step Floors.
James Shaw. É um nome talvez menos conhecido, mas este jovem britânico, de 22 anos, é um dos que merece alguma atenção. Está na Lotto Soudal, uma equipa muito de clássicas, sprints e caça-etapas. Talvez por isso ainda procure o seu espaço. Apesar de ter ganho em júnior a Kuurne-Brussels-Kuurne e Omloop Het Nieuwsblad, é nas corridas por etapas que pode e rende mais. Um ciclista para o futuro.
Tao Geoghegan Hart. Talvez se possa dizer que se deixa o melhor para o fim, no que diz respeito a voltistas. 23 anos e tanto talento! Este britânico já foi elogiado pelo director da Sky, Dave Brailsford, pelo que será uma surpresa se não renovar. Foi brilhante no apoio a Egan Bernal na Volta à Califórnia, que o colombiano ganhou. Mas as boas exibições de Geoghegan foram constantes durante toda a época, tendo oscilado um pouco na Vuelta. Foi a sua primeira grande volta, pelo que esteve em Espanha para ganhar experiência. Pode ser visto para já como um gregário, mas vai dando indicações que pode vir a ser mais num futuro próximo. É uma autêntica máquina a meter ritmo, faltando saber como será no dia em que lhe derem liberdade.
Salvatore Puccio. Outro homem da Sky que também pode ser chamado para as corridas por etapas, mas é igualmente forte nas clássicas. Tem 29 anos e entrou na equipa britânica como estagiário em 2011. A certa altura ainda pareceu que as corridas de um dia poderiam ser a aposta, mas o italiano revelou ser um ciclista completo. Bom para trabalhar, mas dêem liberdade e vai à procura de resultados e tem alguns de destaque. Falta-lhe a vitória, mas é um corredor de confiança e regular, principalmente no trabalho para a equipa.
Ben Swift. Depois de um ano na Katusha, esteve sete na Sky. Quis mais liberdade e foi para a UAE Team Emirates. A mudança não resultou. Swift é uma sombra do ciclista que foi duas vezes pódio na Milano-Sanremo, somando 13 vitórias na carreira, incluindo no Tour Down Under, Volta à Califórnia e Volta à Polónia. Está de saída da equipa e precisa de um novo impulso na carreira. Tem 30 anos, experiência não lhe falta e pode dar vitórias caso consiga ter uma temporada mais consistente, sem problemas físicos e de saúde. Ciclista para os sprints, mas que defende-se bem em alguma montanha. Até já surpreendeu ao aparecer na frente no Alpe d'Huez, no Critérium du Dauphiné em 2017. Foi segundo, numa subida com uma parte diferente da mítica ascensão.
José Joaquín Rojas. 33 anos e ainda tanto para dar. O espanhol da Movistar é útil nas grandes voltas, nas clássicas e ainda vai ao sprint, se tiver a oportunidade. É um daqueles ciclistas que pode fazer um pouco de tudo e a sua experiência é uma mais valia para qualquer equipa. Será algo estranho se não renovar pela formação espanhola que representou praticamente toda a carreira. Mas se não ficar, não terá problemas em encaixar noutra estrutura.
Luka Mezgec. Seja a lançar os sprints ou a tentar terminá-los, este esloveno de 30 anos é mais um daqueles ciclistas que uma equipa sabe que pode contar sempre com ele para realizar bem o seu trabalho. Com a Mitchelton-Scott a mudar cada vez mais a sua génese para uma equipa para ganhar grandes voltas, Mezgec poderá perder algum espaço, mas continua a ser um ciclista de valor, numa segunda fila de uma equipa.
Matteo Pelucchi. Está um pouco no mesmo plano que Mezgec. Bom sprinter, mas não consegue debater-se constantemente com os grandes nomes da modalidade. Na Bora-Hansgrohe acaba por estar mais entregue à função de ajudar Sam Bennett ou Peter Sagan. Faz 30 anos em Janeiro e é um ciclista regular e de confiança no seu tipo de terreno.
Tony Martin. Nesta lista já se incluíram ciclistas com qualidade, mas que não são garantia de sucesso, casos de Dombrowski, Atapuma ou Cavagna. No entanto, é difícil não considerar Martin como o maior dos riscos. É um dos melhores exemplos de quem saiu da Quick-Step Floors e eclipsou-se quase por completo. Nem no contra-relógio consegue o número de vitórias que alcançou no passado. É um ciclista muito caro, mas a falta de resultados e com 33 anos, vai perdendo algum crédito. Mas é Martin, o quatro vezes campeão do mundo de contra-relógio, vencedor de cinco etapas no Tour e de duas Voltas ao Algarve. Estará a caminho da Lotto-Jumbo, mas o rumor há muito que perdura, sem que haja confirmação. Se conseguir recuperar parte da sua melhor versão, então Martin será novamente uma boa aposta, mas em dois anos na Katusha-Alpecin, pouco ou nada se viu do grande Tony Martin.
