(Fotografia: © PhotoGomezSport/La Vuelta) |
Pé ante pé, Roglic foi conquistando estatuto na equipa, Jumbo-Visma, e no pelotão mundial. Começou a ganhar etapas - a primeira foi no Giro logo em 2016, o seu primeiro ano no World Tour -, com foco no contra-relógio. Depois foi-se afirmando em provas de uma semana. Ainda assim, há dois anos continuava-se a duvidar que se estaria perante um voltista com capacidade para lutar pela vitória na geral. O Tour de 2018 mudou tudo. Roglic ficou à porta do pódio, falhando, curiosamente, na sua especialidade, o contra-relógio. Pagou o esforço de no dia antes ter apostado numa fuga solitária para ganhar a etapa. Não subiu ao pódio em Paris, mas foi como se gritasse bem alto que estava na altura de ter a oportunidade de ser líder indiscutível.
A Jumbo-Visma apostou tudo no esloveno no Giro, mas foi entusiasmo a mais. Entrou forte em 2019 - ganhou todas as provas até à Volta a Itália: Volta aos Emirados Árabes Unidos, Tirreno-Adriatico e Volta à Romandia - e entrou ainda mais forte no Giro, quebrando a partir do meio da corrida. Fez pódio, terceiro, o que foi um prémio merecido. Mas Roglic queria mais.
Aprendeu a lição. Surgiu na Vuelta com menos competição antes da corrida, só competindo nos nacionais, na prova em linha (foi quarto). Entrou com calma na Volta a Espanha, ainda que tenha tido um arranque acidentado com a queda colectiva no contra-relógio por equipas. Nas etapas seguintes - e na Vuelta quase todas são difíceis -, manteve-se atento aos rivais, foi controlando o seu esforço e, no contra-relógio individual (10ª etapa), venceu e vestiu a vermelha, para não mais a largar.
Foi atacado por todos e sempre respondeu. Soube aliar-se nos momentos certos a rivais para ganhar tempo a outros rivais e assim foi garantindo a vantagem que, por outro lado, foi desmoralizando uma concorrência que percebeu que Roglic estava forte de mais, física e mentalmente.
Aprendeu a lição. Surgiu na Vuelta com menos competição antes da corrida, só competindo nos nacionais, na prova em linha (foi quarto). Entrou com calma na Volta a Espanha, ainda que tenha tido um arranque acidentado com a queda colectiva no contra-relógio por equipas. Nas etapas seguintes - e na Vuelta quase todas são difíceis -, manteve-se atento aos rivais, foi controlando o seu esforço e, no contra-relógio individual (10ª etapa), venceu e vestiu a vermelha, para não mais a largar.
Foi atacado por todos e sempre respondeu. Soube aliar-se nos momentos certos a rivais para ganhar tempo a outros rivais e assim foi garantindo a vantagem que, por outro lado, foi desmoralizando uma concorrência que percebeu que Roglic estava forte de mais, física e mentalmente.
Roglic aprendeu a lição do Giro, mas a Jumbo-Visma também. Foi escolhido um grupo mais forte, entre jovens e experientes ciclistas e nem a saída de Steven Kruijswijk devido à queda na primeira etapa, enfraqueceu a equipa. Tony Martin foi o bom velho Martin ainda que também tenha abandonado por queda na antepenúltima etapa. George Bennett variou entre o melhor e uns momentos menos bons, Robert Gesink é a voz da experiência e Sepp Kuss é um jovem de grande maturidade, tendo ganho uma etapa. Lennard Hofstede e Neilson Powless cumpriram a suas funções, sendo normalmente dos primeiros a serem sacrificados juntamente com Tony Martin.
A Jumbo-Visma não foi perfeita e chegou a deixar cedo de mais o seu líder sozinho, mas também aí Roglic comprovou que é o chefe-de-fila que a equipa precisa. Respondeu com categoria às dificuldades e só o facto da Vuelta ser propícia a reviravoltas é que não deixou que se dissesse há mais tempo que a corrida estava ganha.
Na Plataforma de Gredos, Roglic pôde finalmente celebrar. Não é dos ciclistas mais efusivos, mas o lugar na história é seu. Agora há que chegar a Madrid este domingo para fechar um ciclo que a equipa da Jumbo-Visma tanto queria e começar a pensar no próximo, o da consolidação entre as melhores equipas nas grandes voltas. Ou seja, ser a grande rival da Ineos! A descendente da Rabobank ganha novamente uma grande volta dez anos depois de Denis Menchov ter conquistado o Giro.
Foi um caminho difícil, de incerteza - a estrutura quase fechou portas quando perdeu o patrocínio da Rabobank -, mas aí está uma Jumbo-Visma a ganhar e a ser a única equipa que colocou um ciclista no pódio das três grandes voltas. Roglic foi terceiro no Giro e Kruijswijk alcançou a mesma posição no Tour.
Depois de Madrid, depois da festa será altura de assumir o próximo desafio para 2020. Roglic irá atrás da confirmação de voltista vencedor, querendo uma segunda vitória que nem sempre é fácil de alcançar. Que o diga Tom Dumoulin! O holandês que será precisamente um dos rostos novos da Jumbo-Visma para assim rivalizar com a Ineos. Conquistada a Vuelta, arranca uma nova era numa equipa que já pode dizer que sabe o que é ganhar uma grande volta em tempos recentes.
