16 de setembro de 2019

O adeus de um ciclista que guiou Mark Cavendish a tantas vitórias

Cavendish e Renshaw, uma dupla inesquecível (Fotografia: © Twitter Dimension Data)
Um dos melhores ciclistas que um sprinter poderia ter como lançador terminou a sua carreira. A Volta a Grã-Bretanha marcou o adeus de Mark Renshaw e foi como tinha de ser, com Mark Cavendish a seu lado, não tivesse sido este o sprinter que muito beneficiou do trabalho do australiano. Cavendish ficará na história como um dos melhores nesta especialidade e é o primeiro a admitir que também o deve a um Renshaw exímio a colocar o seu líder na melhor posição para atacar a meta.

"Há dez anos eu comecei a seguir a roda de um macio como seda australiano nos sprints e não demorou muito para que fossemos praticamente imparáveis", escreveu Cavendish no Twitter, quando Renshaw anunciou a despedida em Julho. O britânico admitiu desde logo que gostaria de competir mais uma vez com o seu lançador e a Dimension Data juntou-os na Grã-Bretanha para a despedida. Ambos ficaram para trás na última etapa para assim cortarem a meta lado a lado, mas houve mais um ciclista que não quis falhar o momento. O austríaco Bernhard Eisel  - companheiro na Dimension Data e na HTC Highroad - também fez questão de estar ao lado de um Renshaw que não segurou as lágrimas.

"Já chorei durante a corrida. Não vou mentir. É um momento emotivo e acho que vou ficar ainda mais emocional nas próximas 24 horas", afirmou Renshaw. No domingo, Manchester marcou o final de uma carreira que não foi esquecida durante a Volta à Grã-Bretanha, com o ciclista a ser muito procurado por jornalistas e também adeptos. E quando se prepara para um novo ciclo, a sua família marcou presença e o filho mais velho até esteve na berma da estrada para dar um bidão ao pai.

Na hora do adeus, aos 36 anos (faz 37 a 22 de Outubro), é precisamente à família que Renshaw se quer dedicar, pois tem três filhos: "Estou confiante que a partir de 2020 poderei ficar no desporto de certa forma, mas também será uma oportunidade para perseguir outras paixões que tiveram de ser colocadas de lado. Também quero relaxar com a família e amigos. O que estou mais entusiasmado é o poder passar mais tempo a ser pai para o Will, Olly e Maggie e dar à minha mulher Kristina algum apoio extra."

Renshaw considera que é a altura certa para terminar a carreira. "O meu corpo e mente já não me permitem para competir ao nível exigido numa corrida como a Volta a França", admitiu. O australiano tem escola de pista e estreou-se na estrada como profissional na Fdjeux.com em 2004, depois de estagiar na formação francesa no ano anterior. Crédit Agricole (2006 a 2008), HTC-Highroad (2009 a 2011), Rabobank (2012 e 2013), Omega Pharma-Quickstep (2014 e 2015) e Dimension Data (2016 a 2019) foram as restantes equipas que representou.

As prestações nas equipas francesas como sprinter, com boas vitórias, mas também já a mostrar capacidade para ser um lançador de muita qualidade levaram-no até à HTC-Highroad, estrutura na qual iniciou a parceria de sucesso com Cavendish. No entanto, as boas prestações fizeram crescer a vontade de também ele se afirmar como sprinter e decidiu seguir o seu rumo numa Rabobank. Porém, a equipa que não viveria tempos fáceis no final de 2012 quando perdeu o patrocinador e ainda competiu parte de 2013 como Blanco (sem patrocínio, portanto) antes de chegar a Belkin. Renshaw só somou duas vitórias, mais uma num contra-relógio colectivo do Tirreno-Adriatico. O principal triunfo nesta fase da carreira foi a primeira etapa do Eneco Tour em 2013.

Não se afirmou como sprinter principal e em 2014 decidiu regressar ao seu papel de lançador de Cavendish e a sua carreira ficou então definida no que Renshaw foi de facto um especialista. Não mais deixou o seu líder, nem na mudança para a Dimension Data. Em 2016 a dupla viveu o seu último grande momento de glória com Cavendish a ganhar quatro etapas na Volta a França e Renshaw a estar a seu lado em três, antes de abandonar da corrida. Depois o britânico entrou em declínio, muito devido a um problema de saúde e dupla foi desaparecendo entre os novos nomes do sprint que entretanto se afirmaram.

"Algumas das minhas melhores memórias são a minha primeira vitória na Taça de França, Tro-Bro Leon. Foi um enorme peso que saiu dos meus ombros naquela fase da carreira, enquanto ganhar uma etapa e a classificação geral da Volta ao Qatar são memórias que me fazem sorrir ao olhar para a minha carreira. Outras boas memórias foram os momentos em que trabalhei para os companheiros de equipa e para o sucesso deles. Terminar em segundo nos Campos Elísios atrás do meu companheiro de equipa Mark Cavendish em 2009, na Volta a França, foi inesquecível", recordou Renshaw.

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