(Fotografia: Facebook Corendon-Circus) |
Ciclista de ataque, rápido a ler a corrida, rápido a reagir e sem medo de arriscar. Van der Poel não negou como competiu por instinto, pois considera que nem sempre se deve ficar preso a um plano. Cair-se-ia na tentação de, ao ver o holandês correr, a desgastar-se em fugas, ou em tentar recuperar terreno, sem se poupar a esforços na frente da corrida, que no final poderia pagar o preço. Mas não. Van der Poel, 24 anos, soube gerir todo o seu esforço, sobre ler os seus adversários e depois foi avassalador no sprint. Era de facto o mais forte nesta área entre o grupo que discutiu a vitória na Através da Flandres, contudo, quantas vezes se assistiu os favoritos falharem no momento decisivo.
Van der Poel não deixou escapar de, naquela que foi apenas a sua segunda corrida World Tour, ganhar, depois de no domingo já ter alcançado um impressionante quarto lugar na Gent-Wevelgem (soma alguns triunfos em corridas de escalão inferior). Que sprint! Deixou todos os rivais sem hipótese e até teve tempo para desacelerar e celebrar. O holandês conquistou assim um maior favoritismo para o monumento do próximo domingo, naquela que será a sua estreia na Volta a Flandres. Sem surpresa sacudiu qualquer pressão. O que acontecer, acontecerá, mas o que já cativou neste ciclista é que gosta de fazer acontecer e não de ficar à espera.
Dada a sua dedicação ao ciclocrosse - com passagens no BTT -, Van der Poel ainda tem uma longa margem de progressão na estrada. É, por exemplo, um ciclista pouco habituado a distâncias longas. Os quase 250 quilómetros da Gent-Wevelgem foram algo inédito para o holandês. Na Volta a Flandres serão 267,7 e para Van der Poel o favorito é Peter Sagan (Bora-Hansgrohe). Que duelo será se o eslovaco estiver bem e se se juntar Wout van Aert (Jumbo-Visma).
A referência a Van Aert não é por acaso. É a outra estrela do ciclocrosse, que esteve apagada esta temporada. Mas também ele tem estado bem na estrada. Porém, na particular rivalidade entre os campeões do mundo do ciclocrosse, agora ambos na estrada, Van der Poel já está na frente. Ganhou uma corrida World Tour. Fê-lo numa equipa que este ano subiu a Profissional Continental, a Corendon-Circus, e que está a tirar os frutos do seu investimento. Percebe-se porque tem o ciclista seguro até 2022. Mesmo que acabe por sair mais cedo, a equipa garante o encaixe de algum dinheiro se alguém o quiser levar antes. Se continuar a somar bons resultados, Van der Poel vai garantir muitos mais convites para corridas importantes para a Corendon-Circus. É uma pena que não vá ao Paris-Roubaix. Faltou o tal convite.
Quando se fala de genes, então Van der Poel está destinado a ser um grande ciclista. É filho de Adrie van der Poel, um vencedor da Volta a Flandres, Liège-Bastogne-Liège, Amstel Gold Race, duas etapas no Tour... Foi também campeão do mundo de ciclocrosse. Mathieu segue-lhe os passos e até já veste a camisola de campeão nacional de estrada, mesmo que a aposta neste vertente seja recente. E já agora, tem como avô materno um tal de Raymond Poulidor, uma das principais referências do ciclismo francês nas décadas de 60 e 70, vencedor de uma Vuelta, escapou-lhe o Tour (oito pódios, mas nenhum vitória), onde conquistou sete etapas. Dois Critérium du Dauphiné, uma Milano-Sanremo...
Van der Poel está a começar a construir o seu currículo, mas parece que a família tem mais um campeão também na estrada, já que no ciclocrosse o irmão, David (três anos mais velho) tem igualmente algumas vitórias, ainda que o seu mano mais novo o ofusque. David também está na Corendon-Circus juntamente com Mathieu.
Maldito furo
Anthony Turgis (Direct Energie) e Bob Jungels - a picar o ponto para a Deceuninck-QuickStep - completaram o pódio (pode ver neste link a classificação completa), com Lukas Pöstlberger (Bora-Hansgrohe) e Tiesj Benoot (Lotto Soudal) a fecharem o quinteto que discutiu a corrida e que deveria ter sido um sexteto. Maldito furo que tirou a Nelson Oliveira (Movistar) a oportunidade de continuar na frente da corrida, ele que andou na fuga e até em solitário na frente.
