(Fotografia: Facebook Bike Clube de Portugal) |
Juntamente com Luís Pinheiro, o director desportivo optou por dar a oportunidade a dois dos seus ciclistas para serem profissionais, não contratando corredores mais experientes, como aconteceu com o Miranda-Mortágua e com a LA Alumínios, as outras duas formações que também serão Continentais, mas de sub-25. César Martingil e Gaspar Gonçalves terão de assumir maiores responsabilidades. Foram os escolhidos por serem já bem conhecidos da estrutura, ou como disse Manuel Correia: "Temos o perfil biológico e nós preservamos a ética do desporto." E acrescentou: "Quer ao César, ao sprint, e quer ao Gaspar, que já tem demonstrado nos últimos dois anos que é muito consistente e tem estado com os melhores, é deles que vamos cobrar um pouco mais. Não é só neles que vamos focar a atenção, pois temos jovens com muito, muito talento", realçou. O responsável referiu ainda que a nível orçamental, a principal opção passa por dar as "melhores condições de trabalho e inovadoras".
"Há corredores que com a ambição que têm podem conseguir algum resultado numa ou outra corrida"
Manuel Correia assume as condicionantes que terá devido à juventude dos seus ciclistas: "É lógico que ao fazermos uma equipa destas, não podemos ter como principal objectivo o resultado final, se bem que com trabalho e dedicação eles acabarão por aparecer, mas não podemos exigir deste tipo de corredores - inclusivamente tenho cinco de primeiro ano - que consigam ombrear com as equipas muito mais cotadas e com mais maturidade." Não tendo um ciclista mais experiente, estão abertas as portas para que todos tenham liberdade para lutar por bons resultados e Manuel Correia quer assegurar que isso acontece de facto. "Há corredores que com a ambição que têm podem conseguir algum resultado numa ou outra corrida", garantiu.
A Volta ao Alentejo, por exemplo, é uma prova que o responsável acredita ser possível ter César Martingil na luta, mas vai apontando a outras corridas por etapas. Já na Volta a Portugal deseja "estar a um bom nível" e na Volta ao Algarve... "Vai ser muito duro e difícil. Sabemos do nível competitivo que a corrida vai ter. Mas a ambição e vontade de correr com os melhores também fará com que se superem a eles próprios. Vamos participar, tentar estar com dignidade na corrida", afirmou, garantindo que não haverá qualquer dificuldade em gerir o lado emocional de jovens corredores que se vão ver ao lado de alguns dos melhores ciclistas mundiais. "Acho que é a parte mais fácil. Estes jovens já não têm a mentalidade que eu tinha quando corria. Quando passávamos a fronteira já estávamos derrotados. Agora não. Eles gostariam de correr todos os dias Voltas ao Algarve. Tenho 13 corredores e só posso levar sete. Perguntei a todos quem queria correr a Volta ao Algarve. Todos queriam. Não tenha dúvida que qualquer um deles abdicaria de correr a Volta a Portugal para estar na Volta ao Algarve!"
Saiu Neves, regressou Carvalho
Manuel Correia gostaria de ter mantido José Neves na sua equipa e até diz que o ciclista também não se teria importado nada em continuar na Liberty Seguros-Carglass. No entanto, a proposta da W52-FC Porto era muito superior e o director desportivo realçou como quer ver os seus ciclistas conseguirem bons contratos. "A carreira de ciclista é muito curta e nós entendemos que as diferenças eram abismais. Para nós lhe dar-mos o mínimo iríamos ter algumas dificuldades. Achámos por bem que o Zé agarrasse [a oportunidade]", contou, acrescentado que praticamente todas as equipas de elite queriam o campeão nacional de contra-relógio de sub-23. O director desportivo disse mesmo que espera que Martingil, Gonçalves ou qualquer outro dos seus atletas possa para o ano ou em breve estar a um nível mais alto. Esse tem sido um dos objectivos por que tanto tem batalhado na sua equipa. Formar ciclistas, mas também homens, pois, como reforçou, nem todos conseguem singrar no ciclismo. Contou como Luís Pinheiro esteve na equipa como sub-23, o contabilista também, além de haver médicos, fisioterapeutas e outros antigos corredores nas mais variadas áreas da sociedade.
