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Nils Eekhoff nem queria acreditar no que lhe estava a acontecer. Samuele Battistella demorou um pouco a perceber o que lhe estava a acontecer. O primeiro ganhou um difícil sprint para ser campeão do mundo de sub-23. Mas foi o segundo que acabou a vestir a camisola do arco-íris. Uma desqualificação que está a custar e muito a Eekhoff aceitar, deu o título ao italiano, numa decisão pouco ou nada pacífica dado o passado recente. Numa fase ainda inicial da corrida, Eekhoff caiu e para recuperar o seu lugar no grupo principal, ficou algum tempo atrás do carro da equipa. Com recurso ao video-árbitro, os comissários da UCI não perdoaram.
De repente a Volta a Espanha regressa à mente. O dia em que Primoz Roglic e Miguel Ángel López ficaram para trás após queda e os comissários autorizaram que ficassem atrás dos carros, enquanto na frente a Movistar atacava. Também fica por perceber porque a decisão não foi tomada durante a corrida, evitando toda esta situação. Eekhoff viu os regulamentos serem respeitados à risca e o holandês não se conforma. "Nem sei bem o que sentir neste momento... estou furioso", desabafou. E explicou o que aconteceu: "Caí e desloquei o ombro, meti no sítio, mas também tive um problema mecânico, por isso demorei mais. Voltei e o carro levou-me até à caravana e a partir daí fui sozinho até ao pelotão."
A queda acontece a cerca de 125 quilómetros da meta. "Na minha opinião, eu lutei. Deveria ser possível após uma queda poder ser levado até à caravana. Não sabia que estava a correr um risco", disse. Até à desqualificação passou cerca de uma hora, mas, entretanto, Eekhoff já tinha sido chamado pelo júri da corrida. Ao ser confirmado que não seria o campeão mundial, o holandês admitiu que só queria ir para casa. No hotel foi confortado pelos pais, mas não será fácil para o jovem ciclista lidar com a desilusão, apesar da SEG Cycling, que o representa, estar a analisar se poderá recorrer da decisão da UCI.
Já Samuele Battistella nem percebia o que se estava a passar quando lhe disseram que era ele o campeão mundial de sub-23, em Yorkshire. Só com a camisola do arco-íris vestida e com a medalha de ouro ao peito, finalmente acreditou e percebeu que era mesmo o seu grande momento. "Sinto-me o vencedor. Ele foi desqualificado e há uma razão porque ele não é o vencedor. Lamento por ele, mas eu sou o vencedor. Isto é o ciclismo", afirmou o italiano. O suíço Stefan Bissegger ficou com a medalha de prata, enquanto o fenómeno britânico Thomas Pidcock ganhou assim o bronze.
We all know what winning a World Championship looks like.— Brian Nygaard (@nygaardbn) September 27, 2019
This shows the heartbreak of having it taken away an hour later via @PhotoGomezSport pic.twitter.com/umIQaOljZB
A corrida foi feita a grande ritmo, com os 171,6 quilómetros a serem feito a uma média horária de 44,025. Chuva, frio, vento, foi um daqueles dias que era certo que vai proporcionar uma prova acidentada e muito complicada, se não mesmo impossível, de controlar. E assim foi. O quarteto português que o diga. Nenhum conseguiu ficar no pequeno grupo que viria a discutir a vitória. Na subida de Greenhow foi feita a selecção, na qual já não estava Emanuel Duarte. Miguel Salgueiro acabou por ceder, enquanto André Carvalho e João Almeida, que não estava muito bem colocados, acabaram por ficar no corte. O primeiro ainda se viu envolvido num incidente que não ajudou nada.
Ainda assim, Carvalho foi o melhor português, na 30ª posição, a 3:02 minutos do vencedor. "Eu sabia que devia colocar-me melhor na fase decisiva e tentei fazê-lo, mas tive um toque com um corredor dos Estados Unidos. Não caí, mas perdi alguns metros para a frente e fiquei com o guiador virado para baixo, tendo de fazer mais de 50 quilómetros numa posição incómoda", explicou, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Miguel Salgueiro foi 57º e João Almeida 76º, a 12:42 minutos. Emanuel Duarte abandonou.
Da parte da manhã, competiu Daniela Campos, que se estreou na prova de juniores com um 83º lugar, a 13:21 minutos da campeã que confirmou as expectativas, a americana Megan Jastrab. "A corrida foi caótica. A dada altura, para tentar evitar uma queda, fiz um movimento da perna que me deixou com o pé preso entre o quadro e a roda de trás. A bicicleta começou a travar e as corredoras que vinham atrás chocaram comigo e caí pela segunda vez", contou a ciclista. Nesta queda, Daniela Campos teve de trocar de bicicleta e perdeu muito tempo, mas não quis abandonar, mostrando mais uma vez o seu forte carácter.
Este sábado corre Maria Martins, que pela primeira vez estará entre a elite mundial, visto não haver escalão de sub-23 nas corridas femininas. Será o dorsal 143, com a prova a começar às 11:40 (Eurosport 1), sendo 149,4 quilómetros muito exigentes.
Classificações da corrida de sub-23, via First Cycling.
»»Domingos Gonçalves de fora dos Mundiais««
»»Juniores campeões mundiais em Yorkshire já estão a caminho de uma equipa World Tour««
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