9 de outubro de 2018

Sky estará a preparar-se para "tirar" Iván Sosa à Trek-Segafredo

Sosa chegou a liderar a Volta aos Alpes
(Fotografia: Facebook Volta aos Alpes)
Está a tornar-se na novela de transferências desta temporada. Em Setembro, a Trek-Segafredo anunciou a contratação de mais um jovem talento colombiano. Iván Sosa (Androni Giocattoli-Sidermec) impressionou este ano, principalmente desde a Volta aos Alpes, que chegou a liderar por um dia. Foi depois vencer quatro corridas por etapas, com destaque para a Volta a Burgos (2.HC). Sem surpresa, despertou o interesse das equipas do World Tour, entre elas a Sky, que poderá estar perto de perder aquele que poderia ser a sua futura estrela nas corridas de três semanas.

Apesar de tanto a equipa americana, como o ciclista terem anunciado um acordo, nada terá sido assinado e começa então a novela com a entrada da Sky em cena. A mudança para a Trek-Segafredo foi negociada pelos então agentes do ciclista de 20 anos, Paolo Alberati e Maurizio Fondriest, dois ex-corredores. Entretanto, Sosa mudou de empresário. Giuseppe Acquadro tem uma relação próxima com a Sky, representando, entre outros, Egan Bernal, o colombiano que a equipa inglesa foi buscar também à Androni e que conquistou o World Tour em pouco tempo esta época.

Segundo o Cycling NewsAcquadro informou a Trek-Segafredo no final da semana passada, que Sosa não iria para a equipa em 2019. A Sky pode então ser o possível destino, ainda que a formação britânica nada tenha confirmado. Levantou-se então a questão do dinheiro pago pela Trek-Segafredo à Androni Giocattoli-Sidermec para ficar com o ciclista que ainda tinha contrato com a equipa italiana Profissional Continental até 2019.

Em causa estão 120 mil euros. Gianni Savio, director da equipa, garantiu ao Cycling News que irá devolver o dinheiro. "Pelo que sei o Iván vai para a Sky em 2019. Isso significa que irei devolver o bónus de desenvolvimento que recebi da Trek-Segafredo no Verão e receberei outro da Sky", explicou o responsável italiano. Este "bónus desenvolvimento" é uma espécie de cláusula para libertar o ciclista mais cedo do seu contrato, compensando assim o trabalho que foi realizado no desenvolvimento do corredor, que chegou à estrutura transalpina em 2017. Ao contrário do futebol, por exemplo, quem forma um ciclista nada recebe se este ao, terminar o seu vínculo contratual, decidir ir para outra equipa.

Estando sob contrato, é uma forma de garantir algum encaixe financeiro ao permitir que o ciclista saia mais cedo. Foi o que aconteceu com Egan Bernal. Então, Savio terá recebido qualquer coisa como 350 mil euros da Sky. Sosa também beneficiará financeiramente desta mudança de planos, pois deverá receber um salário mais alto na Sky, do que o oferecido pela Trek-Segafredo. A confirmar-se este volte face na transferência de Sosa, a Sky juntará dois talentos colombianos. Há ainda o rumor que Jhonatan Narváez também poderá reforçar a equipa de Dave Brailsford.

O equatoriano tem contrato com a Quick-Step Floors até 2020, mas a Sky quererá tentar contratá-lo antes, fazendo-se valer de uma possível contenção financeira da equipa belga. No entanto, já apareceu um patrocinador a Deceuninck que oferece novamente estabilidade monetária à formação, pelo que o equatoriano deverá ficar onde está.  A única dúvida neste caso será mesmo Fernando Gaviria que, segundo o director Patrick Lefevere, ainda não está garantindo que cumpra o contrato até 2019, dependendo do que foi ou não assinado com a UAE Team Emirates, numa altura em que o sprinter teve autorização para falar com outras equipas.

Mas regressando aos colombianos e à Sky. Depois de um primeiro ano sensacional, com a conquista da Volta à Califórnia e um Tour de grande nível como gregário de Geraint Thomas e Chris Froome, Bernal não deverá demorar muito a ter uma oportunidade para liderar a equipa numa grande volta. Recentemente renovou contrato até 2023. Sosa irá ter o seu ano de adaptação. Fosse na Sky ou na Trek-Segafredo, a expectativa seria sempre enorme depois do que fez em 2018, mas indo para a equipa britânica, terá de saber lidar com as inevitáveis comparações que irão surgir com Bernal. Não terá também tanto espaço para se destacar tão rapidamente, como poderia acontecer na Trek-Segafredo, que não tem tantos ciclistas com as características de Sosa, como tem a Sky.

E quem ficará a perder e muito é mesmo a Trek-Segafredo. Richie Porte (BMC) foi contratado com o objectivo de dar no imediato uma maior força à equipa nas três semanas. No entanto, a idade tem o seu peso. Porte fará 34 anos em Janeiro e a Trek-Segafredo está a necessitar de sangue novo na equipa. Este ano soma 20 vitórias, mas apenas quatro no World Tour. John Degenkolb ainda não rendeu o que se esperava nas clássicas e sprints, havendo esperança que o triunfo na etapa de Roubaix no Tour possa ser o tónico que o alemão precisa para a próxima época de clássicas.

Nas três semanas, Bauke Mollema é um ciclista de top dez ou de luta por etapas e a grande aposta Alberto Contador apenas ficou uma temporada na equipa. Richie Porte é um excelente ciclista, mas nunca venceu uma etapa numa grande volta, nem tem um pódio. É perseguido por azares, mas se no imediato até poderá dar à Trek-Segafredo uma maior esperança de alcançar algo de importante numa grande volta, Sosa era o futuro que os responsáveis da estrutura americana procuravam. Essa esperança irá agora recair toda em Giulio Ciccone. O italiano de 23 anos da Bardiani-CSF demonstra enorme potencial. Sem Sosa, poderá conquistar mais rapidamente algum protagonismo.

Quanto à Androni Giocattoli-Sidermec, Gianni Savio já se fez valer dos seus conhecimentos na América Latina, principalmente na Colômbia, para garantir mais um potencial ciclista a dar nas vistas. Daniel Muñoz (21 anos) já assinou por três temporadas. Em 2016 esteve na Manzana Postobón e nesta temporada representou a equipa Continental EPM. Savio contratou ainda Miguel Eduardo Flórez, outro colombiano (22), mas já com experiência na Europa, pois está há duas temporadas na Wilier Triestina-Selle Italia.


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