Estas são as escolhas de ciclistas que estão no World Tour, como já foi escrito, e fecha-se com mais dois portugueses: Tiago Machado e Nuno Bico. O primeiro até poderá estar de regresso a Portugal e será muito bem-vindo ter um ciclista como Machado por cá a tempo inteiro. Porém, aos 32 anos e recordando, por exemplo, a recente Vuelta, é um corredor que ainda pode ter lugar num escalão superior às Continentais portuguesas, estando em final de contrato com a Katusha-Alpecin. É um incansável trabalhador e ainda mais incansável como lutador. Fala-se da W52-FC Porto, que quer subir a Profissional Continental, mas não é de afastar um regresso à Rádio Popular-Boavista.
Nuno Bico não tem tido vida fácil na Movistar. Perseguido por algum azar, a sua evolução tem sido interrompida por problemas físicos, com algumas quedas aparatosas pelo caminho. Está neste momento a recuperar de uma clavícula partida na Clássica do Quebéque. A alta competição pode ser ingrata para aqueles que, por vezes, demoram um pouco mais a afirmar-se, mas Bico é um ciclista que, aos 24 anos, ainda está por mostrar todo o seu potencial.
Em suma, o plantel seria composto por: Rui Costa, Daniel Martínez, Joe Dombrowski, John Darwin Atapuma, Kenny Elissonde, Sebastián Henao, Natnael Berhane, Matej Mohoric, Rémi Cavagna, James Shaw, Tao Geoghegan Hart, Salvatore Puccio, Ben Swift, José Joaquín Rojas, Luka Mezgec, Matteo Pelucchi, Tony Martin, Tiago Machado e Nuno Bico.
Dos ciclistas ainda sem contrato, seria difícil ter um que se apontasse logo como líder para uma grande volta. Talvez fosse preciso esperar para ver em algumas corridas quem estaria nas melhores condições de assumir a luta pelo menos por um top 10. Mas pisca-se o olho a um colombiano.
Daniel Martínez é mais um de uma geração que ameaça ser talvez a melhor que o país teve. Tem 22 anos, está na EF Education First-Drapac p/b Cannondale, depois de dois anos na Wilier Triestina-Selle Italia. A época de estreia foi bastante positiva, marcada, contudo, por uma agressão de um condutor durante um treino, em Março. Martínez chegou a perder a consciência e a memória, mas felizmente recuperou e demonstrou que pode não ter tido a entrada fulgurante de Egan Bernal (Sky) no World Tour, mas tem muito valor.
Foi terceiro na Volta à Califórnia e sexto na Catalunha. Esteve na Volta a França, apresentando-se a bom nível nas etapas de montanha, para quem ia como gregário de Rigoberto Urán (que abandonou muito cedo). Ciclista muito interessante este Martínez.
Joe Dombrowski. Está difícil ao americano afirmar-se de vez. Apresenta-se bem sempre que corre em casa, mas tem ficado um pouco aquém quando está na principais corridas na Europa, aparecendo aqui e ali, sem a consistência que tem de apresentar a este nível. No entanto, tem 27 anos e ainda é cedo para deixar de acreditar nele. A sua contratação seria mais para trabalhar para a equipa, mas sempre espreitando um bom momento de forma para lutar por alguma vitória. É um bom trepador que está a precisar de um bom resultado para "explodir" finalmente. Está em final de contrato com a EF Education First-Drapac p/b Cannondale.
John Darwin Atapuma. Parece que quando está perto de se afirmar de vez, volta a eclipsar-se. Tanto aparece em grande, como desaparece no pelotão, como acontece este ano na UAE Team Emirates. Faz 31 anos em Janeiro, pelo que algumas portas podem começar a fechar-se, mas é inevitável colocá-lo nesta lista. É um excelente trepador quando está em forma, já esteve perto de ganhar em grandes voltas, pelo que pode estar na luta por etapas.
Kenny Elissonde. Quando chegou à Sky no ano passado, o francês parecia estar bem encaminhado para ser um dos homens de confiança de Chris Froome, talvez mesmo o braço direito, já que Geraint Thomas estava a começar a tentar afirmar-se como líder. Não é esse braço direito, mas Elissonde é um ciclista de elevada confiança. Sabe-se bem o que esperar dele, é um ciclista de equipa e um dos últimos a abandonar os líderes. Aos 27 anos ainda tem muito para dar e é um ciclista que fica bem em qualquer formação que queira ter um conjunto forte para as provas por etapas.
