19 de setembro de 2019

Sunweb ameaça processar Preidler por eventual doping desde o Giro de 2017

(Fotografia: © Pymouss/Wikimedia Commons)
Georg Preidler foi acusado pelo Ministério Público de Innsbruck de fraude, ou seja, por recorrer a doping desde 2017 e não só em 2018, como inicialmente admitiu. A notícia caiu que nem uma bomba na Sunweb. Ao ser envolvido na Operação Ardelass, em Março, o ciclista confessou as irregularidades no ano de 2018, mas acusação agora conhecida abrange um dos anos em que Preidler esteve na equipa alemã, tendo sido um dos importantes gregários de Tom Dumoulin na conquista da Volta a Itália. A Sunweb ameaça agora processar o corredor e Dumoulin ficou em choque, realçando que não ficará surpreendido se for mesmo verdade: "Agora sei que posso ter tido um colega de equipa que poderá não ter corrido limpo."

Quando o escândalo rebentou, afectando várias modalidades, ao ser ligado ao médico no centro do esquema de doping, Mark Schmidt, Preidler deixou de imediato a Groupama-FDJ e confessou que tinha tirado sangue, ainda que garanta que nunca chegou a fazer a posterior transfusão. Admitiu o erro e mostrou arrependimento. Disse então que o caso remontava a 2018, após sair da Sunweb. Porém, a acusação do Ministério Público aponta que Preidler recorreu regularmente à prática de "doping de sangue, tomando também hormonas de crescimento, começando na Volta de Itália na Primavera de 2017 até à sua confissão".

Preidler tem duas semanas para recorrer da acusação, mas já sabe que pode enfrentar novo processo judicial, caso se venha a provar que utilizou doping ainda na Sunweb. A equipa alemã considera, que juntamente com a Groupama-FDJ, é uma vítima das acções de Preidler e está a ponderar processar o austríaco por danos. Vai contactar a formação francesa para perceber se a Groupama-FDJ quer analisar a situação conjuntamente.

"As notícias demonstram mais uma vez a importância e relevância do anti-doping no nosso desporto. Afinal, não podemos mudar a natureza das pessoas, mas podemos influenciar o comportamento através de mecanismos de investigação efectivos. Sempre defendemos mais controlos independentes e assim aumentando as hipóteses de detecção e e tornar as pessoas mais inclinadas em abrandar este tipo de erros custosos", lê-se no comunicado da equipa, publicado no site holandês, AD.nl. A Sunweb garantiu ainda que o não ter renovado contrato com o austríaco para 2018 nada teve a ver com eventuais irregularidades no passaporte biológico do ciclista.

Quanto a Dumoulin, reitera o orgulho que sente na conquista do Giro de 2017, mas há uma sensação de traição, ainda mais porque Preidler foi dos ciclistas com quem teve uma relação mais próxima na Sunweb, ainda mais sendo ambos praticamente da mesma idade (29 anos, separados por cinco meses). Dumoulin, contou que partilhavam a mesma vontade de ir longe e de triunfar no ciclismo. "Não sei se [a acusação] é verdade, claro que espero que não. Mas, para ser sincero, não ficaria surpreendido. Ele não era o alegre Georg que eu conhecia. Ele foi amargo, inseguro e fechado. Penso que era muito difícil para ele ver que tinha trabalhado tanto quanto podia e depois não foi o suficiente para ser o ciclista que ele queria. Penso que são dúvidas que todos os atletas, incluindo eu, lidam de quando em vez durante as carreiras. Mas ele recorreu ao doping enquanto outros não o fizeram, nem fazem. Se estou zangado? Sim!"

Dumoulin prossegue salientando como Preidler tomou uma "decisão terrível" que não só influenciou o próprio austríaco, mas também as pessoas em seu redor. "Ele cometeu um erro e tem de pagar por ele." No entanto, Dumoulin espera que Preidler possa recolocar a sua vida no caminho certo e que possa ser novamente aquela pessoa alegre dos primeiros tempos em que foram companheiros, desde 2013, na então Argos-Shimano.


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