(Fotografia:
Jérémy-Günther-Heinz Jähnick/Wikimedia Commons) |
Quando a 19 de Maio de 2015 conseguiu, por pouco, manter a vantagem de uma fuga e ganhar uma etapa na Volta a Itália, Nicola Boem parecia estar lançado para uma carreira interessante no ciclismo. Já era conhecido por ser um homem de ataque, animador de corridas, o que também era normal para quem representava a Bardiani-CSF. Essa característica nunca a perdeu. O problema é que Boem elevou as expectativas com aquela vitória, mas não conseguiu confirmá-las. Este ano eclipsou-se dentro de uma equipa que teve uma época atribulada com dois casos de doping e logo dois dos ciclistas mais importantes: Stefano Pirazzi e Nicola Ruffoni estão a cumprir uma suspensão de quatro anos.
Boem foi um dos elementos da Bardiani-CSF que teve de encarar o último Giro sabendo que dois dos seus colegas tinham sido excluídos horas antes da partida devido a suspeitas, mais tarde confirmadas, de doping. O momento foi difícil, mas o pior para Boem estava para vir, quando os responsáveis disseram-lhe em Setembro que não contavam com ele, apesar de ter contrato para 2018. A Bardiani-CSF adiantou que a separação foi de comum acordo, Boem tem outra versão: "Disseram-me que já não estava nos planos deles e que tinha de assinar [a rescisão]."
Confrontado com a inesperada situação de estar sem equipa para o próximo ano, depois de cinco como profissional, sempre na Bardiani-CSF, Nicola Boem contou ao jornal italiano Nuova di Venezia que inicialmente deu a si próprio um prazo até Novembro para definir o seu futuro no ciclismo. Porém, chegou 2018 e ainda não desistiu completamente. Recebeu dois convites, um deles fora da Europa, que não o convenceram. Considera complicado conseguir uma equipa em Janeiro, mas admite que não perdeu a esperança, não se importando de descer ao escalão Continental se o convite for bom. Contudo, avisa: "Só aceitarei propostas sérias."
Nicola Boem não tem problemas em referir que a sua temporada não foi boa. "Nunca encontrei a minha melhor condição [física]. Tive um problemas nos dentes tive de tirar alguns e acabei por ter dificuldades em comer. O timing das extracções foi errado, mas não estou à procura de desculpas", salientou. Aos 28 anos e com uma filha, Boem assegurou que não está a pensar em parar um ano e tentar regressar em 2019. Se não conseguir um contrato, poderá mesmo colocar um ponto final na curta carreira. E até já está a procurar trabalho numa fábrica. "O que acontecer, acontece. Tenho um diploma de três anos em Mecânica. Está tudo bem, inclusivamente [trabalhar] na fábrica. Tenho uma família e tenho de pensar numa nova vida", realçou.
Além da etapa no Giro, Boem venceu uma na Volta à Croácia, em 2014. Quatro anos antes, deu nas vistas em Itália quando ganhou a sexta tirada do Giro Ciclistico Della Valle D'aosta Mont Blanc, ainda como amador. Bom trepador e com uma ponta final forte que lhe permitia ser candidato a vitórias em grupos pequenos, esperou-se mais de Boem do que ele conseguiu alcançar. A não ser que apareça uma salvação de última hora, será mais um adeus a juntar aos muitos que se verificaram em 2017.
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