20 de dezembro de 2016

UAE Abu Dhabi, a equipa de Rui Costa e com licença World Tour

Rui Costa e companheiros podem finalmente sorrir
(Fotografia: Facebook de Rui Costa tirada durante a apresentação do Tour)
É o fim da incerteza. Ainda se mantém o mistério de quem é o investidor (ou investidores) que salvou o projecto que era suposto ser o primeiro chinês do World Tour e que acabou por ser o segundo do Médio Oriente a este nível. A confirmação da licença foi dada esta terça-feira pela UCI, o que deixou ciclistas e staff, ou seja, cerca de 60 pessoas, a respirar de alívio e a puderem finalmente concentrarem-se em pleno na preparação de uma temporada que está quase a começar.

No comunicado hoje divulgado, a UCI anunciou a licença World Tour por dois anos, depois de a 25 de Novembro ter confirmado 17 dos 18 pedidos, tendo o da então TJ Sport ficado para ser reanalisado, com a equipa a explicar que tinha pedido um adiamento para entregar os documentos necessários. O prazo para essa entrega terminou na quinta-feira, 15 de Dezembro.  Da pouca informação que foi divulgada, sabe-se que o director desportivo Giuseppe Saronni e Mauro Gianetti desdobraram-se em contactos para garantir os apoios necessários para dar continuidade à equipa que este ano foi a Lampre-Merida. A Colnago, que vai fornecer as bicicletas, terá tido um papel determinante nas negociações.

O World Tour terá assim 18 equipas, com a redução que deveria ter acontecido este ano para 17 a ficar adiada para 2019, sendo que no ano seguinte serão 16 formações no World Tour. Com a UAE Abu Dhabi a cumprir os requisitos desportivos, financeiros, administrativos e éticos, o Médio Oriente terá assim duas equipas no nível mais alto do ciclismo mundial, depois da Bahrain-Merida se ter tornado na primeira formação a conseguir a licença World Tour. Já Itália, fica sem qualquer equipa no principal escalão.

O projecto que prometia ser algo grandioso no ciclismo, com o objectivo de ter também um lado social na divulgação da modalidade na China e tentar promover um estilo de vida mais saudável, terminou em fracasso. A TJ Sport disse que comprava a licença da Lampre-Merida e que tinha muitos interessados em juntar-se ao projecto, de tal forma que o nome da equipa seria conhecido mais tarde. Nunca se soube quem eram esses "interessados" e a demora em apresentá-los foram os primeiros sinais que algo se passava.

Ainda assim, a TJ Sport garantiu a renovação de Rui Costa, Diego Ulissi e Sacha Modolo, contratando depois Ben Swift (Sky), John Darwin Atapuma (BMC), Andrea Guardini (Astana), Vegard Stake Laengen (IAM) e Marco Marcato (Wanty-Groupe Gobert). Além disso manteve os contratos em vigor de ciclistas como os jovens Louis Meintjes e Valerio Conti, entre outros.

Porém, a 25 de Novembro tornou-se público que as promessas da TJ Sport teriam caído em saco roto. A UCI disse que o pedido de licença World Tour ia ser reanalisado. A equipa explicou que tinha pedido um adiamento e foi noticiado que Saronni teria ido à China perceber o que se passava e, mais tarde, soube-se que estaria à procura de novos investidores. Uma das informações divulgada foi que o líder do projecto, Li Zhiqiang, teria adoecido, sofrendo de cancro do pâncreas. A empresa desmentiu esta situação. Uma das causas provável avançada para os problemas de financiamento foram as próprias leis da China. A movimentação de grandes quantias de dinheiro para o estrangeiro não pode ser feita livremente, segundo explicou o VeloNews. Em Dezembro, o estágio que estava agendado foi cancelado. Já não havia forma de esconder que havia um grande problema e uma enorme incerteza.

Oficialmente ainda não foi explicado o que aconteceu. Aliás, mesmo com o anúncio da UCI, a equipa mantém-se em silêncio. Já Ben Swift, um dos reforços reagiu no Twitter.

