9 de setembro de 2019

Roglic vai aproveitando todos os rivais para consolidar a liderança

(Fotografia: © Sarah Meyssonnier/La Vuelta)
Por um longo momento parecia que tinham desistido. Parecia que tinham aceite a superioridade de Primoz Roglic e que a Vuelta estava entregue. Tudo se pensa quando uma etapa com tanto potencial para o espectáculo e para mexer na luta pela camisola vermelha, acaba por ser das mais aborrecidas de montanha, não só da corrida espanhola, mas das três grandes voltas de 2019. Os ataques ficaram guardados bem para o fim. Não com a meta a vista, mas quase. Espectáculo não houve, tivemos direito apenas a uns minutos em que Roglic cedeu ligeiramente após o ataque de Miguel Ángel López, ganhando depois fôlego para mais uma demonstração que será preciso os rivais fazerem muito (mas mesmo muito) mais para o baterem.

Desta 16ª etapa ficará a vitória que Jakob Fuglsang há tanto tempo perseguia. O dinamarquês está a ter o melhor ano da sua carreira. Depois de conquistar o seu primeiro monumento na Liège-Bastogne-Liège, numa campanha das Ardenas simplesmente fenomenal, Fuglsang conquistou a primeira vitória numa grande volta. Cortou a meta isolado no Alto de la Cubilla e consegue assim atenuar a desilusão que foi a Volta a França, corrida que abandonou após queda. E há que não esquecer que venceu o Critérium du Dauphiné e a Ruta del Sol, fez pódio na Amstel Gold Race, Flèche Wallonne, Strade Bianche e no Tirreno-Adriatico.

(Fotografia: © La Vuelta)
Aos 34 anos, Fuglsang não só mostrou estar de regresso à melhor forma, como vive uma época marcante, que ainda deverá passar pelos Mundiais de Yorkshire.

Tal como aconteceu com Sepp Kuss (Jumbo-Visma) no sábado, Fuglsang foi lançado na frente da corrida com Luis León Sánchez a pensar numa possível ajuda a López. Porém, a Astana acabou por optar por apostar na etapa com o dinamarquês. A conquista da geral apresenta-se muito difícil. López não está tão forte como precisaria de estar nesta fase e Roglic, o líder da Vuelta, está fortíssimo.

Em três etapas de montanha, Roglic "colou-se" a rivais para ganhar vantagem a outros. Começou por aliar-se a Pogacar a deixou Alejandre Valverde, Nairo Quintana e López, para trás. No sábado foi com Valverde e aumentou o fosso para o colombiano e afastou o compatriota da UAE Team Emirates. Neste domingo, ainda viu López e Pogacar afastarem-se um pouco, mas quando resolveu que queria juntar-se à dupla, rapidamente lá chegou e deixou Valverde, o segundo classificado, para trás. Ganhou 23 segundos e tem agora 2:48 minutos sobre o espanhol da Movistar, com Pogacar a ser terceiro a 3:42 e López quarto, a 3:59. Quintana (Movistar) está em queda livre. Perdeu mais de 2:30 e já são 7:43 para Roglic. Até foi ultrapassado por Rafal Majka (Bora-Hansgrohe) por três segundos.

Foi fraqueza ou táctica?

Quando Roglic não seguiu na roda de López e Pogacar - ainda tentou, mas não forçou em demasia o seu andamento - a vontade de se querer ver alguma acção ainda fez pensar que talvez fosse o momento em que a Vuelta deixaria de parecer que está praticamente resolvida. O esloveno é visto a olhar para trás, onde estava Valverde e chegou a deixar-se apanhar pelo espanhol. Pouco depois arrancou e foi o ciclista do costume nesta Vuelta: imbatível. Roglic explicou que tentou perceber como estava Valverde e só quando teve a certeza que o espanhol não estava bem é que foi atrás de López e Pogacar, consolidando assim a sua liderança, quando ficam a faltar cinco dias para o final da Vuelta, com dois a terem ainda muita montanha para ultrapassar.

Para López foi mais um dia frustrante. Desta feita atacou, ainda que foi muito tarde para fazer grandes diferenças, mas fica claro que as forças já não são muitas. Nem do colombiano, nem de ninguém. López não se aproximou de Roglic na geral, nem de Pogacar, com quem luta pelo pódio e pela liderança na juventude. 17 segundos separam os dois ciclistas.

Ruben Guerreiro, outra vez

Na etapa de Pravia  a  Alto de La Cubilla (144,4 quilómetros) é obrigatório falar mais uma vez do português da Katusha-Alpecin. Na longa subida final - quase 20 quilómetros -, a última de categoria especial da Vuelta, Ruben esteve quase sempre com os principais homens da geral. Perdeu menos de um minuto para Roglic e subiu mais um lugar na geral, sendo 15º, a 17:26 minutos. Nunca é de mais recordar dois pormenores: é a estreia numa grande volta e ainda não tem contrato para 2020...

Classificações completas, via ProCyclingStats.

Aranda de Duero - Guadalajara (219,6 quilómetros)



Esta terça-feira descansa-se! E quarta é um dia estranho na Vuelta. Será a etapa mais longa, 219,6 quilómetros, sem contagens de montanha! Haverá a subida ao Alto de Carrascosa, que levará o pelotão aos 1380 metros de altitude, mas não haverá pontos em jogo, numa altura em que a liderança da montanha mudou de dono. Ángel Madrazo perdeu a camisola para o francês da AG2R, Geoffrey Bouchard. O ciclista da Burgos-BH era o líder desde a segunda etapa, a primeira em linha.

Quanto à tirada de quarta-feira, na grande volta das fugas, é mais uma oportunidade para se apostar forte em escapar ao pelotão, mas as equipas dos sprinters poderão ter outras ideias. Quinta-feira volta tudo à normalidade. Haverá mais uma etapa bem complicada de montanha, na aproximação ao grande final de Madrid.




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