7 de dezembro de 2016

TJ Sport cancela estágio. Futuro cada vez mais incerto para a equipa de Rui Costa

Rui Costa e os colegas têm cada vez menos razões para sorrirem
(Fotografia: Facebook Rui Costa)
O futuro daquela que deveria ser a primeira equipa chinesa no World Tour está cada vez mais dúvida. De tal forma que agentes e ciclistas estão preocupados com o arrastar da incerteza, pois há cerca de duas semanas que a UCI atribuiu as licenças World Tour, ficando a da TJ Sport adiada para ser reanalisada, com os responsáveis da equipa a dizerem que pediram mais tempo para entregar os documentos necessários. Porém, a documentação ainda não terá sido entregue - o prazo termina dia 15 - e a TJ Sport cancelou agora o estágio que estava programado para a próxima semana.

Robbie Hunter, empresário de uma das principais figuras da equipa, Louis Meintjes, admitiu ao site CyclingTips que "está muito preocupado" com o que se está a passar na TJ Sport. "Vamos pôr as coisas desta maneira... Não estou 100% convencido que a equipa, nesta fase, tenha o suficiente para funcionar", disse Hunter. Os responsáveis Giuseppe Saronni e Mauro Gianetti não estão contactáveis, segundo vários meios de comunicação social, e Gianetti estará mesmo na China a tentar desbloquear a situação e entregar os documentos a tempo e horas à UCI.

Para obter uma licença World Tour as equipas têm de respeitar os parâmetros desportivos, éticos, financeiros e administrativos, não se conhecendo qual deles estará a provocar este atraso na TJ Sport. Caso a documentação não seja entregue a tempo, ou a licença World Tour não seja atribuída, restam duas possibilidades: a equipa poderá ficar no escalão Profissional Continental ou deixará de existir.

A TJ Sport comprou a Lampre-Merida e queria tornar-se na primeira equipa chinesa no World Tour. Porém, desde o início que se foram surgindo algumas dúvidas. A empresa anunciou que estava em negociações com vários possíveis patrocinadores, de tal forma que inicialmente não havia certeza quanto ao nome da equipa. Até hoje não foram anunciadas quaisquer parcerias. A própria continuidade da Lampre está em causa, com a empresa italiana a ponderar abandonar o ciclismo. 

Uma das primeiras acções da TJ Sport foi renovar os contratos de Rui Costa, Diego Ulissi e Sacha Modolo, herdando os ciclistas que ainda tinham vínculos válidos com a Lampre-Merida, caso de Louis Meintjes, por exemplo. Contratou ainda Ben Swift (Sky), John Darwin Atapuma (BMC), Andrea Guardini (Astana), Vegard Stake Laengen (IAM) e Marco Marcato (Wanty-Groupe Gobert).

O site Cycling News escreve que a Colnago já tem as bicicletas preparadas para entregar aos ciclistas, mas estas continuam na sede da empresa em Milão. Já os equipamentos ainda não terão sido criados pela Champion System, uma empresa de Hong Kong que teve um papel importante na aquisição da Lampre-Merida.

A grande preocupação é que se o projecto não avançar entre 60 a 70 pessoas arriscam-se a ficar sem trabalho em 2017. O empresário Robbie Hunter destacou precisamente esse factor, afirmando que muitos, incluindo ciclistas, poderão ter dificuldade em encontrar colocação nesta altura do ano, quando a maioria das equipas já finalizaram as suas contratações.

"Eu represento o Louis Meintjes e obviamente que haverá possibilidades para ele. Mas também represento outros ciclistas e poderá mais difícil encontrar emprego, especialmente quando estamos a chegar a meio de Dezembro", referiu Hunter.

Enquanto esta indecisão estará certamente a provocar grande ansiedade nos ciclistas e restante staff da equipa, poderá, no entanto, resolver questão da UCI em querer reduzir as equipas World Tour para 17 no próximo ano. De recordar que essa tinha sido a decisão no acordo feito com a ASO, que organiza provas como a Volta a França e Paris-Roubaix e que tinha ameaçado tirar as suas competições do World Tour se não se verificassem mudanças. Porém, com a criação da Bahrain-Merida e com a pretensão de subir de escalão da Bora-Hansgrohe (antiga Bora-Argon 18), seria a Dimension Data a ficar de fora. A equipa sul-africana ficou em último no ranking, naquele que foi o seu primeiro ano no principal nível do ciclismo mundial. A polémica e a ameaça do caso acabar em tribunal fez com que a UCI voltasse atrás na decisão e concordasse que a redução de equipas acontecesse apenas em 2019.

O tempo está a escassear para a TJ Sport, com o primeiro projecto chinês a ameaçar tornar-se num flop e principalmente num grande problema para todos aqueles que tinham contrato com a equipa. A equipa até realizou um primeiro encontro, em Novembro, entre alguns dos ciclistas, mas agora reina a incerteza. Robbie Hunter diz que Meintjes deve concentrar-se em preparar 2017, que ele, como empresário, tratará do seu futuro. Porém, não deverá ser fácil para nenhum dos ciclistas preparar um futuro que não sabem qual será.

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