3 de fevereiro de 2017

Rádio Popular-Boavista e a mudança de filosofia segundo José Santos

(Fotografia: João Fonseca/Facebook Rádio Popular-Boavista)
Filipe Cardoso, Domingos Gonçalves e João Benta. Três reforços de peso da Rádio Popular-Bovista. Três reforços para atacar corridas e que costumam dar espectáculo. Três ciclistas que se juntam a um dos mais carismáticos do pelotão português: Rui Sousa. É uma mudança de filosofia, como descreve o director desportivo José Santos, comparativamente com anos anteriores. "O Boavista sempre foi uma equipa com ciclistas conservadores, uma equipa muito regular. Este ano contratámos alguns ciclistas já experientes, que têm outro tipo de abordagem às corridas, relativamente ao que costumávamos fazer", salientou José Santos ao Volta ao Ciclismo. A equipa pode estar mais forte do que em 2016, no entanto, o responsável prefere esperar pelo arranque da temporada para perceber como estão os ciclistas, pois salienta que também as outras formações portuguesas se reforçaram bem.

"A Efapel tem uma equipa coesa, a W52-FC Porto e o Sporting também, o Louletano tem o Mateos, a LA-Metalusa-BlackJack o Edgar Pinto... Todas as equipas têm um ciclista de referência e penso que este será o ano em que as equipas estão mais fortes", referiu José Santos. O director desportivo, que há três décadas que está no ciclismo, confessou que não se recorda de ver "as equipas tão homogéneas". No entanto, apesar de considerar ser "bom para o ciclismo nacional", diz "não ser o ideal". "Se reparar na média de idades dos melhores ciclistas que cá estão..."

"[Filipe Cardoso e Domingos Gonçalves] são ciclistas que, à priori, terão mais liberdade de movimentos que outros, pois são corredores que não terão de discutir a Volta a Portugal no ponto de vista da geral individual"

A Rádio Popular-Boavista tem apostado sempre forte na Volta a Portugal e também nas corridas no estrangeiro, principalmente em Espanha. Esse calendário irá manter-se, com as provas lá fora a serem uma aposta para os ciclistas mais jovens da equipa, enquanto em Portugal irão competir os mais experientes. A explicação é simples: "Os jovens estão mais motivados para correr no estrangeiro e dar nas vistas a nível internacional. Estão sempre à procura de tentar dar o salto lá para fora." O responsável é da opinião que alguns ciclistas, principalmente a partir dos 30, já não têm tanta possibilidade de ir para o estrangeiro e preferem fazer as suas corridas por Portugal.

Filipe Cardoso e Domingos Gonçalves serão duas apostas fortes para a Rádio Popular-Boavista. "São ciclistas que, à priori, terão mais liberdade de movimentos que outros, pois são corredores que não terão de discutir a Volta a Portugal no ponto de vista da geral individual", frisou, acrescentando que são "ciclistas com uma filosofia de ataque", tal como João Benta e Rui Sousa.

"Pensamos que ele [Rui Sousa] tem capacidade para fazer uma época bem gerida. Acho que na Volta a Portugal teremos um ciclista para estar novamente entre os primeiros"

E quanto a Rui Sousa, será mesmo o último ano do veterano ciclista? "Penso que sim. Além do desporto há outra vida que não podemos estar constantemente a adiar. Falámos na Volta a Portugal e ele disse que estava no limite dos limites. Pensamos que ele tem capacidade para fazer uma época bem gerida. Já se sabe que não poderá ser um ciclista que corra tanto como os outros, tem de ser um pouco mais poupado. Mas acho que na Volta a Portugal teremos um ciclista para estar novamente entre os primeiros", afirmou José Sousa.

Não será de surpreender ver Rui Sousa continuar ligado ao ciclismo e à Rádio Popular-Boavista depois de terminar a carreira. "Estamos a contar nesse sentido", admitiu o director desportivo, que realçou que "o Rui tem sido uma pessoa que tem dado muito ao ciclismo e é alguém com um nível acima da média de qualquer desportista, tem uma mentalidade diferente".

