por Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo
Cada época desportiva é sempre um desafio renovado, 2018 será particularmente especial para o ciclismo português. Por um lado, porque sucede a 2017, o ano com mais medalhas em Mundiais e Europeus para o ciclismo luso. Por outro lado, porque 2018 será o primeiro ano de implementação de várias medidas de renovação e modernização da modalidade.
(Fotografia: João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo) |
Decidimos introduzir novidades regulamentares desde as escolas ao ciclismo profissional, sem esquecer a renovação contratual para a concessão da Volta a Portugal. Todas as modificações têm um fio condutor, visam dotar o ciclismo português de maior capacidade de adaptação à realidade cada vez mais competitiva do desporto internacional e nacional: só os países e as modalidades que apostam na excelência conseguem ter sucesso. O ciclismo internacional tem sabido fazê-lo e Portugal precisa de manter a pedalada para continuar no pelotão da frente.
O pelotão profissional português cresceu 50 por cento face a 2017, devido às novas regras de formação de equipas continentais. Durante a última Volta a Portugal, na qual apenas dois corredores de equipas portuguesas eram elegíveis para a classificação da juventude, muito se falou na falta de jovens no pelotão da prova. Pois bem, o crescimento do pelotão continental para 2018 significa, sobretudo, um rejuvenescimento do mesmo.
O acesso dos melhores jovens que representam equipas portuguesas à Volta a Portugal e à Volta ao Algarve é um dos primeiros legados da mudança regulamentar. O outro passa pelo aumento dos vencimentos auferidos pelos corredores com estatuto profissional. Acreditamos que outros legados positivos surgirão. Os sinais são já evidentes. Neste defeso, todo o pelotão nacional tem trabalhado de forma mais intensa do que no passado recente. Todos pretendem estar em bom nível nos preenchidos meses de fevereiro e março, durante os quais sobressai a Volta ao Algarve, evento de referência nacional e internacional, que, pela sua aposta na qualidade desportiva, criou um novo foco de mediatismo para a modalidade.
A Volta a Portugal, maior evento desportivo do país, pela sua tradição e implantação popular, supera as fronteiras do ciclismo e do desporto, assumindo-se também como acontecimento social e económico. Nesse sentido, as novas regras de concessão reafirmam a Federação como proprietária do evento, atribuindo-lhe capacidade de coordenação desportiva e institucional. O novo modelo organizativo assenta numa total cooperação entre a FPC e o organizador e tem a ambição de reforçar a qualidade desportiva da corrida e de permitir uma notoriedade nacional e internacional cada vez mais importante. Nesse sentido, a Volta deverá ser um baluarte do desporto limpo e ter um desenho desportivo que contribua para incrementar o espetáculo e o interesse de todos os Portugueses.
O ano de 2018 será também o momento de aprimorar o conceito das escolas de ciclismo, que têm de ser vistas por todos como um patamar de aprendizagem e convívio, sem a tentação da competição exacerbada. É nesse sentido que vão as modificações no regulamento das escolas, cuja dinâmica assentará num maior acompanhamento pedagógico, orientando a prática para um processo de capacitação em três níveis de conhecimento. A nova regulamentação admite a criação de escolas de ciclismo nas vertentes especiais, nascendo as primeiras escolas para as disciplinas de DHI e de enduro.
No âmbito do Programa Nacional Ciclismo para Todos e do protocolo com a Direção-Geral de Educação, será publicado em maio o guião do programa “O Ciclismo Vai à Escola”, importante instrumento para alargar a penetração social do ciclismo e a forma correta de iniciação em contexto escolar, definindo-se a forma como se deve ensinar as crianças a andar de bicicleta, assim como os vários níveis de ações e a interligação entre o ciclismo na escola, o desporto escolar e estrutura federada.
Destacamos também o novo regulamento da arbitragem, importante instrumento que permitirá melhorar a qualidade da arbitragem e o novo regulamento da Taça de Portugal de maratonas que estimulará esta disciplina do BTT junto das associações regionais.
2018 será o ano de arranque das qualificações para os Jogos Olímpicos Tóquio’2020. Teremos um ambicioso calendário internacional das Seleções Nacionais nas distintas vertentes e disciplinas. Vamos lançar o novo equipamento e a equipa técnica será reforçada com um novo selecionador para o ciclismo feminino e para a categoria de cadetes.
Este ano ficará para a história da nossa modalidade como o ano de construção das pistas olímpicas de BMX e XCO, passando o CAR Anadia a possuir a capacidade de desenvolver treinos em todas as especialidades olímpicas do ciclismo. Nascerá também o centro de avaliações e controle de treinos, espaço fundamental, onde trabalharemos e desenvolveremos o futuro dos nossos atletas, afirmando o CAR Anadia como uma das melhores infraestruturas desportivas de ciclismo em todo mundo, algo só possível com o forte apoio do município de Anadia e do IPDJ, o qual, desde já, agradecemos.
Portugal continua, em 2018, na rota dos grandes acontecimentos velocipédicos. Nos dias 7 e 8 de abril a Lousã será palco do Campeonato da Europa de DHI, um espetáculo de grande intensidade desportiva, que contribuirá também para a dinamização económica e Turística das Aldeias do Xisto, um dos territórios que interpreta o ciclismo como instrumento privilegiado de promoção regional onde estamos a implantar o programa Cyclin’Portugal - Aldeias do Xisto.
A atividade da Federação Portuguesa de Ciclismo é cada vez mais intensa e diversificada, com muitas outras novidades que enriquecerão os 365 dias de 2018.
A mensagem principal é de confiança, peço a todos os agentes desportivos e aos ciclistas a uma prática responsável e determinada.
Honrar a nossa história defendendo o presente e o direito ao sonho das novas gerações.
Um excelente ano para todos, cheio de pedalada!
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