16 de janeiro de 2018

A defesa de Froome: mau funcionamento dos rins. Bardet apela a auto-suspensão

(Fotografia: Filip Bossuyt/Wikimedia Commons)
É o tudo ou nada para Chris Froome. A equipa liderada pelo advogado Mike Morgan, que está a preparar a defesa do ciclista britânico, vai apresentar uma tese que está a ser descrita como inédita: o excesso de salbutamol detectado no dia 7 de Setembro, durante a Vuelta, deveu-se ao mau funcionamento dos rins. A notícia é avançada pelo L'Equipe e perante a decisão de provar que não excedeu os níveis permitidos, começa a ganhar destaque o que poderá acontecer se se confirmar o pior: fica sem a vitória na Vuelta, é suspenso por dois anos, arrisca o despedimento da Sky e, se assim for, é o potencial final de carreira, tendo em conta a idade (32 anos).

O jornal francês avança que ainda não foi entregue na UCI qualquer defesa por parte de Chris Froome, mas o departamento anti-doping já terá chamado um especialista para analisar a eventual justificação dos rins. A tese deverá então apoiar-se num mau funcionamento dos rins, que terá permitido a acumulação do salbutamol, que deveria ter sido expelido depois de processado pelo fígado. Os valores da substância, utilizada por asmáticos (como é Froome), foram baixos nos dias antes do 7 de Setembro, segundo o L'Equipe. A tese é que quando os rins começaram a trabalhar bem, acabaram por expelir o salbutamol em níveis elevados, provocando os valores anómalos no teste anti-doping.

De recordar que Froome acusou o dobro do permitido da substância salbutamol, um pouco mais do que sucedeu com Diego Ulissi, em 2014. Porém, o italiano acabou por admitir que tinha excedido o permitido, mas sem intenção de melhorar a sua performance desportiva. A sanção máxima nestas situações é de dois anos, Ulissi foi suspenso por nove meses, pois foi tida em conta a sua atitude. Como o britânico não demonstra qualquer intenção de alterar o seu discurso, que foi desde o início - quando o caso foi tornado público - que não excedeu a quantidade permitida, Froome assume assim que irá até às últimas consequências.

Se conseguir convencer com a sua defesa e for ilibado, ainda assim poderá não ser o final do processo para o ciclista. A Agência Mundial Antidopagem poderá entrar em acção e levar o caso até ao Tribunal Arbitral do Desporto.

Bardet considera auto-suspensão uma opção

Com a temporada a arrancar, vão sendo mais os ciclistas que dão a sua opinião publicamente sobre o que está a acontecer com Chris Froome. O mais recente foi Romain Bardet. O líder da AG2R lamenta que para o salbutamol não esteja previsto uma suspensão provisória imediata, considerando que o britânico não poderá ir ao Tour como se nada se passasse, na eventualidade do processo não estar concluído em Julho. Bardet afirmou ao L'Equipe que seria uma "catástrofe para a imagem da corrida e do ciclismo", se Froome estivesse na Volta a França sem o caso estar encerrado. "Já que a Sky não age, nada impede o ciclista de tomar a decisão pessoal de se afastar enquanto espera pela decisão das autoridades", afirmou Romain Bardet.

A verdade é que estamos a meio de Janeiro, a época já começou com o Tour Down Under e a maioria dos ciclistas já anunciou os seus planos para o início de temporada. Chris Froome está num dos seus habituais estágios na África do Sul. Antes de "rebentar a bomba", tinha sido divulgado que o britânico não iria às corridas australianas, com o arranque de temporada a poder acontecer na Ruta del Sol, ou mesmo na Volta ao Algarve. Perante a polémica do salbutamol está por conhecer qual o calendário de um ciclista que queria (e certamente que continuará a querer) fazer história e vencer o Giro e o Tour em 2018.


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