(Fotografia: © Twitter UCI) |
Por altura em que se publica este texto, ainda não há qualquer reacção da Bahrain-Merida quanto à conquista do seu ciclista. A Deceuninck-QuickStep e a Ineos, por exemplo, rapidamente colocaram nas redes sociais menções às conquistas de Remco Evenepoel e Filippo Ganna, medalha de prata e bronze, respectivamente.
Dennis desapareceu na 12º etapa do Tour - por momentos nem a equipa sabia o que tinha acontecido - e uma das razões adiantas nos meios de comunicação social para o abandono foi um possível descontentamento com o material que a Merida lhe estava a disponibilizar para o contra-relógio. O australiano nunca confirmou essa versão e numa entrevista ao The Advertiser, garantiu que nunca disse mal de nenhum patrocinador. Não corria desde 18 de Julho e reapareceu esta quarta-feira com uma BMC e não uma bicicleta da Merida. A bicicleta destes Mundiais foi pintada toda de preto, sem menção à marca.
O próprio ciclista admitiu a troca, referindo que foram os responsáveis da selecção australiana que determinaram que seria o melhor para ele, que aquela bicicleta seria a mais indicada para a sua posição corporal. Questionado se teria problemas com a Bahrain-Merida, limitou-se a dizer que teriam de perguntar à equipa, mas realçou como a escolha na selecção supera a da equipa que representa durante o ano. Os regulamentos permitem que ao representar o seu país nos Mundiais, os ciclistas possam escolher o seu equipamento, o que não significa que não vá ter problemas com quem lhe paga o salário.
As marcas apostam forte em ter ciclistas de renome a utilizarem as suas bicicletas. Para a Merida foi a oportunidade de ter novamente um campeão do mundo, depois de Rui Costa ter-se mudado para a então Lampre. No entanto, ao ver Dennis ser novamente campeão sem que se tenha visto a marca Merida em destaque durante a transmissão televisiva é um rude golpe mediático.
Rohan Dennis tem mais um ano de contrato com a Bahrain-Merida, equipa que escolheu depois do final da BMC. Esteve longe de ser um ano fantástico para o australiano, mas que até apareceu bem na Volta à Suíça, sendo segundo atrás de Egan Bernal (Ineos). Uma classificação algo surpreendente, mas que abriu expectativas para o Tour. Contudo, foi o Dennis do costume, com as temporadas a passar e o tal voltista em que prometeu tornar-se não se ver.
A Bahrain-Merida já contratou Mikel Landa e Wout Poels e poderá muito bem apostar mais num Dylan Teuns que se destacou tanto no Tour como na Vuelta. O problema de Dennis é que pode ser bicampeão do mundo de contra-relógio, mas o papel que poderá desempenhar numa equipa não é nesta fase da sua carreira claro. Não é um líder que dê garantias e não se tem apresentado disponível para ser gregário. Aos 29 anos, o australiano prepara-se para enfrentar um 2020 muito importante para definir o que resta da sua carreira.
Remco Evenepoel espectacular
O belga não quis competir em sub-23 - escalão a que ascendeu este ano - por respeito aos adversários. Dada a experiência que pôde viver na Deceuninck-QuickStep em 2019, Remco Evenepoel considerou mais justo saltar o escalão e ir directamente dos juniores para a elite nos Mundiais. Há um ano ganhou os títulos no contra-relógio e na prova de estrada e esta quarta-feira só um Rohan Dennis fortíssimo não permitiu um autêntico conto de fadas. Ainda assim, aos 19 anos, Evenepoel foi segundo, a 1:09 minutos, deixando atrás de si alguns dos principais nomes da especialidade, como Nelson Oliveira.
(Fotografia: © Federação Portuguesa de Ciclismo) |
Nelson Oliveira vai continuar a perseguir a medalha que lhe tem escapado, enquanto de Remco Evenepoel se espera que mais cedo ou mais tarde vista a camisola de campeão do mundo de elite no contra-relógio e muito provavelmente numa prova de estrada, que vai participar no domingo.
De referir que Primoz Roglic teve um dia para esquecer. O esloveno esteve longe do ciclista que foi medalha de prata nos Mundiais de Bergen, há dois anos, com a Vuelta a ter o seu peso numa prestação que o fez ser ultrapassado por Rohan Dennis, que partiu três minutos depois! Tony Martin fechou mais um top dez, mas parece cada vez mais difícil que venha a conseguir o ambicionado quinto título. O recordista da hora Victor Campenaerts caiu, teve de trocar de bicicleta... outro corredor que teve um dia para esquecer. Já Alex Dowsett vai recordá-lo, pois a correr em casa foi quinto, na sua melhor classificação de sempre em Mundiais.
(O texto continua por baixo da classificação, via FirstCycling.)
(O texto continua por baixo da classificação, via FirstCycling.)
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(Fotografia: © Federação Portuguesa de Ciclismo) |
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