28 de janeiro de 2018

O apelo de Bob Jungels após o atropelamento de dois colegas de equipa

Jungels estava a treinar com Vakoc e De Plus (Fotografia: Twitter Bob Jungels)
Bob Jungels tem mostrado através dos Twitter o quanto o atropelamento de dois dos seus companheiros da Quick-Step Floors, enquanto treinavam, o afectou. O luxemburguês tem publicado mensagens de apoio, mas foi agora mais longe, partilhando um vídeo apelando ao respeito na estrada por parte de todos, seja qual for o veículo que se esteja a conduzir. "Espero que ninguém tenha de passar pelo que eu passei com os meus dois colegas de equipa. Aconselho vivamente a partilhar a estrada, talvez fazer um sinal se alguém faz algo mal, mas não façam nenhuma acção que possa provocar uma situação como a que tivemos", apelou o ciclista.

Os três corredores da formação belga estavam em estágio na África do Sul, quando o checo Petr Vakoc e o belga Laurens de Plus foram atropelados por uma carrinha. Jungels seguia à frente dos dois companheiros e não foi apanhado no acidente. Ambos foram transportados para o hospital, com Vakoc a ser a situação mais grave. Precisou de ser operado à coluna, já se encontrando a recuperar. Dentro de dez dias deverá poder regressar a casa.

"Num momento estamos a rir com o nosso companheiro e no segundo seguinte estamos a correr, a gritar, sem saber o que fazer, a pedir a ajuda. Depois, tê-lo nos meus braços, sem saber se ele vai praticar outra vez ciclismo, andar, ou seja o que for... No final, tudo acabou de forma bastante positiva, apesar do que aconteceu", referiu Jungels no vídeo publicado no YouTube (pode ver mais em baixo).

A África do Sul tem tornado-se num destino preferencial para alguns ciclistas, além de Chris Froome, que também já influenciou o colega da Sky, Geraint Thomas, pelo menos em 2017. Além do trio da Quick-Step Floors, também os gémeos Yates, Adam e Simon, da Mitchelton-Scott, por exemplo, estão no país a preparar a nova temporada. Jungels quis que ficasse bem claro que a decisão de ir para a África do Sul foi a mais acertada, dizendo mesmo que os condutores demonstram grande respeito pelos ciclistas.

No entanto, o luxemburguês, de 25 anos, desabafou: "É triste que se tenha sempre de chegar a uma situação como esta para se acordar." O ciclista considera que "muito está a ser feito para a segurança dos ciclistas na estrada", mas realçou: "Somos os mais vulneráveis na estrada. Não temos um chassi a proteger-nos."  Jungels deixou por isso um apelo: "Todos devem considerar se vale a pena perder um ou dois minutos a ultrapassar-nos, ou a ver-se envolvido numa situação como a que estivemos há dois dias. Não estou a dizer que os ciclistas fazem tudo bem. Muitas vezes ocupamos demasiado da estrada, muitas vezes não respeitamos as regras, o que é justo dizer que também não é correcto."

Este incidente reavivou a memória do choque violento que atirou cinco ciclistas da então Giant-Alpecin (actual Sunweb) para o hospital, em Alicante, em Janeiro de 2016. John Degenkolb, Warren Barguil, Chad Haga, Fredrik Ludvigsson, Ramon Sinkeldam e Max Walscheid foram atropelados por uma condutora britânica que conduzia em contra-mão. Haga e Degenkolb foram os casos mais preocupantes. O alemão quase perdeu um dedo e ficou de fora grande parte da temporada. No ano passado Chris Froome também teve um encontro imediato com o carro quando treinava numa zona perto do Mónaco, na preparação para a Volta a França, mas não sofreu ferimentos de maior.

A mensagem de Jungels não está a passar despercebida, com alguns comentários a salientarem precisamente como o ciclista apelou a todos, incluindo quem anda de bicicleta, para que assim se possa de facto falar em segurança na estrada.

Veja o vídeo na íntegra.



Psicólogo ajudou mãe de Laurens de Plus

Laurens de Plus não está a ter meses fáceis. Em Outubro terminou a temporada na Lombardia com uma aparatosa queda, passando por cima do raile de protecção e caindo numa ribanceira. Apesar dos ferimentos, principalmente numa perna, o belga de 22 anos recuperou e queria começar bem a nova temporada, a terceira na Quick-Step Floors. 

Aquando do incidente na Lombardia, o ciclista admitiu que o psicólogo da equipa ajudou a sua mãe a lidar com o sucedido. "Agora a minha mãe tem sempre medo. O ciclismo é um desporto com numerosos riscos e dá muitos problemas. Porém, na equipa temos um bom psicólogo, o Jef Brouwers, que a ajudou muito. Espero que veja as próximas corridas de forma mais serena", disse então ao site RTBF.

Perante este novo acidente com alguma gravidade, agora durante um treino, Brouwers deverá entrar novamente em acção, não só para ajudar a família dos ciclistas, mas também os próprios. Para De Plus, por exemplo, será um verdadeiro teste a sua capacidade mental para recuperar de duas situações muito complicadas, num curto espaço de tempo.

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