24 de abril de 2019

Flèche Wallonne segue guião à risca na confirmação do novo rei do Muro de Huy

(Fotografia: Twitter Flèche Wallonne)
"Este ano foi mais difícil", disse Alaphilippe, no entanto, fá-lo parecer tão fácil. O Muro de Huy ganhou um novo rei, com o francês a vencer pela segunda vez consecutiva. Bem se falou há um ano que, ao bater o Alejandro Valverde, cinco vezes vencedor da Flèche Wallonne, se estava perante uma passagem de testemunho. Alaphilippe confirmou isso mesmo esta quarta-feira, com mais uma exibição de enorme nível na segunda corrida da semana das Ardenas, deixando para trás a frustração de uma Amstel Gold Race perdida com a meta à vista.

Quanto a Valverde, nem se o viu no final, numa temporada muito aquém do que o espanhol habituou. Foi 11º em mais um resultado que ficou longe do ambicionado. O campeão do mundo celebra esta quinta-feira, 25 de Abril, 39 anos, e resta-lhe esperar que seja a Liège-Bastogne-Liège a corrida que o recoloque na disputa por vitórias.

Alaphilippe é agora a grande figura das Ardenas e, desde já, o favorito para o monumento de domingo. Foi com uma já habitual companhia das clássicas de 2019 que discutiu a vitória. Jakob Fuglsang não consegue descobrir forma de bater Alaphilippe. Perdeu a Strade Bianche para o francês, estava na discussão com o mesmo rival na Amstel Gold Race até que Mathieu van der Poel se intrometeu e, na Flèche Wallonne, não teve pernas para sobreviver ao Muro de Huy, sendo novamente segundo, atrás do francês.

Julian Alaphilippe reunia todo, mas mesmo todo o favoritismo para a Flèche Wallonne. Mesmo com o circuito final a ser mais endurecido com três passagens nas subidas Côte d’Ereffe e Côte de Cherave, em vez das duas de 2018, tal não fez diferença naqueles 1300 metros finais de Huy. Até surpreendeu ver Fuglsang ganhar alguma vantagem, com o próprio dinamarquês a admitir que a Flèche Wallonne não é a corrida que melhor lhe assenta. Mas com Alexey Lutsenko a ficar "sentado" ainda antes do Muro de Huy, a Astana apostou novamente num ciclista que está a realizar uma grande temporada. Contudo, Fuglsang admitiu a incapacidade de "apanhar" o ciclista francês, numa subida mais ao estilo de Alaphilippe do que do dinamarquês.

O que não foi surpresa, foi ver Alaphilippe fechar o espaço que Fuglsang chegou a conseguir abrir, ultrapassar o rival, dar um "chega para lá" quando sentiu o dinamarquês aproximar-se um pouco, e ganhar. Desta vez sabia que era o vencedor. Há um ano, pensou que uma fuga tinha singrado! Alaphilippe disse que foi mais difícil ganhar a segunda vez até porque a pressão era bem maior. Apesar de se ter desgastado para recuperar posição devido a um furo, o trabalho da equipa e a classe do francês garantiram a 25ª vitória de 2019 da Deceuninck-QuickStep.

Em causa estava também ultrapassar a enorme frustração que ficou por ver Van der Poel ganhar a Amstel Gold Race, quando tanto Alaphilippe e Fuglsang tinham tudo para discutirem apenas os dois. Dificilmente o francês não teria ganho esse confronto, mas a dupla deixou-se apanhar nos metros finais. A tripla das Ardenas ficou sem efeito para o francês, mas ser o rei de Huy deixa a confiança do ciclista reforçada ao máximo, quando este procura um monumento que parece esperar por ele.


Já ganhou um este ano, a Milano-Sanremo, mas a Liège-Bastogne-Liège sempre foi uma corrida que tem Alaphilippe como um ciclista com tudo para a ganhar. Aos 26 anos, o ciclista junta a uma fantástica forma física, uma capacidade perfeita de ler a corrida e de saber quando deve agir. E claro, com uma Deuceninck-QuickStep a poder controlar a corrida, perder a Flèche Wallonne teria sido um resultado inesperado para Alaphilippe e não discutir a Liège será algo impensável, em condições normais.

A clássica desta quarta-feira até foi mais mexida do que em edições recentes, mas o guião acabou por ser muito idêntico às últimas edições. A diferença é que antes se perguntava quem bate Valverde e a partir de agora será, quem bate Alaphilippe.

As quedas tiraram da corrida alguns candidatos, as "más sensações" tiraram outros, como Dan Martin. Pelo menos foi assim que a UAE Team Emirates justificou o abandono do irlandês. Porém, Diego Ulissi foi ao pódio, com Rui Costa colocar-se muito bem durante grande parte da corrida, mas na penúltima das subidas mostrou que não seria capaz de lutar por um lugar da frente, trabalhando para o colega. O português foi 26º, a 45 segundos, apontando agora à corrida que mais gosta das Ardenas: Liège-Bastogne-Liège.

José Gonçalves (Katusha-Alpecin) terminou na 73ª posição, a 7:40 do vencedor, e o colega de equipa, Ruben Guerreiro, foi 90º, a 10:29 (classificação completa neste link, via ProCyclingStats).

Fica a faltar o quarto monumento do ano para fechar as Ardenas e não é de afastar novo confronto entre Alaphilippe e Fuglsang. Na perspectiva do dinamarquês, tem vindo sempre a melhorar: terceiro na Amstel Gold Race, segundo na Fléche Wallonne... só falta o primeiro lugar...

Na corrida feminina também se confirmou o favoritismo de Anna van der Breggen (Boels-Dolmans). São cinco vitórias consecutivas na Flèche Wallonne, ela que tem o título de rainha de Huy, igualando o recorde de Marianne Vos, que, no entanto, não venceu as cinco vezes consecutivas. Vos bem tentou defender a sua marca, mas ficou no quarto lugar, a 14 segundos da campeã do mundo Van der Breggen (classificação completa neste link, via ProCyclingStats).


»»Simplesmente fenomenal!««

»»Rui Costa deixou boas indicações para umas Ardenas de máxima importância««

Sem comentários:

Enviar um comentário