A corrida ficou ainda marcada pela insólita interrupção que se deveu porque foi necessário transportar de ambulância ciclistas da corrida feminina. Marcada por quedas, esta prova atrasou-se um pouco, o que levou à decisão de parar a competição masculina. No recomeço, Lukas Pöstlberger (Bora-Hansgrohe) não estava na frente e foi com a ajuda de uma moto da televisão que recuperou a sua posição devida.
Elle van Dijk (Trek-Segafredo), compatriota de Van de Poel, venceu a prova das senhoras isolada. Daniela Reis (Doltcini-Van Eyck Sport) foi 80ª, a 2:06 minutos.
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Dada a sua dedicação ao ciclocrosse - com passagens no BTT -, Van der Poel ainda tem uma longa margem de progressão na estrada. É, por exemplo, um ciclista pouco habituado a distâncias longas. Os quase 250 quilómetros da Gent-Wevelgem foram algo inédito para o holandês. Na Volta a Flandres serão 267,7 e para Van der Poel o favorito é Peter Sagan (Bora-Hansgrohe). Que duelo será se o eslovaco estiver bem e se se juntar Wout van Aert (Jumbo-Visma).
A referência a Van Aert não é por acaso. É a outra estrela do ciclocrosse, que esteve apagada esta temporada. Mas também ele tem estado bem na estrada. Porém, na particular rivalidade entre os campeões do mundo do ciclocrosse, agora ambos na estrada, Van der Poel já está na frente. Ganhou uma corrida World Tour. Fê-lo numa equipa que este ano subiu a Profissional Continental, a Corendon-Circus, e que está a tirar os frutos do seu investimento. Percebe-se porque tem o ciclista seguro até 2022. Mesmo que acabe por sair mais cedo, a equipa garante o encaixe de algum dinheiro se alguém o quiser levar antes. Se continuar a somar bons resultados, Van der Poel vai garantir muitos mais convites para corridas importantes para a Corendon-Circus. É uma pena que não vá ao Paris-Roubaix. Faltou o tal convite.
Quando se fala de genes, então Van der Poel está destinado a ser um grande ciclista. É filho de Adrie van der Poel, um vencedor da Volta a Flandres, Liège-Bastogne-Liège, Amstel Gold Race, duas etapas no Tour... Foi também campeão do mundo de ciclocrosse. Mathieu segue-lhe os passos e até já veste a camisola de campeão nacional de estrada, mesmo que a aposta neste vertente seja recente. E já agora, tem como avô materno um tal de Raymond Poulidor, uma das principais referências do ciclismo francês nas décadas de 60 e 70, vencedor de uma Vuelta, escapou-lhe o Tour (oito pódios, mas nenhum vitória), onde conquistou sete etapas. Dois Critérium du Dauphiné, uma Milano-Sanremo...
Van der Poel está a começar a construir o seu currículo, mas parece que a família tem mais um campeão também na estrada, já que no ciclocrosse o irmão, David (três anos mais velho) tem igualmente algumas vitórias, ainda que o seu mano mais novo o ofusque. David também está na Corendon-Circus juntamente com Mathieu.
What an impressive way to win his first Dwars door Vlaanderen! Congrats, @mathieuvdpoel 😍🏆 #DDV #DDV19 pic.twitter.com/YQ2jTc2rq3— Dwars dr Vlaanderen (@DwarsdrVlaander) 3 April 2019
Maldito furo
Anthony Turgis (Direct Energie) e Bob Jungels - a picar o ponto para a Deceuninck-QuickStep - completaram o pódio (pode ver neste link a classificação completa), com Lukas Pöstlberger (Bora-Hansgrohe) e Tiesj Benoot (Lotto Soudal) a fecharem o quinteto que discutiu a corrida e que deveria ter sido um sexteto. Maldito furo que tirou a Nelson Oliveira (Movistar) a oportunidade de continuar na frente da corrida, ele que andou na fuga e até em solitário na frente.
A corrida ficou ainda marcada pela insólita interrupção que se deveu porque foi necessário transportar de ambulância ciclistas da corrida feminina. Marcada por quedas, esta prova atrasou-se um pouco, o que levou à decisão de parar a competição masculina. No recomeço, Lukas Pöstlberger (Bora-Hansgrohe) não estava na frente e foi com a ajuda de uma moto da televisão que recuperou a sua posição devida.
Elle van Dijk (Trek-Segafredo), compatriota de Van de Poel, venceu a prova das senhoras isolada. Daniela Reis (Doltcini-Van Eyck Sport) foi 80ª, a 2:06 minutos.
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