4 de fevereiro de 2017

O pelotão nacional visto por Marco Chagas

(Fotografia: Volta a Portugal)
Feitas as apresentações, está tudo pronto para começar a temporada. Aveiro recebeu a cerimónia em que se ficou a conhecer as seis equipas Continentais portuguesas e as sete de clubes, ou seja, as formações dedicadas à formação de jovens talentos. A opinião partilhada por muitos é que 2017 vai ter um dos melhores pelotões nacionais, ao que muito ajuda o facto de ciclistas como Sérgio Paulinho, Edgar Pinto, Fábio Silvestre e Domingos Gonçalves terem regressado e, naturalmente, a permanência de ciclistas de grande valor como é o caso de Joni Brandão e Amaro Antunes (para nomear dois). O que podemos esperar deste pelotão? Marco Chagas tem uma vida ligada à modalidade. Já viu muitos pelotões e para o quatro vezes vencedor da Volta a Portugal e comentador da RTP não restam dúvidas: "Este pelotão é, principalmente, mais homogéneo em relação a anos anteriores. Olhando para os plantéis, fica a ideia que as forças vão ficar mais próximas umas das outras."

Marco Chagas considera que a W52-FC Porto continua a ser a grande potência, mas a diferença para as outras equipas é agora menor. Fala também de um Sporting-Tavira reforçado, sendo que considera estas as duas equipas mais fortes do pelotão. Enquanto a equipa azul e branca manteve a maior parte da sua estrutura - destaque para a saída de Rafael Reis para a Caja Rural e a entrada de Amaro Antunes (ex-LA Alumínios-Antarte) -, já o Sporting está bastante diferente. Depois de um 2016 em que começou tarde a formar uma equipa devido à demorada resolução da questão do patrocínio, para 2017 tudo se desenrolou de forma muito distinta.

"O Sporting-Tavira melhorou muito", realça Marco Chagas que não antevê problemas por a equipa ter três potenciais líderes. "O líder será sempre o Joni Brandão. O Alejandro Marque será em algumas corridas, com menos dureza e em que haja contra-relógio. O Rinaldo Nocentini fica em terceiro plano. Se olharmos para o currículo dele, não tem grandes resultados. Andou de amarelo na Volta a França porque lhe caiu nas mãos. Tem muita experiência, tem classe, mas também tem 39 anos e nessas coisas não há como lhe dar a volta", salientou. Marco Chagas destaca ainda o regresso de Fábio Silvestre, mais um reforço de peso para o Sporting-Tavira: "Se ele não falhar - e acho que não vai falhar -, será o melhor sprinter que teremos em Portugal."

Quanto à Efapel, Marco Chagas destacou ser uma grande incógnita. A presença do Sérgio Paulinho e o seu papel de líder depois de uma carreira como gregário, "será um dos maiores aliciantes da temporada", ou seja, "perceber o que o Sérgio vale enquanto líder de uma formação". Do sucesso, ou não, desta adaptação do ciclista português - que durante tantos anos pedalou ao lado de Alberto Contador -, poderá também passar parte do sucesso da temporada da Efapel. Há ainda curiosidade para perceber o que o jovem colombiano Mateo Garcia poderá fazer.

A Rádio Popular-Boavista está diferente ao que José Santos habituou o pelotão. "Continua a ser uma equipa jeitosa, mas o Rui Sousa já tem 40 anos. Não sei até que ponto o Rui ainda é capaz de estar na luta pela geral", referiu. Salientou ainda a presença de um Filipe Cardoso que gosta de entrar nas fugas e é ciclista com potencial para ganhar algumas corridas, enquanto João Benta será outra aposta para "a consistência". "Teve uma paragem forçada, mas regressou bem à alta competição. Agora tem de fazer a diferença e não sei se será ou não viável."

Regressando a sul, para Marco Chagas o Louletano-Hospital de Loulé estará muito dependente do que fizer Vicente García de Mateos. "Olhamos para a equipa e vemos que tem muita gente. E o De Mateos... é uma surpresa! Não sei até que ponto é que ele vai voltar a andar como em 2016. Ele estava fortíssimo na Volta a Portugal [terminou no oitavo lugar]. Ele está muito magro e, se calhar, vai deixar o papel de sprinter para ser mais do que isso e o Louletano vai depender muito dele", explicou. Falou ainda de Pedro Paulinho, considerando que o ciclista, irmão de Sérgio, "tem qualidade para ganhar muitas vezes ao sprint e para fazer outras coisas". Porém, "tarda em afirmar-se. Tem tanto o mais potencial que o irmão e às tantas descuida-se e pode passar ao lado de uma boa carreira".

Para terminar, a nova LA-Metalusa-BlackJack. Marco Chagas vê uma equipa um pouco à imagem do Louletano. Isto é, irá estar um pouco dependente do que fizer o seu líder, Edgar Pinto. "Vamos ver como é que ele vai andar. Mas eu acho que será uma aposta ganha", frisou. Além de Edgar Pinto, destaque ainda para César Fonte: "É sempre muito certinho, dá sempre bons resultados, é uma boa aposta."

Perante um pelotão tão atractivo, o antigo ciclista alerta para uma questão que pode criar problemas a algumas equipas: "Algumas só têm nove corredores. É muito curto. Basta haver um problema e as equipas ficam facilmente 'penduradas'. Mas compreende-se... É o factor monetário."

Agora é esperar para ver na estrada este aparente equilibrado pelotão. E Marco Chagas espera que a qualidade dos ciclistas se possa traduzir em muito espectáculo, que começa este domingo com a prova de abertura na região de Aveiro. Estarão presentes todas as equipas nacionais, com a W52-FC Porto em formato reduzido devido à participação da equipa na Volta à Comunidade Valenciana (Amaro Antunes foi terceiro na etapa de sábado, ganha por Nairo Quintana). A partida está marcada para as 12:10 na Praça do Município, em Anadia, e a chegada será em Ovar, na Avenida da Régua.

Equipas portuguesas Continentais: Efapel, LA-Metalusa-BlackJack, Louletano-Hospital de Loulé, Rádio Popular-Boavista, Sporting-Tavira e W52-FC Porto.

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