Sebastián Henao. Está desde 2014 na Sky, mas o mais novo dos Henaos (o primo vai para a UAE Team Emirates) continua a alternar entre um bom resultado e vários pouco ou nada relevantes. Este ano nem para o Giro foi escolhido, como aconteceu nas temporadas anterior. Não conseguiu evoluir o que se esperava, mas não se pode dizer que, com apenas 25 anos, já não venha a afirmar-se. Em corridas de menor dimensão, Henao mostra-se. Porém, se está na Sky tem de fazer mais. Tem qualidade, sendo um ciclista para a alta montanha. "Só" precisa de estar bem física e mentalmente.
Natnael Berhane. Mais um ciclista de trabalho e uma aposta no ciclismo africano, que vai crescendo de interesse. O eritreu de 27 anos tem tido dificuldades em confirmar as expectativas que criou no início da sua carreira, quando alcançou algumas vitórias, a mais importante na Volta à Turquia, em 2013. É forte na montanha e também pode ser lançado em clássicas com algum sobe e desce. Está em final de contrato na Dimension Data.
Matej Mohoric. Aos 23 anos pode ser um caça-etapas muito bom - já tem uma na Vuelta e outra no Giro -, mas também já vai demonstrando que pode tornar-se num bom voltista, tendo ganho o Binck Bank Tour e a Volta à Alemanha esta temporada. Pertence a uma nação que cada vez mais vai apresentando bons valores no ciclismo: a Eslovénia. Tendo em conta os seus resultados e a regularidade que vai apresentando sempre que tem alguma liberdade para lutar pelos seus próprios resultados, até se esperaria que a Bahrain-Merida já o tivesse segurado. Para já ainda não, pelo que seria uma excelente contratação.
Filippo Ganna. Há que pensar no futuro e este italiano até pode ser de má memória para Portugal ("tirou" um título europeu e mundial de pista a Ivo Oliveira), mas na UAE Team Emirates não está fácil encontrar o espaço para evoluir e afirmar-se na estrada. Forte no contra-relógio, ainda tem que evoluir na montanha - tem 22 anos -, passando bem a média, podendo ainda ser hipótese para algumas clássicas. Este ano fez as do pavé, sem grandes resultados, contudo, seria interessante fê-lo nas Ardenas também.
Rémi Cavagna. Mais um jovem, 23 anos, francês e que este ano não se afirmou como se esperava. Não se pode pensar que iria fazer como Enric Mas, mas Cavagna acabou por ter um ano discreto, apesar de ter ganho a Dwars door West-Vlaanderen. É um ciclista ainda em formação, que não dando certezas, será interessante ver como evolui. O potencial está lá para as provas por etapas e também em clássicas, não fosse ele estar na Quick-Step Floors.
James Shaw. É um nome talvez menos conhecido, mas este jovem britânico, de 22 anos, é um dos que merece alguma atenção. Está na Lotto Soudal, uma equipa muito de clássicas, sprints e caça-etapas. Talvez por isso ainda procure o seu espaço. Apesar de ter ganho em júnior a Kuurne-Brussels-Kuurne e Omloop Het Nieuwsblad, é nas corridas por etapas que pode e rende mais. Um ciclista para o futuro.
Tao Geoghegan Hart. Talvez se possa dizer que se deixa o melhor para o fim, no que diz respeito a voltistas. 23 anos e tanto talento! Este britânico já foi elogiado pelo director da Sky, Dave Brailsford, pelo que será uma surpresa se não renovar. Foi brilhante no apoio a Egan Bernal na Volta à Califórnia, que o colombiano ganhou. Mas as boas exibições de Geoghegan foram constantes durante toda a época, tendo oscilado um pouco na Vuelta. Foi a sua primeira grande volta, pelo que esteve em Espanha para ganhar experiência. Pode ser visto para já como um gregário, mas vai dando indicações que pode vir a ser mais num futuro próximo. É uma autêntica máquina a meter ritmo, faltando saber como será no dia em que lhe derem liberdade.
Salvatore Puccio. Outro homem da Sky que também pode ser chamado para as corridas por etapas, mas é igualmente forte nas clássicas. Tem 29 anos e entrou na equipa britânica como estagiário em 2011. A certa altura ainda pareceu que as corridas de um dia poderiam ser a aposta, mas o italiano revelou ser um ciclista completo. Bom para trabalhar, mas dêem liberdade e vai à procura de resultados e tem alguns de destaque. Falta-lhe a vitória, mas é um corredor de confiança e regular, principalmente no trabalho para a equipa.
