27 de fevereiro de 2017

Quick-Step Floors vai acabar? Lefevere estabelece data limite para encontrar patrocinador

(Fotografia: Quick-Step Floors)
Imaginar o World Tour sem uma equipa orientada por Patrick Lefevere parece impossível. Porém, depois de mais de três décadas como um dos mais icónicos directores desportivos, o belga admite que poderá estar a chegar o momento de retirar-se. Perante a incerteza da Quick-Step e mesmo que o patrocinador se mantenha será necessário encontrar mais alguém, Lefevere diz já estar à procura de garantir o futuro da equipa, mas deixa uma data limite para o conseguir: se até ao início da Volta a França não existirem garantias, será o fim da linha para Lefevere e para um dos conjuntos mais importantes do pelotão internacional.

Portanto, a 1 de Julho o ciclismo poderá enfrentar uma notícia que, apesar das palavras do director desportivo, continua a parecer impossível. Patrick Lefevere explica que não irá arrastar a situação, pois se não conseguir garantir bons ciclistas, prefere deixar a função. Em entrevista ao jornal belga Het Nieuwsblad, citado pelo site Ciclo21, o responsável salienta que os empresários dos ciclistas estão a começar a ficar nervosos. Já em 2016 Lefevere teve problemas para fazer garantir novos corredores, pois não pôde oferecer mais do que um ano de contrato. Marcel Kittel, Julian Alaphilippe e Fernando Gaviria são apenas alguns dos grandes nomes que compõem o plantel de uma das melhores equipas do pelotão. Não terão falta de interessados e a 1 de Agosto podem começar a oficializar novos contratos, daí o prazo estabelecido por Lefevere.

"Estou a negociar com muito boa fé com a Quick-Step, mas eles não querem decidir-se em breve e isso não é uma opção para mim. Gostaria de poder esperar tranquilamente até à Volta a França, mas se o faço, fico sem ciclistas. Os empresários já estão nervosos", afirmou Lefevere, considerando que mesmo que a empresa continue, não será justo que suporte sozinha os elevados custos de uma equipa com um dos maiores orçamentos. O belga recorda que sempre teve patrocinadores locais - nasceu na Flandres -, mas está receptivo a outro tipo de investidores: "Não sou cego e sei que isto [ciclismo] cresceu imenso e que o ciclismo é um exemplo claro da globalização da economia. Já vimos como os chineses compraram metade de África e como os árabes se apropriaram de metade do futebol. Por mim, o novo patrocinador pode ser um simpático chinês."

Lefevere diz que apesar da incerteza que a equipa atravessa, está tranquilo e até tenta manter alguma boa disposição quando pensa no futuro além ciclismo: "Uma vida fora do ciclismo seria muito difícil para mim. Que faria? Provavelmente escrever textos de opinião a quem me pagar mais!"

A entrevista é publicada numa altura em que arrancou a época do ano em que Lefevere costuma apostar muito forte. As equipas do belga sempre se destacaram nas provas de um dia e em 2017 o director desportivo quer que os seus ciclistas se mantenham concentrados e avisa que não admitirá que alguém tente pensar só nos resultados pessoais. Se tal acontecer, não chamará esses ciclistas para outras corridas. A formação tem vários potenciais líderes, mas até dia 9 de Abril, dia de Paris-Roubaix, todos estarão ao serviço de Tom Boonen, que se prepara para terminar a carreira.

As 12 vitórias que a Quick-Step Floors já soma são um bom cartão de visita para eventuais negociações, mas mais do que os triunfos de 2017, o historial de grande sucesso de ciclistas orientados por Lefevere conferem ao belga um enorme prestígio. Porém, aos 62 anos, o director desportivo enfrenta um dos momentos mais difíceis da sua carreira. Mario Cipollini, Paolo Bettini e Richard Virenque foram três dos grandes nomes que orientou e, mais recentemente, Tom Boonen, Mark Cavendish, Tony Martin e há que incluir na lista Michal Kwiatkowski, que foi o último campeão do mundo de estrada de uma equipa de Lefevere.

A actual estrutura foi criada em 2002. Teve vários nomes, mas a Quick-Step foi uma constante. Antes tinha orientado uma forte Mapei e a MG-GB. Como ciclista, Lefevere era um especialista em clássicas, ainda que não tenha somado muitas vitórias. Venceu uma Kuurne-Brussels-Kuurne em 1978, no mesmo ano em que conquistou uma etapa na Volta a Espanha. Foi como director desportivo que se destacou, sendo há muito um dos melhores na captação de jovens ciclistas, principalmente os que demonstram qualidades para corridas de um dia.

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