3 de setembro de 2019

Tem a palavra Primoz Roglic

(Fotografia: © Sarah Meyssonnier/La Vuelta)
Não houve rival à altura de Primoz Roglic na sua especialidade, o contra-relógio. Não foi uma surpresa, mas poderá ser um problema para Miguel Ángel López, Alejandro Valverde e Nairo Quintana. É que na especialidade destes três ciclistas, Roglic tem estado à altura. O esloveno cavou um fosso entre ele e os rivais, mas sabe bem que nada está decidido. Porém, parece que a Volta a Itália foi uma valiosa lição e se o líder da Jumbo-Visma e a sua equipa aprenderam bem, então poderão seguir o exemplo de Simon Yates e a Mitchelton-Scott.

Há um ano, o britânico estava a realizar uma fabulosa exibição no Giro, sendo demolidor nas primeiras duas semanas e depois quebrou. Aprendeu com os erros e foi à Vuelta ser mais discreto, mais cuidadoso na gestão do esforço e ganhou. Roglic era o superfavorito para o Giro. No seu caso, não só começou a corrida fortíssimo, como tinha ganho todas as provas que tinha feito até então. Nos momentos decisivos quebrou, não ajudando a fraca prestação da equipa.

Lição aprendida? Até agora parece que sim. Roglic tenta manter-se longe das constantes menções de ser favorito, tenta ter os pés bem assentes na terra, não querendo deixar-se levar por euforias. Nem com a exibição do contra-relógio o esloveno foi muito expansivo. E é a atitude certa. Faltam muitas e difíceis etapas nesta Vuelta, na qual que parece ser tão complicado manter muito tempo a camisola vermelha. Em 10 etapas, Roglic é o sexto líder. Se é para manter ou não, não se irá demorar muito tempo a perceber, pois se o fosse cavado foi interessante, pode não completamente intransponível para os rivais.

Não sendo de afastar que alguém numa fuga tenha o seu momento de vermelho, como aconteceu com Nicolas Roche ou Nicolas Edet, estão mais do que definidos os candidatos, com mais um a intrometer-se depois das etapas de domingo e desta terça-feira: Tadej Pogacar.

Roglic, que estava sinalizado pelos seus adversários devido ao favoritismo no contra-relógio, depois do que fez esta terça-feira, vai andar com um enorme alvo nas costas. Alejandro Valverde (Movistar) ficou na geral a 1:52 minutos - no que se pode considerar um bom contra-relógio do espanhol -, Miguel Ángel López (Astana) a 2:11 - nada mau, diga-se -, Nairo Quintana (Movistar) a 3:00 - bastante mau - e Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) a 3:05, em mais uma prestação de nível do estreante. O jovem esloveno tem agora de ser incluindo no grupo de candidatos, pois está pelo menos na luta pelo pódio.

Depois de uma primeira semana marcada por uma queda a abrir e a fechar, boas prestações na montanha, sendo quase impossível deixá-lo para trás, não vai ser uma missão nada fácil bater Roglic. O esloveno tem agora a palavra perante as diferenças. Mas precisa da sua equipa. Mesmo sem Steven Kruijswijk - que abandonou devido a dores no joelho após a queda na primeira etapa -, esta Jumbo-Visma é mais forte e experiente do que aquela que se apresentou em Itália.

Na montanha, George Bennett e Robert Gesink têm de aparecer fortes e se o jovem Sepp Kuss - que está bem melhor do que no Giro - manter o nível, Roglic terá mais hipótese de enfrentar as tácticas da Astana e da Movistar. Mas o próprio esloveno terá de escolher as suas batalhas. Com ou sem alianças contra si, o ciclista irá ser atacado por todos.

López avisou que agora regressará ao seu terreno, mas também sabe que Roglic tem estado bem na montanha. Poderá procurar uma aliança com Valverde ou com Quintana. Com os dois será complicado, já que são mais rivais do que companheiros, ou seja, nem se aliam entre eles... Mas López também tem estado em destaque e não fosse a queda no domingo durante o temporal e talvez estivesse numa posição mais favorável na luta com Roglic. O colombiano talvez não precise é que a sua equipa esteja forte como no domingo e não partida, como na restante primeira semana.

O provável é que seja cada um por si, com Pogacar a ser visto com desconfiança, pois não se sabe ao certo o que esperar dele em três semanas. Nem o próprio esloveno sabe, já que nunca fez uma grande volta. Mas cuidado com ele! Está completamente livre de pressão. Se falhar, não haverá problema. Até já ganhou uma etapa. Se repetir as boas exibições, então só alimentará a sua confiança.

Roglic aproveitou o único contra-relógio individual da Vuelta (36,2 quilómetros entre Juraçon e Pau, em França) para marcar a diferença. Contudo, salientou como nem com 10 minutos de vantagem consideraria a corrida ganha, ainda mais sendo esta uma Volta a Espanha de tantas cambalhotas na frente e entre o próprio quarteto - agora quinteto - de candidatos.

Mas lá que a Vuelta está animada e com espectáculo, lá isso está!

11ª etapa: Saint-Palais - Urdax-Dantxarinea (171,9 quilómetros)


Em Espanha esta é considerada uma etapa de transição, como descreve o director da prova, Fernando Escartín. Isto significa duas terceiras categorias (uma de 4,9 quilómetros, com pendente média de 6,1% e outra de 7,2 a 7,1%) e uma segunda (7,6 a 4,7%).

Será um bom dia para se apostar na fuga e claro que por cá estar-se-á de olho em Ruben Guerreiro, que tem estado activo e com boas exibições na sua primeira grande volta. No contra-relógio ficou a 4:17 minutos para Roglic e está a mais de 16 na geral, ocupando a 22ª posição, sendo o melhor português. Contudo, o ciclista da Katusha-Alpecin continua focado em procurar uma etapa e não tanto em alcançar uma classificação de destaque.

No contra-relógio o melhor português foi Nelson Oliveira, que ficou 1:02 de Roglic, com o quinto melhor tempo.

Classificações completas, via ProCyclingStats.




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1 comentário:

  1. Está vuelta já não foge ao roglic,depois de um excelente giro,agora a confirmação.

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