Mas houve um ciclista que teve uma experiência menos boa no estrangeiro e que agora regressa "a casa". "Tivemos muita pena quando o André Carvalho abandonou. Achámos que foi mal aconselhado. Se o André tivesse saído para uma equipa como a Axeon Hagens Berman, como os gémeos e antes o Ruben Guerreiro... Mas a equipa que o André foi representar [Team Cipollini] era no mínimo de qualidade dúbia e acho que o André deu dois passos atrás. Depois teve um problema familiar e eu tive conhecimento e tentámos dar-lhe apoio", explicou. Por altura dos Nacionais, Manuel Correia falou com o ciclista e perante a vontade deste em regressar a Portugal e à Liberty Seguros-Carglass, o responsável abriu-lhe as portas e acredita que também André Carvalho poderá mostrar-se em algumas corridas.
Apesar do entusiasmo para esta nova aventura, a preparação para a nova época começou com um sobressalto. Luís Pereira foi atropelado, quando treinava com Filipe Cardoso (Rádio Popular-Boavista) e Fábio Oliveira (LA Alumínios). "Podia ter sido muito mau. Apesar de tudo foi feliz. A sorte foi que o carro que o atropelou era alto e ele ficou por debaixo, porque se fosse um ligeiro... O condutor vinha distraído. Eles entraram na rotunda, tiveram que travar, ele era o último e acabou por o apanhar. Teve mesmo muita sorte... A bicicleta ficou toda desfeita. Ele só ficou escoriações e levou pontos no sobrolho. Até parece incrível", desabafou.
O incontornável nome da Liberty Seguros
Se há patrocinador que rapidamente é reconhecido no ciclismo nacional é a Liberty Seguros. A empresa há muito que está ligada à modalidade e chegou mesmo a ter uma equipa profissional. Em 2009, um escândalo de doping que envolveu alguns dos seus ciclistas, fez com que o apoio fosse retirado, mas a seguradora não abandonou por completo a modalidade, ficando ligada à federação e também à estrutura de São João de Ver, liderada por Manuel Correia. Apoiar os mais novos passou a ser a palavra de ordem.
"Sabíamos que fazer uma equipa profissional com a Liberty Seguros seria muito complicado", frisou. Porém, a possibilidade de pedir uma licença Continental, mas ficando como uma equipa sub-25, na qual apenas dois ciclistas podem ser profissionais, o patrocinador manteve o apoio. No entanto, Manuel Correia admitiu alguma incerteza quanto ao futuro, pois, como explicou, o CEO, José António Sousa, vai retirar-se no final do ano. "Não sabemos se quem vem a seguir vai manter a mesma política. Temos a noção que é um passo arriscado [subir a Continental], mas decidimos dá-lo, pensando essencialmente nos nossos jovens ciclistas."
Referiu que não tem qualquer indicação de que a Liberty Seguros vá abandonar o ciclismo, mas a experiência permite-lhe ser cuidadoso: "São ciclos e temos de estar preparados para isso. Tomara que a Liberty Seguros permaneça mais dez anos no ciclismo, connosco ou com outros. Só teríamos todos a ganhar, até pela credibilidade da empresa."
Manuel Correia vai começar desde já a preparar 2019, para procurar o mais cedo a estabilidade necessária, para depois a transmitir aos seus ciclistas. Estes projectos sub-25 assumem uma enorme importância num ciclismo nacional que tem vindo a crescer nos últimos anos. "O grande problema destas equipas será sempre a sua sustentabilidade no futuro e nós temos isso bem presente. Muitas das vezes quem apoia quer resultados, mas não é o caso nem da Liberty Seguros, nem da Carglass", afirmou.
