(Fotografia: © Photo News/Corendon-Circus) |
A fama do holandês já é tal, que consegue ser notícia por quase tudo. Até pelos calções brancos! Sim, a sua opção de cor de equipamento gerou muita conversa. Primeiro porque aquela cor nos calções é uma que está como que "proibida", oficiosamente, claro. Basicamente considera-se que mostra de mais. Fica à consideração de cada um! Porém, a escolha não foi estética, foi táctica.
Na Através da Flandres, que Van der Poel ganhou, o ciclista usou os calções pretos com a camisola de campeão nacional e é este o ponto fulcral. "Eles [directores da equipa] viram que nas imagens [transmitidas] do helicóptero era difícil distinguir o Mathieu do campeão luxemburguês, Bob Jungels", explicou o pai do ciclista, Adrie van der Poel, um vencedor da Volta a Flandres, ao De Telegraaf.
O pai assumiu que ficou surpreendido com a decisão até ter percebido a razão. Aliás, da discussão que a escolha dos calções brancos gerou, parece que só Jetse Bol, holandês da Burgos-BH chegou mais rapidamente à conclusão, levantando de imediato a questão se seria para diferenciar dois ciclistas com duas camisolas de campeão nacional idênticas. Ambas as bandeiras são vermelhas, brancas e azuis, com riscas horizontais, mudando um pouco os tons do vermelho e azul. Ao longe, com os ciclistas a grande velocidade, não era fácil perceber logo quem era quem.
Com os calções brancos, os directores conseguiram facilmente identificar o seu ciclista e dar-lhe instruções tácticas de como proceder no pelotão. "Os calções brancos foram uma opção brilhante", acabou por admitir o pai de Van der Poel. O ciclista alcançou um excelente quarto lugar no monumento, na sua estreia, com uma queda pelo meio.
Do pai para o avô. Raymond Poulidor, uma das lendas do ciclismo francês, dá voz à desilusão de não poder ver Van der Poel nos pavés do Inferno do Norte. Primeiro começou por dizer ao Het Nieuwsblad que se não fosse a queda na Volta a Flandres, o neto poderia ter alcançado uma vitória. Perante os resultados deste ano tanto na estrada - quatro vitórias, a última na primeira etapa do Circuito de Sarthe, em França -, como no ciclocrosse - basicamente ganhou tudo o que havia para ganhar na recente época -, Van der Poel iria ser uma das figuras do Paris-Roubaix, disso Poulidor não tem dúvidas.
"É uma grande pena que ele não faça o Roubaix. Na sua forma, com as suas excepcionais qualidades, ele poderia mesmo fazer algo", assegurou Poulidor. Mas o jovem Van der Poel não está nada preocupado por não ir ao monumento francês. Aliás, afirmou mesmo estar satisfeito com o calendário que tem para 2019, francamente melhor do que em épocas anteriores, dada a subida da equipa ao segundo escalão mundial. Para o ciclista, o mais importante não é falhar Roubaix, é estar na Amstel Gold Race, que se realiza na semana seguinte.
"Acabar em quarto na Flandres não quer dizer automaticamente que se vá fazer o mesmo em Roubaix. É óptimo partir na Amstel como campeão holandês. Se tivéssemos acrescentado Roubaix [ao calendário], nunca teríamos preparado completamente [a corrida]. Também não queria fazer isso a mim próprio", salientou. "Será algo [o Paris-Roubaix] que eu posso ambicionar para o próximo ano", acrescentou.
E isso parece quase certo, com a organização do Paris-Roubaix, a ASO, a já deixar algumas dicas que a Corendon-Circus receberá o desejado convite em 2020. Mathieu van der Poel tornou-se rapidamente numa estrela na estrada, depois de, a par de Wout van Aert (Jumbo-Visma), ser uma das grandes figuras do ciclocrosse. A equipa não deverá encontrar muitos problemas para começar a receber mais convites, principalmente para as clássicas, mas não só.
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