18 de outubro de 2018

O Gladiador quer estar no Paris-Roubaix 20 anos depois de o ter ganho

(Fotografia: Eric Houdas/Collection personnelle/Wikimedia Commons)
Muito se tem falado no ciclismo como a idade já não tem o peso de outros tempos. A culpa é, em grande parte, de um senhor chamado Alejandro Valverde, que aos 38 anos ganha como poucos e até foi campeão do mundo pela primeira vez em 2018. Temos ainda como exemplo recente um Chris Horner que aos 41 anos (quase 42) venceu uma Volta a Espanha (2013). A longevidade com resultados de alto nível é algo que começa a tornar-se mais comum. Mas como será correr um Paris-Roubaix aos 52 anos? Andrea Tafi quer experimentar como forma de celebrar o 20º aniversário do "Inferno do Norte".

Quando se fala de especialistas em clássicas italianos, Tafi é um dos maiores. Chamavam-lhe o Gladiador. Vencedor de três monumentos, é o único daquele país a conseguir triunfos no Paris-Roubaix (1999) e Volta a Flandres (2002), tendo ainda uma Lombardia (1996). Tafi retirou-se em 2005, mas não deixou de pedalar e este ano até participou numa corrida húngara, com classificação 1.2 da UCI, tendo terminado na 37ª posição. Foram 157,6 quilómetros a 48 quilómetros por hora de média. "Senti-me bem e alguém perguntou-me porque não fazia novamente o Roubaix", contou Tafi à Gazzetta dello Sport. Ficou lançado o desafio.

É o primeiro a falar numa "missão impossível", mas está disposto a fazer tudo para a tornar possível. Já contactou a UCI devido ao passaporte biológico e também começou a conversar com algumas equipas sobre a possibilidade de o contratarem apenas para o Paris-Roubaix. Tafi não está a pensar num regresso, apenas em correr o monumento que venceu há 20 anos, representando então a Mapei-Quickstep. Foi a 11 de Abril de 1999, com a prova de 2019 a estar agendada para 14 de Abril. "Tive contactos em Itália e Bélgica, mas não [de equipas] do World Tour. Ainda não há nada de concreto até agora", afirmou.

Entre as equipas Profissionais Continentais convidadas para participar no monumento, as italianas têm ficado de fora, com a escolha a recair mais entre as francesas e belgas. Mesmo sendo apenas por uma corrida, o Paris-Roubaix é uma das mais mediáticas, pelo que foi questionado porque haveria uma equipa contratar um ciclista de 52 anos. "Porque eu tenho a mesma mentalidade e motivação de há 20 anos. Não quero certamente um circo. Quero dedicar-me a 110%. Não tenho medo", salientou Tafi.

Acrescentou que, naturalmente, os mais jovens terão mais ritmo, mas disse que continua a fazer 18 a 19 mil quilómetros todos os anos e pesa entre 79 e 80 quilos. "Sei ao que vou. Espero não fazer um figura ridícula", afirmou, garantindo que está "calmo e sereno". "Deixem-me sonhar", apelou.

Certo é que Tafi conseguiu desde já uma grande atenção mediática e está decidido em treinar para estar no Paris-Roubaix de 2019. Falta saber se conseguirá cumprir os requisitos da UCI e, principalmente, se consegue que uma equipa o receba por um dia. Caso não consiga, assegurou que irá estar sempre presente, mas na prova para amadores.

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