E que vantagens irá trazer a curto/médio prazo estas novas estruturas Continentais, mas que apostam na juventude? "Mais jovens corredores vão ter oportunidades", respondeu de imediato. O director desportivo recordou como na última Volta a Portugal, quase não houve ciclistas lusos para disputar a classificação da juventude, situação que considera ser "muito má". Na próxima edição será bem diferente, o que é desde logo uma vantagem na existência das três estruturas sub-25. "Haverá mais renovação do ciclismo em Portugal", acrescentou, exemplificando como algumas das principais referências estão a aproximar-se dos 30 anos e assim haverá uma nova geração já com rodagem ao mais alto nível nacional, pronta para assumir a responsabilidade.
Com as equipas profissionais a procurarem muitas vezes terem ciclistas que possam produzir resultados mais no imediato, a filosofia poderá alterar-se agora que os sub-23 passam a ter acesso a outras experiências. "Acredito que as equipas portuguesas os contratem, mas mesmo a nível internacional será importante [essa exposição]. Não vamos afastar a hipótese de correr lá fora, ainda que não seja fácil a nível orçamental. Mas já temos acesso a corridas mais importantes. Se tivermos de abdicar correr cá para fazer uma prova lá fora, fá-lo-emos", assegurou o responsável, que pretende assim criar a possibilidade de os seus ciclistas se mostram no estrangeiro. "Nós queremos o melhor para os nossos ciclistas. Eles têm uma carreira pela frente. Mesmo que queiram ficar, se houver uma boa situação para eles, vamos ajudá-los", reiterou.
Será, portanto, uma Liberty Seguros-Carglass igual a ela mesma, mas a querer aumentar o nível de qualidade dos seus ciclistas, proporcionando-lhes as melhores experiências, nas melhores corridas a que passam a ter acesso. Há corredores nesta equipa que já são bem conhecidos e não são nada de virar a cara a um desafio.
Equipa Liberty Seguros-Carglass: César Martingil, Gaspar Gonçalves, André Crispim, Luís Pereira, Rafael Lourenço, Venceslau Fernandes, Filipe Rocha, André Carvalho (Team Cipollini) Pedro Miguel Lopes (Seissa ACR Roriz), Pedro Lopes (Alcobaça Clube Ciclismo), João Carneiro (Rádio Popular-Boavista, equipa de juniores), João Dinis (Rádio Popular-Boavista, equipa de juniores), Fábio Costa (Centro Ciclista de Barcelos).
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Saiu Neves, regressou Carvalho
Manuel Correia gostaria de ter mantido José Neves na sua equipa e até diz que o ciclista também não se teria importado nada em continuar na Liberty Seguros-Carglass. No entanto, a proposta da W52-FC Porto era muito superior e o director desportivo realçou como quer ver os seus ciclistas conseguirem bons contratos. "A carreira de ciclista é muito curta e nós entendemos que as diferenças eram abismais. Para nós lhe dar-mos o mínimo iríamos ter algumas dificuldades. Achámos por bem que o Zé agarrasse [a oportunidade]", contou, acrescentado que praticamente todas as equipas de elite queriam o campeão nacional de contra-relógio de sub-23. O director desportivo disse mesmo que espera que Martingil, Gonçalves ou qualquer outro dos seus atletas possa para o ano ou em breve estar a um nível mais alto. Esse tem sido um dos objectivos por que tanto tem batalhado na sua equipa. Formar ciclistas, mas também homens, pois, como reforçou, nem todos conseguem singrar no ciclismo. Contou como Luís Pinheiro esteve na equipa como sub-23, o contabilista também, além de haver médicos, fisioterapeutas e outros antigos corredores nas mais variadas áreas da sociedade.
Mas houve um ciclista que teve uma experiência menos boa no estrangeiro e que agora regressa "a casa". "Tivemos muita pena quando o André Carvalho abandonou. Achámos que foi mal aconselhado. Se o André tivesse saído para uma equipa como a Axeon Hagens Berman, como os gémeos e antes o Ruben Guerreiro... Mas a equipa que o André foi representar [Team Cipollini] era no mínimo de qualidade dúbia e acho que o André deu dois passos atrás. Depois teve um problema familiar e eu tive conhecimento e tentámos dar-lhe apoio", explicou. Por altura dos Nacionais, Manuel Correia falou com o ciclista e perante a vontade deste em regressar a Portugal e à Liberty Seguros-Carglass, o responsável abriu-lhe as portas e acredita que também André Carvalho poderá mostrar-se em algumas corridas.
