25 de fevereiro de 2017

Clássicas. Tudo começou com um cenário bem conhecido: Avermaet a bater Sagan. Mas será que vão ser desqualificados?

Pódio da primeira clássica do ano (Fotografia: Twitter Omloop Het Nieuwsblad)
A corrida que abriu a época das clássicas não desiludiu. Nenhum dos principais ciclistas esteve na Omloop Het Nieuwsblad com outro pensamento que não fosse lutar pela vitória. Pavé, vento e uma queda foram os ingredientes de uma prova emocionante e que viu três dos melhores homens de corridas de um dia encetarem uma fuga de luxo, que nem um grupo com a Sky e Quick-Step Floors conseguiu apanhar: Greg van Avermaet, Peter Sagan e Sep Vanmarcke. Que trio! No entanto, há quem peça a desqualificação dos três. Mas já lá vamos.

Uma queda a cerca de 60 quilómetros da meta acabou por ser decisiva, pois ajudou a definir a frente da corrida e tirou dela alguns candidatos. Aconteceu no meio do pelotão, arrastando um elevado número de ciclistas. Entre eles Tom Boonen, Alexander Kristoff e Tiesj Benoot. O emaranhado de bicicletas, algumas delas ficaram fora de acção, e as mazelas com que ficaram fez com que a perda de tempo acabasse por ser demasiado grande. Os três não terminaram a corrida. Tom Boonen irá acabar a carreira sem nunca ter conquistado esta prova belga.

Naquela altura a corrida estava mais do que lançada na perseguição aos fugitivos. Peter Sagan foi o impulsionador do ataque que acabaria por resultar no trio já referido. Outros tentaram acompanhar, mas à medida que foram passando os sectores de pavé, ninguém conseguia acompanhar o ritmo de loucos dos três ciclistas.

Até final a corrida ficou marcada por um entendimento entre Sagan, Avermaet e Vanmarcke e por uma perseguição que não resultou, pois não houve união de esforços. E dada a qualidade que ia na frente, só assim seria possível apanhar o trio. Seria uma surpresa ver Vanmarcke bater ao sprint Avermaet e Sagan, pelo, apesar de ter atacado primeiro, a luta foi entre os dois habituais suspeitos. E foi aí que Sagan cometeu um erro incompreensível para alguém com a sua experiência. Na curva que antecedia a meta, o eslovaco abriu, dando espaço para Avermaet passar e ganhar vantagem. Demasiada vantagem. Não houve pernas para apanhar o belga e Sagan lá assistiu a mais uma vitória do rival. Este cenário foi exactamente o mesmo na Omloop Het Nieuwsblad de 2016... e de outras corridas.

As clássicas começam como há um ano. Greg van Avermaet deixou definitivamente para trás o estigma do eterno segundo. É um ciclista que enfrenta as corridas com uma confiança ganhadora e é dos poucos que não teme nem um bocadinho o poderio de Sagan, pois parece ter a receita para derrotar o bi-campeão do mundo. Foi a 11ª vitória do ano para a BMC, que está a realizar um fortíssimo início de temporada.

Para Peter Sagan foi a posição habitual. Já são quatro segundos lugares em 2017. Já se sabe que o eslovaco tem uma forma muito particular de enfrentar um mau momento: começa logo a pensar na próxima corrida e em ganhá-la. Sagan não se deixa abater, contudo, o erro que cometeu terá de servir de lição. Tanto quis controlar Avermaet que o deixou escapar. Se calhar as derrotas para o belga começam a ter algum peso na consciência de Sagan. Para a Bora-Hansgrohe fica alguma frustração. Ainda não foi desta que conquistou a primeira vitória como equipa World Tour.

Quanto a Sep Vanmarcke, também foi mais do mesmo. Está na luta, mas não consegue ter aquela ponta final que precisa para vencer. O ciclista da Cannondale-Drapac até já conquistou a Omloop Het Nieuwsblad em 2012, depois somou pódios noutras clássicas. Mas não consegue as vitórias que eram esperadas.


Porém, não há tempo para lamentações. Este domingo praticamente o mesmo pelotão estará novamente na estrada, agora na Kuurne-Bruxelles-Kuurne. Serão 200,7 quilómetros de mais espectáculo... pelo menos assim se espera.

Veja aqui a lista de inscritos.

Pedem a desqualificação dos três primeiros

A questão surgiu logo após o final da corrida e foi ganhando força nas horas seguintes, com alguns directores desportivos e ciclistas a questionarem a quebra de uma regra por parte dos fugitivos. Em causa está a utilização de um passeio para fugir a uma parte de pavé, algo que a organização tinha proibido e avisado as equipas que quem o fizesse seria desqualificado.

Ora as imagens demonstram como alguns ciclistas optaram pelo passeio para escapar ao pavé, incluindo Greg van Avermaet, Peter Sagan e Sep Vanmarcke. A polémica subiu de tom porque, apercebendo-se da situação, foi colocada uma moto da organização a impedir a utilização do passeio pelos grupos que seguiam na perseguição. Estes ciclistas tiveram de pedalar pelo pavé.

Jaspert Stuyven (Lotto Soudal), Luke Rowe (Sky) e Edward Theuns (Trek-Segafredo) foram alguns dos corredores que levantaram a questão. Todos eles salientam o facto da organização ter avisado que seriam desqualificados se utilizassem os passeios.
Os comissários foram abordados por directores desportivos que se queixaram do desrespeito da regra por parte dos ciclistas que terminaram no pódio. Greg van Avermaet foi questionado sobre a utilização dos passeios e o belga respondeu ao Cycling News que "é fácil tomar uma decisão [de proibição], mas em corridas como esta não é possível [respeitá-la]". Avermaet salientou que quando se está a correr é necessário sair da estrada para conseguir recuperar posições ou para escapar a quedas. "Não é possível controlar", afirmou.

Para já só há queixas. Se houvesse desqualificação, o vencedor seria Fabio Felline, italiano da Trek-Segafredo que terminou a 45 segundos do trio que subiu ao pódio.


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