Pogacar irresistível
Roglic chegou tarde ao ciclismo, mas aos 29 anos está longe de ser um velho corredor. Porém, já sabe que na Eslovénia terá o seu rival na história que este país começa a escrever na modalidade. Com apenas 20 anos (faz 21 a 21 de Setembro), Pogacar já conquistou tudo e todos. Mais uma brilhante exibição na 20ª etapa, Arenas de San Pedro - Plataforma de Gredos (190,4 quilómetros). Na primeira tirada de montanha da última semana, Pogacar fraquejou um pouco, mas para quem não sabia o que era competir três semanas, ficou-se a saber que tem de facto tudo e mais alguma coisa para ser um excelente voltista.
Pogacar fez o que tão poucos têm coragem de fazer. Atacou sozinho a quase 40 quilómetros da meta. Ninguém o conseguiu ou quis seguir. Arriscou e assim garantiu a classificação da juventude que tirou a um Miguel Ángel López que antes tinha tentando atacar, mas nem ele nem a Astana já tinham forças para fazer melhor. A Movistar ficou a olhar não se sabe bem para onde e para quem e Nairo Quintana perdeu o seu lugar no pódio para Pogacar. Alejandro Valverde ainda se teve de aplicar para garantir que não cedia o segundo posto. O esloveno, sem ter qualquer ajuda dos colegas da UAE Team Emirates, saltou de quinto para terceiro, ganhou a sua terceira etapa na Vuelta e tudo na estreia de uma grande volta.
Este sábado e domingo serão dias para se falar de Roglic, mas não vai demorar a que se fala e muito deste fabuloso Pogacar. E puxando um pouco para o lado português, são dois ciclistas vencedores da Volta ao Algarve!
Classificações completas, via ProCyclingStats.
20ª etapa: Fuenlabrada - Madrid (106,6 quilómetros)
Etapa de consagração para Primoz Roglic, Tadej Pogacar e Geoffrey Bouchard (vencedor da classificação da montanha, da AG2R) e com os resistentes sprinters à procura de subir ao último pódio da Vuelta. Cai o pano na 74ª edição da corrida, na qual se celebrou 10 anos de camisola vermelha que vai para a Eslovénia.
»»Não vale tudo para ganhar««
»»Da vitória no Alentejo à conquista de Espanha««
A Jumbo-Visma não foi perfeita e chegou a deixar cedo de mais o seu líder sozinho, mas também aí Roglic comprovou que é o chefe-de-fila que a equipa precisa. Respondeu com categoria às dificuldades e só o facto da Vuelta ser propícia a reviravoltas é que não deixou que se dissesse há mais tempo que a corrida estava ganha.
Na Plataforma de Gredos, Roglic pôde finalmente celebrar. Não é dos ciclistas mais efusivos, mas o lugar na história é seu. Agora há que chegar a Madrid este domingo para fechar um ciclo que a equipa da Jumbo-Visma tanto queria e começar a pensar no próximo, o da consolidação entre as melhores equipas nas grandes voltas. Ou seja, ser a grande rival da Ineos! A descendente da Rabobank ganha novamente uma grande volta dez anos depois de Denis Menchov ter conquistado o Giro.
Foi um caminho difícil, de incerteza - a estrutura quase fechou portas quando perdeu o patrocínio da Rabobank -, mas aí está uma Jumbo-Visma a ganhar e a ser a única equipa que colocou um ciclista no pódio das três grandes voltas. Roglic foi terceiro no Giro e Kruijswijk alcançou a mesma posição no Tour.
Depois de Madrid, depois da festa será altura de assumir o próximo desafio para 2020. Roglic irá atrás da confirmação de voltista vencedor, querendo uma segunda vitória que nem sempre é fácil de alcançar. Que o diga Tom Dumoulin! O holandês que será precisamente um dos rostos novos da Jumbo-Visma para assim rivalizar com a Ineos. Conquistada a Vuelta, arranca uma nova era numa equipa que já pode dizer que sabe o que é ganhar uma grande volta em tempos recentes.
Pogacar irresistível
(Fotografia: © Sarah Meyssonnier/La Vuelta) |
Pogacar fez o que tão poucos têm coragem de fazer. Atacou sozinho a quase 40 quilómetros da meta. Ninguém o conseguiu ou quis seguir. Arriscou e assim garantiu a classificação da juventude que tirou a um Miguel Ángel López que antes tinha tentando atacar, mas nem ele nem a Astana já tinham forças para fazer melhor. A Movistar ficou a olhar não se sabe bem para onde e para quem e Nairo Quintana perdeu o seu lugar no pódio para Pogacar. Alejandro Valverde ainda se teve de aplicar para garantir que não cedia o segundo posto. O esloveno, sem ter qualquer ajuda dos colegas da UAE Team Emirates, saltou de quinto para terceiro, ganhou a sua terceira etapa na Vuelta e tudo na estreia de uma grande volta.
Este sábado e domingo serão dias para se falar de Roglic, mas não vai demorar a que se fala e muito deste fabuloso Pogacar. E puxando um pouco para o lado português, são dois ciclistas vencedores da Volta ao Algarve!
Classificações completas, via ProCyclingStats.
20ª etapa: Fuenlabrada - Madrid (106,6 quilómetros)
Etapa de consagração para Primoz Roglic, Tadej Pogacar e Geoffrey Bouchard (vencedor da classificação da montanha, da AG2R) e com os resistentes sprinters à procura de subir ao último pódio da Vuelta. Cai o pano na 74ª edição da corrida, na qual se celebrou 10 anos de camisola vermelha que vai para a Eslovénia.
»»Não vale tudo para ganhar««
»»Da vitória no Alentejo à conquista de Espanha««
Sem comentários:
Enviar um comentário