O Cycling News noticiou há uns dias que apesar de ter conseguido obter o investimento necessário para garantir a licença World Tour, ainda assim a equipa deverá ter o orçamento mais baixo do escalão. Deverão ser entre oito a nove milhões de euros, que cobrirão os gastos necessários, mas não haverá grande margem de manobra para estágios, por exemplo.

No entanto, para ciclistas e staff o mais importante será certamente saber que a equipa irá mesmo continuar em 2017, sendo uma prenda de Natal antecipada. O ciclista português, campeão do mundo em 2013, Rui Costa, irá começar a temporada na Argentina na Volta a San Juan (de 23 a 29 de Janeiro), mas a UAE Abu Dhabi irá estrear-se no World Tour no Tour Down Under, na Austrália (de 17 a 22 de Janeiro).

Entre 23 e 26 de Fevereiro viver-se-á um momento muito especial naquele Emirado. É que agora, além de pela primeira vez ter uma corrida World Tour, irá também apresentar uma equipa no principal escalão.

As 18 equipas World Tour para 2017 e 2018 são: AG2R La Mondiale, Astana, Bahrain-Merida, BMC, Bora-Hansgrohe, Cannondale-Drapac, Dimension Data, Quick-Step Floors, FDJ, Katusha-Alpecin, LottoNL-Jumbo, Lotto Soudal, Movistar, Orica-Scott, Team Sky, Team Sunweb (antiga Giant-Alpecin), Trek-Segafredo e UAE Abu Dhabi (antiga Lampre-Merida).

Quanto a ciclistas portugueses no World Tour, além de Rui Costa, será o ano de estreia de José Mendes (Bora-Hansgrohe), de José Gonçalves (Katusha-Alpecin) - que terá como colega Tiago Machado - e de Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo), que estará ao lado de André Cardoso que deixou a Cannondale-Drapac. Nelson Oliveira cumprirá o segundo ano na Movistar.

Duas dúvidas persistem no escalão Profissional Continental

A UCI confirmou ainda 21 equipas no segundo escalão, mas voltou a adiar a decisão sobre a Funvic e a Polish Activejet. Estas eram duas das três equipas que a 25 de Novembro viram os processos ficarem para ser reanalisados. Na sexta-feira, a italiana Androni Giocattoli recebeu a licença. As razões da Funvic prendem-se com os três casos de doping que levaram à suspensão da equipa brasileira - que contratou o português Daniel Silva - até 12 de Fevereiro, mas desconhece-se o que está a adiar a decisão sobre a formação polaca, que poderá ser "atirada" para o escalão Continental.

De destacar a estreia de uma equipa da Irlanda e de outra de Israel neste nível do ciclismo mundial, ou seja, da Aqua Blue Sport e da Israel Cycling Academy. Quanto a portugueses, Rafael Reis irá representar a equipa espanhola da Caja Rural, enquanto Ricardo Vilela assinou pela colombiana Manzana Postobón.

Equipas que farão parte do escalão Profissional Continental: Androni Giocattoli, Aqua Blue Sport, Bardiani CSF, Caja Rural-Seguros RGA, CCC Sprandi Polkowice, Cofidis Solutions Credits, Delko Marseille Provence KTM, Direct Energie, Fortuneo-Vital Concept, Gazprom-Rusvelo, Israel Cycling Academy, Manzana Postobón, Nippo-Vini Fantini, Roompot-Nederlandse Loterij, Sport Vlaanderen-Baloise, Team Novo Nordisk, Unitedhealthcare Profession Cycling Team, Veranda´s Willems Crelan, Wanty-Groupe Gobert, WB Veranclassic Aqua Protect e Wilier Triestina.

»»Ben Swift preparou plano B caso equipa acabe««

»»Salvação para equipa de Rui Costa pode chegar do Médio Oriente««

»»Equipa de Rui Costa ainda sem licença World Tour. UCI vai analisar melhor o pedido. TJ Sport diz que solicitou adiamento do prazo««

Sem comentários:

Enviar um comentário