29 de janeiro de 2018

Cavendish já sabe o que poderá fazer depois do ciclismo. E continua a ser sobre rodas

(Fotografia: Scott Mitchell/Dimension Data)
Trinta etapas na Volta a França. Faltam quatro para igualar o recorde de Eddy Merckx e aos 32 anos, Mark Cavendish está concentrado em recuperar a melhor forma e deixar para trás um 2017 marcado por uma mononucleose e a violenta queda na Volta a França. Porém, ao ser questionado sobre o seu futuro pós-ciclismo, o britânico não esconde que tem outra paixão e que não se importaria de a seguir a desportivamente.

Mark Cavendish foi entrevistado pela Esquire, na versão para o Médio Oriente, e admitiu o quanto gosta daquela zona do globo, principalmente Abu Dhabi, onde quando terminar a carreira de ciclista não se importará de ir viver. Começando por recordar que está há umas semanas no local e que até esteve no Grande Prémio de Fórmula 1, em Novembro, essa revelação acabou por servir de mote para a conversa sobre o seu futuro quando deixar as bicicletas.

"Acho que não seria suficientemente bom", realçou quando questionado se poderia tornar-se num piloto de automóveis. "Todos pensam que é como conduzir um carro em passeio, mas não é bem a mesma coisa. Para ser honesto, prefiro mais as motos. Gostaria antes de competir nelas", afirmou. De imediato o jornalista perguntou: "Então é isso que se segue? Depois do ciclismo?" Resposta: "Muito seriamente, penso que sim." E para que não se tenha dúvidas desta sua paixão das duas rodas, mas com motor, Mark Cavendish tem várias motos... Talvez 20, pois nem tem bem a certeza quantas estão na sua garagem.

Mas que descansem os fãs de Cavendish, o britânico não tem planos para se retirar do ciclismo para já. No entanto, confessou que fazer 30 anos foi algo que o deixou algo perturbado, por uns momentos. "Pensei que me ia 'passar', pensei que ia comprar um carro desportivo", disse, bem humorado. Porém, a família acabou por ser uma enorme inspiração para enfrentar a nova década na sua vida. "A um mês de fazer 30 anos, recordo-me que era o aniversário da minha filha e que a minha mulher estava grávida. Sentei-me e vi-a a andar de um lado para o outro, a garantir que estavam todos bem e a Delilah estava com o seu vestidinho, só me lembro de pensar: 'Que mais posso querer quando fizer 30?' Não poderia desejar alcançar mais e não poderia desejar ter uma melhor família", salientou.

Convidado a deixar um conselho a si próprio se tivesse 21 anos, Cavendish diria: "Pára de lutar contra o mundo. O mundo não está contra ti. Só parece que sim, às vezes. Livra-te daquele chip no teu ombro. Quando agora olho para trás, eu era apenas um homem zangado, a lutar contra toda a gente."

E numa altura em que a segurança dos ciclistas na estrada voltou a ser muito falada após o atropelamento de Laurens de Plus e Petr Vakoc (Quick-Step Floors) quando treinavam na África do Sul, Cavendish deixou a sua mensagem. "Na bicicleta és uma pessoa só. As pessoas nos carros deveriam ter atenção, mesmo que alguém esteja zangado, você está protegido na sua concha e a segurança deles [ciclistas] está nas suas mãos. Por isso, tenha cuidado ao zangar-se e nas suas reacções para com eles", apelou.

Mark Cavendish vai arrancar a sua temporada, a terceira na Dimension Data (está em final de contrato), precisamente no Médio Oriente, primeiro no Dubai, de 6 a 10 de Fevereiro e depois na Volta a Abu Dhabi, de 21 a 25 do mesmo mês. O seu grande objectivo de temporada (e de carreira) é chegar ao número 34 em etapas no Tour e de preferência chegar ao 35 e passar assim a ser ele o recordista.


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