Ben Swift. Depois de um ano na Katusha, esteve sete na Sky. Quis mais liberdade e foi para a UAE Team Emirates. A mudança não resultou. Swift é uma sombra do ciclista que foi duas vezes pódio na Milano-Sanremo, somando 13 vitórias na carreira, incluindo no Tour Down Under, Volta à Califórnia e Volta à Polónia. Está de saída da equipa e precisa de um novo impulso na carreira. Tem 30 anos, experiência não lhe falta e pode dar vitórias caso consiga ter uma temporada mais consistente, sem problemas físicos e de saúde. Ciclista para os sprints, mas que defende-se bem em alguma montanha. Até já surpreendeu ao aparecer na frente no Alpe d'Huez, no Critérium du Dauphiné em 2017. Foi segundo, numa subida com uma parte diferente da mítica ascensão.
José Joaquín Rojas. 33 anos e ainda tanto para dar. O espanhol da Movistar é útil nas grandes voltas, nas clássicas e ainda vai ao sprint, se tiver a oportunidade. É um daqueles ciclistas que pode fazer um pouco de tudo e a sua experiência é uma mais valia para qualquer equipa. Será algo estranho se não renovar pela formação espanhola que representou praticamente toda a carreira. Mas se não ficar, não terá problemas em encaixar noutra estrutura.
Luka Mezgec. Seja a lançar os sprints ou a tentar terminá-los, este esloveno de 30 anos é mais um daqueles ciclistas que uma equipa sabe que pode contar sempre com ele para realizar bem o seu trabalho. Com a Mitchelton-Scott a mudar cada vez mais a sua génese para uma equipa para ganhar grandes voltas, Mezgec poderá perder algum espaço, mas continua a ser um ciclista de valor, numa segunda fila de uma equipa.
Matteo Pelucchi. Está um pouco no mesmo plano que Mezgec. Bom sprinter, mas não consegue debater-se constantemente com os grandes nomes da modalidade. Na Bora-Hansgrohe acaba por estar mais entregue à função de ajudar Sam Bennett ou Peter Sagan. Faz 30 anos em Janeiro e é um ciclista regular e de confiança no seu tipo de terreno.
Tony Martin. Nesta lista já se incluíram ciclistas com qualidade, mas que não são garantia de sucesso, casos de Dombrowski, Atapuma ou Cavagna. No entanto, é difícil não considerar Martin como o maior dos riscos. É um dos melhores exemplos de quem saiu da Quick-Step Floors e eclipsou-se quase por completo. Nem no contra-relógio consegue o número de vitórias que alcançou no passado. É um ciclista muito caro, mas a falta de resultados e com 33 anos, vai perdendo algum crédito. Mas é Martin, o quatro vezes campeão do mundo de contra-relógio, vencedor de cinco etapas no Tour e de duas Voltas ao Algarve. Estará a caminho da Lotto-Jumbo, mas o rumor há muito que perdura, sem que haja confirmação. Se conseguir recuperar parte da sua melhor versão, então Martin será novamente uma boa aposta, mas em dois anos na Katusha-Alpecin, pouco ou nada se viu do grande Tony Martin.
Estas são as escolhas de ciclistas que estão no World Tour, como já foi escrito, e fecha-se com mais dois portugueses: Tiago Machado e Nuno Bico. O primeiro até poderá estar de regresso a Portugal e será muito bem-vindo ter um ciclista como Machado por cá a tempo inteiro. Porém, aos 32 anos e recordando, por exemplo, a recente Vuelta, é um corredor que ainda pode ter lugar num escalão superior às Continentais portuguesas, estando em final de contrato com a Katusha-Alpecin. É um incansável trabalhador e ainda mais incansável como lutador. Fala-se da W52-FC Porto, que quer subir a Profissional Continental, mas não é de afastar um regresso à Rádio Popular-Boavista.
Nuno Bico não tem tido vida fácil na Movistar. Perseguido por algum azar, a sua evolução tem sido interrompida por problemas físicos, com algumas quedas aparatosas pelo caminho. Está neste momento a recuperar de uma clavícula partida na Clássica do Quebéque. A alta competição pode ser ingrata para aqueles que, por vezes, demoram um pouco mais a afirmar-se, mas Bico é um ciclista que, aos 24 anos, ainda está por mostrar todo o seu potencial.
Em suma, o plantel seria composto por: Rui Costa, Daniel Martínez, Joe Dombrowski, John Darwin Atapuma, Kenny Elissonde, Sebastián Henao, Natnael Berhane, Matej Mohoric, Rémi Cavagna, James Shaw, Tao Geoghegan Hart, Salvatore Puccio, Ben Swift, José Joaquín Rojas, Luka Mezgec, Matteo Pelucchi, Tony Martin, Tiago Machado e Nuno Bico.
Eu acrescentaria mais estes nomes (Daniel Moreno, Davide Cimolai, David Lopez, Jhonatan Restrepo, Michael Albasini, Moreno Moser, Peter Stetina, Petr Vakoc, Rafael Valls e Taylor Phinney) com alguns deles a entrarem facilmente no plantel citado.
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