26 de fevereiro de 2017

W52-FC Porto em modo internacional; Sporting-Tavira muito mais forte; Nocentini com ambição renovada; Edgar Pinto com regresso prometedor

Terminou a fase mais internacional do calendário português, digamos assim. A aposta de juntar a Volta ao Alentejo à Volta ao Algarve foi uma ideia proveitosa, com a presença (e vitória) da Movistar a ser um forte contributo para o aumento de prestígio da Alentejana. A partir de agora as equipas portuguesas voltam a ser os principais destaques nas corridas a começar já no próximo domingo na primeira edição da Clássica da Arrábida, uma prova com um potencial enorme para rapidamente se tornar uma referência nas provas de um dia. Apesar de nas últimas duas semanas as atenções se terem centrado principalmente nas figuras estrangeiras que pedalaram pelas estradas a sul do país, a verdade é que já foi possível perceber o que se pode esperar das seis formações de elite lusas. As expectativas criadas antes do arranque da temporada em Aveiro deverão mesmo ser confirmadas: estamos perante um dos melhores pelotões dos últimos anos e haverá espectáculo em 2017.

Naturalmente que o grande destaque vai para Amaro Antunes e para a W52-FC Porto. O ciclista algarvio conquistou uma brilhante vitória no Malhão na Volta ao Algarve, derrotando corredores do World Tour. Resultado que aconteceu pouco depois de também se destacar na Volta à Comunidade Valenciana. É uma aposta no calendário internacional por parte da formação de Nuno Ribeiro. A equipa tem mais competições agendadas para Espanha e não se incomodou por apresentar-se em Aveiro com menos ciclistas, pois quase todos os principais estiveram na corrida espanhola. Não nos podemos esquecer que o director desportivo tem a ambição de subir ao escalão Profissional Continental no próximo ano, pelo que depois de dominar em Portugal, quer mostrar-se bem no estrangeiro. No entanto, não significa que não veremos a melhor W52-FC Porto por cá. Muito pelo contrário. A formação azul e branca quer continuar a demonstrar a sua superioridade em Portugal.

No entanto, terá uma concorrência bem maior. Nas últimas temporadas só a Efapel se tem conseguido aproximar e dar alguma luta. Em 2017 ressurge um Tavira renovado em ciclistas e ambição. No segundo ano de parceria com o Sporting, a preparação e as contratações foram feitas com tempo. Foi a equipa que mais se reforçou, com destaques para Joni Brandão, Fábio Silvestre e Alejandro Marque. O primeiro é considerado o grande candidato para a Volta a Portugal, mas, para já, é também o mais discreto. Alejandro Marque mostrou-se a grande nível na Volta ao Algarve, terminando na 13ª posição. Fábio Silvestre vai ganhando forma, faltando-lhe agora, talvez, uma vitória para que comece a destacar-se nos sprints.

A grande figura é, contudo, Rinaldo Nocentini. O líder surpresa de 2016 parece ter resolvido responder a todos os que insistentemente dizem que está velho (tem 39 anos) e que Joni Brandão é que será o número um, com Alejandro Marque como plano B. O italiano foi nono na Volta ao Algarve, venceu a primeira etapa da Volta ao Alentejo, subindo ao pódio no final, pois ficou a 16 segundos do vencedor, o espanhol da Movistar, Carlos Barbero. Nocentini, que no ano passado venceu o Troféu Joaquim Agostinho, mas desiludiu na Volta a Portugal, aparece mais ambicioso e gerou curiosidade para ver o que poderá fazer na restante temporada. Uma coisa é certa, o Sporting-Tavira está mais forte e será uma equipa com capacidade para discutir qualquer corrida em 2017.

Quanto à Efapel, Américo Silva arriscou apostar em Sérgio Paulinho, estando em curso o trabalho de transformar um gregário por excelência, num líder que possa discutir a Volta a Portugal e não só. O ciclista português, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2004 e um dos homens de confiança de Alberto Contador durante muitos anos, demonstrou que vontade não lhe falta para cumprir o que é desejado dele, mas é notório que ainda há muito trabalho a fazer. Entretanto, a Efapel tem Daniel Mestre e Rafael Silva a tentar garantir resultados. Até estavam a fazer uma boa Volta ao Alentejo, mas uma queda na penúltima etapa e uma decisão da organização em não dar o tempo do vencedor apesar do incidente ter acontecido nos últimos três quilómetros, pode muito bem ter custado um pódio, onde estava Daniel Mestre antes de cair. A Efapel irá encarar 2017 entre a confiança em ciclistas que estão habituados a conquistar vitórias e a incógnita do que poderá render Sérgio Paulinho.

O Louletano-Hospital de Loulé é uma equipa que, para já, deixa a ideia que pode conquistar bons resultados, como pode passar mais discreta nas corridas. Luís Mendonça e o líder Vicente Garcia de Mateos estiveram bem na Volta ao Algarve. O espanhol foi segundo no Malhão. Porém é preciso descer ao 20º lugar para encontrar o primeiro ciclista da equipa algarvia na Volta ao Alentejo: David de la Fuente. É verdade que a formação de Loulé não tem uma tradição de ter temporadas de grandes vitórias, mas também não passa ao lado de bons momentos. Consistência tem sido a palavra de ordem, pelo que deverá manter essa rota.

Quanto à Rádio Popular-Boavista, José Santos apostou na contratação de ciclistas de ataque, como João Benta, Filipe Cardoso e Domingos Gonçalves. Ainda não se viram muito, mas é de esperar que com o evoluir da época, os resultados comecem a aparecer. Mas, até agora, pouco se viu da equipa. Há tempo...

Para terminar fica um dos grandes destaques deste início de temporada: Edgar Pinto. O ciclista português regressou ao pelotão nacional para liderar um projecto que tem o seu pai como um dos mentores. A LA Alumínios-Metalusa-BlackJack pode não ter um plantel muito forte, mas a verdade é que está a mostrar-se suficiente para ajudar o seu líder a conquistar bons resultados neste arranque de 2017. Edgar Pinto e o director desportivo, José Augusto Silva, avisaram que a formação não estaria só a pensar na Volta a Portugal e tentaria lutar em todas as corridas. Edgar Pinto foi 10º na Algarvia e 7º na Alentejana, dois excelentes resultados. No primeiro caso por ser um top dez entre ciclistas do World Tour, no segundo por ser uma corrida para ciclistas com características mais de" roladores" e sprinters. É desde já um candidato forte para a Clássica da Arrábida, mesmo que tenha de enfrentar empedrado e terra batida.

Depois de duas corridas a sul e uma pela região de Aveiro, será altura de começar a andar por terreno bem mais "acidentado" (sem esquecer que já se subiu à Fóia e ao Malhão) e sem equipas do World Tour. A Clássica da Arrábida e a Clássica Aldeias do Xisto (12 de Março) irão atribuir o primeiro troféu do ano. Francisco Campos, o sub-23 da equipa Miranda-Mortágua, venceu surpreendentemente a primeira corrida do Troféu Liberty Seguros, a prova de abertura Região de Aveiro, liderando a competição.

Relativamente à Volta ao Alentejo, uma nota de destaque: a Alentejana subiu de categoria para 2.1 e pela primeira vez em 35 edições teve um ciclista a repetir um triunfo. Carlos Barbero assinou este ano pela Movistar e começa a mostrar serviço, depois de em 2014, então ao serviço da Euskadi, ter conquistado pela primeira vez a Volta ao Alentejo.

Veja aqui as classificações finais da Volta ao Alentejo.

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