30 de janeiro de 2019

Keisse expulso da Volta a San Juan. Ciclistas da Deceuninck-QuickStep não foram ao pódio

(Fotografia: Deceuninck-QuickStep)
Expulso. Uma decisão mais do que esperada depois de Iljo Keisse ter simulado um acto sexual com uma rapariga que tinha pedido ao belga e a outros ciclistas da Deceuninck-QuickStep para tirar uma fotografia. O caso acabou na polícia e nos meios de comunicação social. O gesto levou a organização da Volta a San Juan a pedir uma sanção exemplar. A equipa não a deu, no imediato, pelo menos. A organização reagiu expulsando o ciclista, que não partiu para a quarta etapa da corrida argentina.

Pelo meio houve então uma ida à polícia após a queixa, uma multa que rondou os 70 euros (feito o câmbio) e um pedido de desculpa de Keisse pelo gesto "estúpido", como o próprio referiu. Da equipa veio uma tentativa de colocar um rápido ponto final: "Foi uma brincadeira que não deveria ter sido feita, mas uma que não vai além de um aviso ou multa." O comunicado foi citado pela Marca, ficando aberta a possibilidade de uma sanção interna.

A organização da Volta a San Juan fez-se valer do regulamento da UCI, que prevê que um ciclista deve comportar-se de forma conveniente, inclusivamente fora das corridas. A reacção à expulsão veio do director da equipa, Patrick Lefevere. "Se dependesse de mim, a equipa ia toda embora da Volta a San Juan. Estamos a rever o que os regulamentos da UCI dizem e depois decidiremos rapidamente se vamos começar ou não [a quarta etapa]", afirmou ao Het Laatste Nieuws.

A equipa continua em prova, Julian Alaphilippe continua na liderança e Remco Evenepoel é o melhor jovem. Ainda assim, ninguém subiu ao pódio após a quarta tirada, ainda que tenha sido garantido que não era uma forma de protesto. Foi explicado pelo responsável de marketing e comunicação da equipa, Alessandro Tegner, que Evenepoel e Álvaro Hodeg, terceiro classificado na etapa, não se sentiram bem na parte final da corrida e que foi decidido não irem ao pódio. Alaphilippe teve de ir realizar os testes anti-doping, mas não foi à conferência de imprensa. A equipa poderá ser multada, pois a presença no pódio é obrigatória.

Nas declarações referidas de Lefevere, o responsável chegou a insinuar que a rapariga que fez queixa na polícia contra Keisse queria dinheiro. Numa entrevista à Marca, a jovem de 18 anos, empregada no café onde estavam os ciclistas da Deceuninck-QuickStep, garantiu: "Não quero dinheiro. Os meus pais têm dinheiro e se eu trabalho, é por não querer pedir-lhes dinheiro. Não denunciei por dinheiro, mas sim por dignidade." Além do gesto de Keisse, a rapariga acusou ainda o ciclista de lhe ter tocado ao simular o acto sexual, algo que o belga de 36 anos desmentiu.

Para a jovem o caso está encerrado, assim como para a justiça argentina. Terá ficado para a Deceuninck-QuickStep?

O mal-estar está instalado por um gesto de facto estúpido e de enorme desrespeito por quem apenas quis tirar uma fotografia com ciclistas que são o rosto de uma das equipas mais populares do mundo, sendo eles próprios algumas das referências da modalidade actualmente. A decisão da organização da corrida não foi surpreendente, já a da equipa em adiar eventuais sanções, deixa mais uma vez a ideia que só interessa a competição e que tudo o resto pode ser adiado para uma altura mais conveniente. Foi assim com a Sky quando Gianni Moscon foi acusado de comentários racistas contra outro ciclista e repetiu-se agora com esta situação de Keisse.

Esta quinta-feira é dia de descanso na Volta a San Juan, o que até poderá ser algo bom para a Deceuninck-QuickStep ficar mais resguarda da atenção indesejada que o caso de Keisse atraiu. Tegner assegurou que a equipa vai manter-se em prova. Fernando Gaviria, UAE Team Emirates e ex-ciclista da formação belga, venceu a quarta etapa, a sua segunda, com Alaphilippe a manter a liderança conquistada no contra-relógio que venceu, tendo oito segundos de vantagem sobre o colombiano, naquela que também foi a sua segunda vitória na prova.

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