13 de abril de 2019

Pára tudo! É dia de Paris-Roubaix

(Fotografia: © ASO/Pauline Ballet)
É um dos dias mais especiais do ano no ciclismo. Para quem gosta de clássicas até poderá ser o mais especial. Uma experiência única para quem assiste in loco, certamente. Para os que têm de assistir via televisão, este domingo até se pode dizer que é quase como um dia santo, principalmente deste que o Eurosport passou a transmitir o monumento na íntegra (a transmissão começa às 10:00). São cerca de seis horas de ciclismo que raramente desiludem. E há que admitir que o entusiasmo é grande para a 117ª edição. Mais do que outros anos? Sim. Afinal temos um lote alargado de favoritos, sem que nenhum se apresente como mais favorito do que outros. Não tem sido normal em épocas recentes nesta corrida. A previsão é seja uma corrida aberta, mas a verdade é que o Paris-Roubaix nunca foi previsível. Tenha ou não candidatos mais fortes que outros.

Tal como aconteceu na antecipação da Volta a Flandres, é novamente estranho não ter Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) a liderar uma lista de favoritos. O eslovaco mal se parece com o ciclista que há um ano conseguiu finalmente conquistar Roubaix. Mas é Sagan. Greg van Avermaet (CCC) tem tido uma época de clássicas frustrante (conquistou o monumento em 2017). Diz que não terá arrependimentos se não conseguir ganhar, mas talvez se deva arrepender de ter jogado tão à defesa na Flandres e de ainda ter dito que não iria arrastar nenhum adversário consigo na perseguição a Alberto Bettiol (EF Education First).

Se se repetir a mesma forma de agir de Avermaet e não só - não estava sozinho naquele grupo - então um ataque à Bettiol (que não estará presente) pode resolver o Paris-Roubaix. E quantas vezes já se viu o monumento ser assim decidido? Peter Sagan (ainda que tenha tido a companhia de Silvan Dillier, da AG2R) atacou a mais de 50 quilómetros. Niki Terpstra, Tom Boonen, Fabian Cancellara são nomes que ficaram para a história com ataques que marcaram Roubaix.

Talvez por isso Wout van Aert (Jumbo-Visma) tenha toda a razão ao dizer: "Atreve-te a atacar!" É assim que se pode ganhar o Paris-Roubaix. O belga é mais um candidato, assim como Zdenek Stybar, Yves Lampaert e porque não Philippe Gilbert, a quem falta este monumento e a Milano-Sanremo na sua "colecção". Claro que na Deceuninck-QuickStep qualquer um dos sete pode lutar por uma vitória e Kasper Asgreen vem de um segundo lugar na Flandres. John Degenkolb (Trek-Segrafedo) demonstra um discurso confiante de quem pode vencer novamente em Roubaix, mas não tem convencido nas exibições. Sep Vanmarcke (EF Education First) seria uma surpresa se ganhasse este ano, mas que merece, merece pelo que já fez na carreira. Contudo, a lesão no joelho estragou-lhe a fase das clássicas. Mas tentará estar na luta.

Atenção a Edvald Boasson Hagen (Dimension Data), deixou boas indicações recentemente. Ainda mais atenção a Nils Politt. O alemão tem estado tão bem nas clássicas e a Katusha-Alpecin precisa desesperadamente de uma grande vitória. Oliver Naesen (AG2R) acredita que 2019 pode ser o seu ano.

Niki Terpstra (Direct Energie) está de fora após a queda na Flandres. Seria um animador, tal como Mathieu van der Poel (Corendon-Circus). A organização deverá estar arrependida por não ter atribuído o convite a esta equipa Profissional Continental... 

Falta salientar pelo menos mais um nome (a lista poderia continuar). No início da época era impensável estar a horas do arranque do Paris-Roubaix e dizer que Alexander Kristoff é não só um candidato, mas talvez aquele que se possa dizer que se destaca um pouco. Quando se preparava para ter de ser um lançador de Fernando Gaviria na UAE Team Emirates - o que já aconteceu -, o norueguês foi à luta para se impor num terreno em que o colombiano continua a não mostrar-se muito à vontade. Excelente época de clássicas, com vitória na Gent-Wevelgem e pódio na Flandres. Se vencer, Kristoff, o ciclista que a Katusha-Alpecin trocou por Marcel Kittel e que correu o risco de ficar em segundo plano na UAE Team Emirates para Gaviria, ficará com um terceiro monumento na carreira, depois de vencer a Volta a Flandres em 2015 e a Milano-Sanremo no ano antes. Kristoff pode nem sempre estar no seu melhor, mas não é um ciclista de segunda linha.

Quanto a portugueses... Nem um. Nelson Oliveira (Movistar) tem sido quem mais se tem visto por Roubaix, mas tem sido uma corrida cujas quedas lhe estragaram duas temporadas consecutivas. Desta feita preferiu ficar de fora. Pode ver neste link a lista de inscritos, via ProCyclingStats.

257 quilómetros, 29 sectores de pavé, que começarão a contar após quase 100 quilómetros percorridos. Pára tudo! Este domingo é dia de Paris-Roubaix! O Inferno do Norte.


Sem comentários:

Enviar um comentário