7 de setembro de 2019

Dois dias em que falhar poderá ser o adeus à luta pela Volta a Espanha

(Fotografia: © PhotoGomezSport/La Vuelta)
Estava tudo a correr tão calmamente, como quase todos assim o desejavam, quando um toque entre ciclistas terminou numa queda colectiva. Não ajudou estar-se no momento em que o sprint estava a ser lançado. A velocidade era grande, o susto foi ainda maior para muitos ciclistas e Luka Mezgec (Mitchelton-Scott) foi para o hospital. Tadej Pogacar foi dos ciclistas a cair completamente desamparado, mas no final da etapa não mostrava grande preocupação com o sangue visível num braço e perna. Alejandro Valverde também não escapou. Alguns dos homens da geral tiveram um final de dia atribulado, algo completamente indesejável quando vêm aí duas etapas de montanha complicadas.

A queda partiu o pelotão - que já não conta com o português Domingos Gonçalves (Caja Rural) -, ficando um grupo reduzido na frente na tirada de 188 quilómetros entre San Vicente de la Barquer e Oviedo. Tosh Van der Sande (Lotto Soudal) tentou surpreender perante a confusão, mas Sam Bennett mostrou ser o sprinter que ainda tem pernas após tanta montanha. Respondeu ao ataque, não se intimidou com a perseguição de Max Richeze (Deceuninck-QuickStep) e quase se pode dizer que o ciclista da Bora-Hansgrohe teve uma vitória fácil, a sua segunda na Vuelta.

Um breve momento para os sprinters aparecerem, pois os próximos dois dias é só montanha. Por isso, é grande a curiosidade para perceber como a queda afectou Pogacar e Valverde. O primeiro disse que "foram só uns cortes", o segundo admitiu ter dores no pulso, mas esperava que não o prejudicasse este domingo e segunda-feira.

Roglic foi dos que não ganhou para o susto. Conseguiu tirar o pé do pedal a tempo de evitar a queda dos ciclistas à sua frente. E não tem dúvidas que são alturas como esta que uma dose de sorte vem a calhar. "Estes finais são sempre muito rápidos e de doidos, por isso precisas de um pouco de sorte", desabafou.

Quanto a Mezgec, o esloveno tem uma fractura na zona da anca, mas não vai precisar de ser operado. Segundo a o médico da Mitchelton-Scott, Matteo Beltemacchi, o ciclista terá de ficar em repouso entre uma a três semanas.

Proibido falhas nas próximas duas etapas

A folga será só terça-feira, com os dois dias que se seguem a poderem definir ainda mais a classificação. Quem percegue Primoz Roglic não pode falhar mais. Miguel Ángel López (Astana), por exemplo, está proibido de falhar como em Los Machucos. As diferenças nada decidem, mas dão conforto a Roglic para poder controlar. Quinta-feira e sábado ainda haverá mais duas oportunidades para tirar a camisola vermelha ao esloveno, mas perante a vantagem do ciclista da Jumbo-Visma, é preciso começar a recuperar terreno, pois Roglic não parece estar a quebrar. Pelo contrário, dá mostras de estar a melhorar.

Recorde-se que Alejandro Valverde (Movistar) está a 2:25 minutos, Pogacar a 3:01, López a 3:18 e Nairo Quintana a 3:33. Segue-se Rafal Majka (Bora-Hansgrohe) a 6:15, já longe, tal como todos os restantes no top dez. A luta deverá mesmo ser a cinco.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

Aqui ficam as duas etapas que se seguem.

15ª etapa: Tineo - Santuario del Acebo (154,5 quilómetros)



Esta etapa tem a particularidade da primeira e última subida serem no mesmo local, mas por lados diferentes. Serão quatro primeiras categorias para enfrentar. Puerto del Acebo: 8,2 quilómetros com 7,1% de pendente média; Puerto del Connio: 11,7 a 6,2%; Puerto del Pozo de las Mujeres Muertas: 11,3 a 6,8%; Puerto del Acebo: 7,9 a 9,7%.

16ª etapa: Pravia - Alto de la Cubilla (144,4 quilómetros)



A tirada de segunda-feira terá a última categoria especial da Volta a Espanha. Estar de vermelho no Alto de la Cubilla poderá ser um passo de gigante rumo à vitória final. Não é das maiores dificuldades da Vuelta, numa perspectiva de ter pendentes muito complicadas. Não chega aos 10% de máxima, mas depois de tantos quilómetros, tantas montanhas, o desgaste é enorme e pode pesar numa subida tão longa como esta. Depois de uns primeiros quilómetros mais planos, são pouco mais de 100 sempre a subir e descer e qualquer uma das subidas a acabar sempre acima dos mil metros de altitude. Puerto de San Lorenzo: 10 quilómetros com 8,5% de pendente média; Alto de Cobertoria, 8,3 a 8,2%; Alto de la Cubilla, 17,8 a 6,2%.




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