18 de setembro de 2020

Sunweb a ganhar, Bennett a controlar e Sagan a ver a verde escapar

A Sunweb merece um lugar de honra nesta Volta a França. Não se limitou a picar o ponto vencendo uma etapa. Tornou-se numa das equipas a dar mais espectáculo, principalmente nas etapas de média montanha ou para sprinters. A sua forma de correr mostra que arriscar pode ter a sua compensação. E de que maneira! Seria difícil prever que a equipa alemã somaria três vitórias de etapas, numa altura em que não tem nem homem para a geral, nem Michael Matthews, que não foi convocado. Desta feita, na 18ª etapa, a Sunweb "intrometeu-se" na luta pela camisola verde para um incrédulo Soren Kragh Andersen vencer pela segunda vez uma tirada (nem acreditou quando a equipa lhe disse que tinha um minuto de vantagem a pouco mais de um quilómetro da meta).

Era praticamente o tudo ou nada para Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) e também para Matteo Trentin (CCC) para tentar apanhar Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep). Os três conseguiram ficar na frente da corrida num grupo que já se vai perceber porque parecia estar-se numa clássica do pavé. Estavam também, entre outros, Greg van Avermaet (CCC), Jasper Stuyven (Trek-Segafredo), Oliver Naesen (AG2R) e Luke Rowe (Ineos Grenadiers).

Soren Kragh Andersen também tem experiência em Paris-Roubaix e Volta a Flandres e dá-se muito bem em percursos "ondulados", como era o caso esta sexta-feira (Bourg-en-Bresse - Champagnole, 166,5 quilómetros). É também bom no contra-relógio e também tem potencial para as provas por etapas mais curtas. Prova disso, o segundo lugar na Volta ao Algarve no ano passado, tendo sido batido por Tadej Pogacar (UAE Team Emirates), o actual segundo classificado do Tour.

Mesmo sendo conhecidas as qualidades deste dinamarquês de 26 anos, ninguém respondeu ao ataque final de Andersen. Mais uma vez, a Sunweb teve um timing perfeito. E mais uma vez, Sagan mostrou que não é o ciclista de outros tempos.

Pela primeira vez na sua carreira, está muito perto de participar num Tour até ao fim e não conquistar a camisola verde. Tem sete, é recordista, mas 2020 não está a ser o seu ano. Foi batido por Sam Bennett tanto no sprint intermédio, como no sprint final, no caso para o oitavo e nono posto. São 55 pontos a separá-los. Ser batido pelo irlandês foi algo normal neste Tour. Bennett tem os Campos Elísios a separá-lo de subir ao pódio com a camisola verde e por tudo o que mostrou até agora, a vantagem na luta com Sagan está do seu lado.

O eslovaco poderá lamentar que a organização tenha alterado a colocação dos sprints intermédios, que o prejudicou, mas a sua forma física está longe do ideal. Nos últimos anos, mesmo não ganhando tanto, Sagan entrava nas fugas nas etapas de montanha, passava uma ou duas subidas mais difíceis para depois recolher os pontos. Ficava entretanto para trás, poupando forças para uma próxima fuga ou discussão de etapa ao sprint.

Em 2020, os sprints foram colocados antes das principais dificuldades, o que deu aos sprinters hipótese de discutir a classificação dos pontos. Sem a capacidade de sprint de outros tempos, Sagan foi constantemente batido por Bennett e também por um Trentin, que tentou ser um candidato, mas nunca assustou o irlandês.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

20ª etapa: Lure - La Planche des Belles Filles, 36,2 quilómetros

A camisola verde fica fechada no domingo, mas este sábado Primoz Roglic quer selar a amarela, enquanto a da montanha também estará em disputa no contra-relógio que termina em estilo crono-escalada em La Planche des Belles Filles.

Richie Porte, da Trek-Segafredo, (quarto classificado) tem mais de três minutos para recuperar, enquanto Miguel Ángel López (Astana) tem 1:27, mas não tem um contra-relógio que se compare ao de Roglic. Pogacar está a 57 segundos, contudo, por mais qualidade que tenha, sabe que tem uma missão difícil, para não dizer impossível. Porém, nunca se sabe o que pode acontecer... Até coisas estranhas estragam corridas. Que o diga Lukas Pöstlberger (Bora-Hansgrohe), que foi picado por uma vespa na boca durante a etapa de hoje e teve de abandonar, chegando mesmo a ir ao hospital.

Na luta pela montanha, é novamente Pogacar quem surge na perseguição, desta feita a Richard Carapaz (Ineos Grenadiers). Dois pontos separam os ciclistas, com Roglic ainda ter hipóteses matematicamente.

Na juventude, Pogacar está mais descansado. Tem 3:22 minutos de vantagem sobre Enric Mas, da Movistar, equipa que lidera colectivamente. A equipa espanhola lá vai coleccionando esta classificação, mesmo que neste Tour pouco se tenha visto. Porém, Mas ter acabou por fazer uma boa Volta a França, apesar de estar longe da luta por um pódio.

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