Para já o pensamento está centrado em preparar Rui Sousa para um bom 2017, principalmente, uma boa Volta a Portugal. No entanto, é inevitável pensar no futuro, ou seja na sucessão. José Santos quer que o projecto do Boavista evolua de forma a ter uma equipa de juniores e eventualmente uma de sub-23, que possam alimentar a equipa principal. Apesar da aposta em ciclistas experientes para este ano, a verdade é que a Rádio Popular-Boavista continuará a ter uma forte componente jovem na equipa e no final do ano, a formação irá procurar um novo líder, caso Rui Sousa cumpra a promessa de se retirar.

Porém, recordando a declaração de Filipe Cardoso ao Volta ao Ciclismo: "Só acredito que é o último ano [do Rui Sousa] quando ele realmente deixar."

O companheirismo a a claque de apoio

Desde que Filipe Cardoso anunciou que deixaria a Efapel e rumaria à Rádio Popular-Boavista, que tem sido notório o companheirismo entre um dos mais populares ciclistas portugueses e Rui Sousa (que não lhe fica atrás na popularidade). Muito activos nas redes sociais, tem sido óbvio o companheirismo e amizade entre os dois, mas não só. Este entendimento é extensível a outros ciclistas da equipa. "O ciclismo é uma modalidade colectiva e é através do espírito de grupo, como em qualquer desporto colectivo, que se consegue atingir resultados. Podemos ter uma equipa muito boa, mas se cada um puxar para o seu lado, as coisas não funcionam. Penso que este ano, nesse aspecto, a equipa está melhor", referiu. Para José Santos é importante que existam boas "relações humanas", no entanto, avisa: "Se forem muito amigos, mas não andarem de bicicleta, também não adianta!"

No final do ano passado, a Rádio Popular-Boavista lançou uma iniciativa para criar uma claque de apoio à equipa nas estradas. Para José Santos é importante que os ciclistas sintam esse apoio do público, considerando que o ciclismo deve ser um pouco como o futebol nesta vertente, ou seja, com os seus apoiantes. "Este alargar de iniciativas é bom para nós. Se tivermos essas pessoas a apoiar-nos, ficamos também mais motivados", salientou.

No entanto, o responsável quer ir mais longe e continuar a aproveitar este crescente interesse no ciclismo em Portugal, inclusivamente a nível de praticantes. "Isso foi uma situação que vimos há alguns anos. O Boavista não podia ser só uma equipa de profissionais. Temos uma de masters, vamos ter uma de juniores e já temos uma ciclista feminina, a Rita Lopes, e esperamos em 2018 ter o apoio necessário para ter uma equipa com quatro ou cinco ciclistas. Queremos abranger mais campos, para ter mais pessoas ligadas ao clube", explicou.

A partir deste domingo, em Aveiro, a Rádio Popular-Boavista irá tentar demonstrar a sua mudança de filosofia, ainda que, devido ao impacto mediático e o próprio interesse mais generalizado do público, a grande aposta seja a Volta a Portugal. E armas não faltam para atacar as etapas da principal corrida portuguesa, mas também as outras provas do calendário, seja por cá ou no estrangeiro.

Equipa para 2017: Rui Sousa, Filipe Cardoso, Domingos Gonçalves, João Benta, Luís Gomes, David Rodrigues, Ricardo Vale, Xuban Errazkin, Víctor Etxeberria, Pablo Guerrero e Daniel Sanches.



2 comentários:

  1. Respostas
    1. Boa noite. O Daniel Silva assinou pela equipa Profissional Continental brasileira Funvic. Esta formação esteve nao ano passado na Volta a Portugal. Pode ler mais informação neste link: http://voltaaociclismo.blogspot.pt/2016/12/funvic-com-licenca-profissional.html

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