31 de dezembro de 2016

Momentos do ano: do insólito ao dramático

A corrida de Froome no Mont Ventoux foi, inevitavelmente, o momento do ano
2016 foi um excelente ano de ciclismo. Para a história e estatísticas ficarão fantásticas vitórias como o primeiro monumento de Peter Sagan (Volta a Flandres), o seu título europeu e o segundo mundial, o terceiro Tour de Chris Froome, a recuperação incrível de Vincenzo Nibali para vencer o Giro e o inesquecível triunfo de Nairo Quintana numa Volta a Espanha do melhor que já se viu nos últimos anos em grandes voltas. Temos ainda o primeiro monumento da Sky (Wout Poels na Liège-Bastogne-Liège), de Johan Esteban Chaves (Il Lombardia) - depois do pódio no Giro e na Vuelta - e de Arnaud Démare (Milano-Sanremo). E, claro, a grande surpresa chamada Mathew Hayman no Paris-Roubaix. Tivemos o regresso de Marcel Kittel às vitórias e um Mark Cavendish ao seu melhor nível na Volta a França, onde conseguiu, finalmente, vestir a camisola amarela.

O ano ficará ainda marcado pelas despedidas de Fabian Cancellara, Joaquim Rodríguez, Bradley Wiggins, Frank Schleck, Ryder Hesjedal e Jean-Christophe Péraud. Em Portugal, Hêrnani Broco também terminou a carreira, tendo Hugo Sabido e Bruno Pires optado por fazer o mesmo depois de não encontrarem equipa para 2017.

Ainda por cá, a surpresa chamada Rui Vinhas marcou 2016. O gregário da W52-FC Porto beneficiou de uma fuga para vestir a amarela na Volta a Portugal e não mais a largou. Um regresso em grande dos dragões ao ciclismo, ao contrário do Sporting, que se juntou ao Tavira, mas teve um 2016 muito complicado e parco em vitórias.

Regressando ao World Tour, Oleg Tinkov fechou a equipa e a IAM também terminou, o que mexeu muito com o mercado de transferências. Peter Sagan assinou pela Bora-Hansgrohe - equipa que sobe do escalão Profissional Continental para o principal -, num contrato de seis milhões de euros anuais, enquanto Alberto Contador assinou pela Trek-Segafredo. Sérgio Paulinho regressa a Portugal, à Efapel, mas vão estar quatro novos portugueses ao World Tour: José Mendes, José Gonçalves e os jovens Ruben Guerreiro e Nuno Bico. De referir ainda que pela primeira vez haverá uma portuguesa ao mais alto nível no ciclismo feminino: Daniela Reis.

Tantos momentos que ficam por referir, mas aqui ficam alguns dos mais insólitos, marcantes e também dos mais tristes de 2016.

Quedas de Fabian Cancellara no Paris-Roubaix

Foi o ano de despedida do ciclista suíço. Cancellara apostou forte na Volta a Flandres e no Paris-Roubaix, as suas clássicas de eleição. A primeira ficou para Sagan, com o suíço a ficar em segundo, num momento de fair play quando Sep Vanmarcke não sprintou em sinal de respeito, ficando em terceiro. Já no Paris-Roubaix, Cancellara teve uma queda que o tirou da discussão. 



Se essa o desiludiu porque não o deixou lutar pela resultado mais desejado, Cancellara admitiu que foi a queda no velódromo que o mais envergonhou. Ao saudar o público, com a bandeira numa mão, o suíço perdeu o controlo da bicicleta e proporcionou um momento caricato.



A queda da desgraça de Steven Kruijswijk

Estava a ser um Giro fenomenal para o holandês da Lotto-Jumbo. Parecia que nada nem ninguém lhe poderia tirar uma vitória brilhante... Até que aquela descida, aquela curva no Colle dell'Agnello... O tombo na neve arruinou um sonho e tirou-lhe um triunfo que lhe era merecido.



Mais uma queda, mas desta vez do insuflável que assinala o último quilómetro

Preparavam-se os ciclistas para terminar mais uma etapa, a sétima, do Tour, alguns até queriam atacar, como foi o caso de Adam Yates, que acabou por levar com o insuflável que assinala o último quilómetro em cima. Foi uma queda insólita que lhe valeu uns pontos no queixo.



Festejos precipitados, terminar etapa a empurrar a bicicleta e o enganou que parou uma fuga. Tudo na Volta a Portugal

A Volta a Portugal também teve os seus momentos insólitos. Na primeira etapa foi Wilson Ramiro Diaz a festejar uma vitória quando ainda faltava mais uma volta ao circuito final em Braga. Houve um ciclista que acabou uma etapa a empurrar a bicicleta. Teve um problema, já faltava pouco, não valia a pena esperar por apoio. Mas o melhor foi mesmo o engano na oitava tirada. O pelotão foi pelo caminho errado e o comissário optou por parar a fuga, esperar que o pelotão chegasse, dar novamente ordem de partida aos ciclistas da frente e depois aos restantes, mantendo a diferença que estava antes do engano. Pelo meio a RTP1 fez algo que provavelmente foi inédito: entrevistar ciclistas durante a etapa!



O ataque de Contador e Quintana na Vuelta

A etapa 15ª da Volta a Espanha entrará para a história do ciclismo. Há muito que não se via um líder entrar numa fuga numa grande volta, mas Nairo Quintana aproveitou a boleia de Alberto Contador para fugir nos primeiros quilómetros de uma tirada curta. Apanhou uma Sky desprevenida e Chris Froome não só perdeu a Vuelta nesse dia, como só não perdeu a sua equipa, porque a organização fechou os olhos ao facto de grande parte do pelotão ter chegado fora do tempo limite. Que fantástico dia de ciclismo!



Os momentos tristes

Foram muitos os incidentes, alguns graves. 2016 ficará novamente marcado pela questão das motos nas corridas. Antoine Demoitié (Wanty-Groupe Goubert) morreu depois de ter sido atingido por uma moto na Gent-Wevelgem. O motard não conseguiu parar quando se deu uma queda no pelotão. Depois temos Stig Broeckx. O belga da Lotto-Soudal começou o ano a ser "empurrado" por uma moto (vídeo em baixo), recuperou das lesões apenas para voltar a ser atropelado na Volta à Bélgica. Esteve várias semanas em coma.




E o momento dos momentos...

Palavras para quê? Como não poderia deixar de ser, o momento do ano tem de ser a corrida de Chris Froome no Mont Ventoux. Com a bicicleta danificada após uma queda provocada quando uma moto não conseguiu "furar" pelo muito público, o britânico não se atrapalhou por ter uns sapatos nada práticos para correr e começou a subir o Mont Ventoux a pé. Memorável!




Que venha 2017! Bom ano!

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