(Fotografia: Facebook Astana) |
"Um pequeno susto, um momento de adrenalina", descreveu o ciclista da Astana sobre aquela quase queda (ver vídeo em baixo). Mas nada evitou que concluísse uma feliz contagem: na semana das Ardenas começou com um terceiro lugar na Amstel Gold Race, um segundo na Flèche Wallonne e finalmente o primeiro na Liège-Bastogne-Liège. Se certamente teria gostado de vencer qualquer das corridas, conquistar um monumento é fazer parte da história das corridas mais históricas do ciclismo, pelo que escolheu a ideal para coroar a melhor época de clássicas que já realizou. E se quisermos um pouco mais na contagem, Fuglsang, antes de viajar para as Ardenas, foi quarto na Volta ao País Basco.
— Astana Pro Team (@AstanaTeam) 28 April 2019
Ficou mais uma vez comprovado que não há de facto vencedores anunciados no ciclismo e alguma vez havia de acontecer a Julian Alaphilippe. Fraquejou. Por uns instantes esteve lado a lado com Fuglsang, na reedição da dupla que tanto tem andado junta desde a Strade Bianche. Tanto nesta prova italiana, como na Flèche Wallonne, Fuglsang perdeu para o francês e na Amstel só não discutiram a vitória entre eles, porque facilitaram e um super Mathieu van der Poel aproveitou para conquistar uma inesquecível vitória.
Na Liège, Fuglsang não quis arriscar. Não quis companhia num final que regressou à cidade belga e foi em terreno plano, bem diferente do que tem marcado a clássica nos últimos quase 30 anos, em Ans. O percurso chamou ciclistas que gostam de sprints, mas foi um que se dá bem com subidas que venceu. As muitas dificuldades da Liège-Bastogne-Liège não matam, mas moem e muito. Que o digam Alejandro Valverde e Rui Costa (abandonaram), Philippe Gilbert, Greg van Avermaet, Michael Matthews e muitos mais, que nem na discussão conseguiram estar.
Alaphilippe não resistiu na última subida de Roche-aux-Faucons e antes até terá desejado boa sorte a Fuglsang, ao perceber que não iria ter capacidade para discutir a corrida. Já há algum tempo que não se via o francês claudicar assim. Mas depois de tantos meses em alta rodagem, com nove vitórias, a Liège-Bastogne-Liège tem de esperar mais um ano. Há que não esquecer que alcançou o seu primeiro monumento na Milano-Sanremo, mas aquele que lhe parece tão perfeito volta a ficar adiado.
Novo fôlego de Fuglsang
Aos 34 anos, o dinamarquês ganha um novo fôlego na carreira. Depois de tantas épocas como gregário, Fuglsang muito lutou para ter o papel principal na Astana. Não conseguiu afirmar-se como líder no Tour como queria, apesar de em 2017 até ter ganho o Critérium du Dauphiné, a sua grande conquista até este domingo. A afirmação de Miguel Ángel López e a chegada de Ion Izagirre poderia fazer tremer Fuglsang, que não agarrou por completo a liderança após a saída de Aru. Mas não. Até poderá ter sido uma "pressão" positiva.
Talvez Fuglsang tenha feito o seu caminho para amadurecer como líder. 2019 está a ser um ano sensacional, tendo ganho a Ruta del Sol e foi terceiro no Tirreno-Adriatico. Não significa que será um forte candidato a discutir a Volta a França. Contudo, será o número um da Astana e será natural que aspire a um top dez, no mínimo e seria de estranhar que não sonhasse com o pódio. Difícil, mas a motivação estará em alta.
Liège estudada ao pormenor
Fuglsang tinha não só reconhecido o percurso de quase 256 quilómetros, como escolheu de imediato onde poderia atacar. Escolheu a última subida categorizada para deixar o grupo e numa pequena ascensão que se seguiu, quebrou a resistência de Michael Woods e Davide Formolo também não resistiu, aguentando pelo menos um segundo lugar. A Bora-Hansgrohe ainda fechou o pódio com Max Schachmann. O italiano ficou a 27 segundos e o alemão a 57, sendo o mais forte no sprint para o terceiro lugar.
Tudo estava destinado a ser perfeito e mesmo aquela forma de recuperar a bicicleta quando quase caiu foi só mais um pormenor de como perfeitamente se evita uma queda!
Classificações completas, via ProCyclingStats, com José Gonçalves (Katusha-Alpecin) a terminar na 73ª posição, a 13:11 minutos.
Na luta particular de vitórias entre Astana e Deceuninck-QuickStep, a formação cazaque soma 23 contra as 26 da formação belga. Tem sido destaque nas provas por etapas, mas Fuglsang finalmente foi ganhar no terreno predilecto da Deceuninck-QuickStep, nas clássicas.
Na luta particular de vitórias entre Astana e Deceuninck-QuickStep, a formação cazaque soma 23 contra as 26 da formação belga. Tem sido destaque nas provas por etapas, mas Fuglsang finalmente foi ganhar no terreno predilecto da Deceuninck-QuickStep, nas clássicas.
📺 Doyenne pluvieuse mais Doyenne heureuse pour @jakob_fuglsang ! 🇩🇰— Liège-Bastogne-Liège (@LiegeBastogneL) 28 April 2019
Retrouvez le résumé de #LBL 2019. pic.twitter.com/uY9p7KPwlx
Quando não se sabe correr mal
Na corrida feminina, a holandesa Annemiek van Vleuten regressou às vitórias depois de dois segundos lugares na Amstel Gold Race e na Flèche Wallonne. Exibição também perfeita da ciclista da Mitchelton-Scott, deixando a compatriota Floortje Mackaij (Sunweb) a 1:39 minutos, num pódio 100% holandês. Demi Vollering (Parkhotel Valkenburg) foi terceira, a 1:43.
Em 2019, o pior que Van Vleuten fez nas clássicas foi um sétimo lugar na Através da Flandres, tendo ganho a Strade Bianche.
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