"São ciclos e temos de estar preparados para isso. Tomara que a Liberty Seguros permaneça mais dez anos no ciclismo"
Apesar do entusiasmo para esta nova aventura, a preparação para a nova época começou com um sobressalto. Luís Pereira foi atropelado, quando treinava com Filipe Cardoso (Rádio Popular-Boavista) e Fábio Oliveira (LA Alumínios). "Podia ter sido muito mau. Apesar de tudo foi feliz. A sorte foi que o carro que o atropelou era alto e ele ficou por debaixo, porque se fosse um ligeiro... O condutor vinha distraído. Eles entraram na rotunda, tiveram que travar, ele era o último e acabou por o apanhar. Teve mesmo muita sorte... A bicicleta ficou toda desfeita. Ele só ficou escoriações e levou pontos no sobrolho. Até parece incrível", desabafou.
O incontornável nome da Liberty Seguros
Se há patrocinador que rapidamente é reconhecido no ciclismo nacional é a Liberty Seguros. A empresa há muito que está ligada à modalidade e chegou mesmo a ter uma equipa profissional. Em 2009, um escândalo de doping que envolveu alguns dos seus ciclistas, fez com que o apoio fosse retirado, mas a seguradora não abandonou por completo a modalidade, ficando ligada à federação e também à estrutura de São João de Ver, liderada por Manuel Correia. Apoiar os mais novos passou a ser a palavra de ordem.
"Sabíamos que fazer uma equipa profissional com a Liberty Seguros seria muito complicado", frisou. Porém, a possibilidade de pedir uma licença Continental, mas ficando como uma equipa sub-25, na qual apenas dois ciclistas podem ser profissionais, o patrocinador manteve o apoio. No entanto, Manuel Correia admitiu alguma incerteza quanto ao futuro, pois, como explicou, o CEO, José António Sousa, vai retirar-se no final do ano. "Não sabemos se quem vem a seguir vai manter a mesma política. Temos a noção que é um passo arriscado [subir a Continental], mas decidimos dá-lo, pensando essencialmente nos nossos jovens ciclistas."
Referiu que não tem qualquer indicação de que a Liberty Seguros vá abandonar o ciclismo, mas a experiência permite-lhe ser cuidadoso: "São ciclos e temos de estar preparados para isso. Tomara que a Liberty Seguros permaneça mais dez anos no ciclismo, connosco ou com outros. Só teríamos todos a ganhar, até pela credibilidade da empresa."
Manuel Correia vai começar desde já a preparar 2019, para procurar o mais cedo a estabilidade necessária, para depois a transmitir aos seus ciclistas. Estes projectos sub-25 assumem uma enorme importância num ciclismo nacional que tem vindo a crescer nos últimos anos. "O grande problema destas equipas será sempre a sua sustentabilidade no futuro e nós temos isso bem presente. Muitas das vezes quem apoia quer resultados, mas não é o caso nem da Liberty Seguros, nem da Carglass", afirmou.
"Nós queremos o melhor para os nossos ciclistas. Eles têm uma carreira pela frente. Mesmo que queiram ficar, se houver uma boa situação para eles, vamos ajudá-los"
E que vantagens irá trazer a curto/médio prazo estas novas estruturas Continentais, mas que apostam na juventude? "Mais jovens corredores vão ter oportunidades", respondeu de imediato. O director desportivo recordou como na última Volta a Portugal, quase não houve ciclistas lusos para disputar a classificação da juventude, situação que considera ser "muito má". Na próxima edição será bem diferente, o que é desde logo uma vantagem na existência das três estruturas sub-25. "Haverá mais renovação do ciclismo em Portugal", acrescentou, exemplificando como algumas das principais referências estão a aproximar-se dos 30 anos e assim haverá uma nova geração já com rodagem ao mais alto nível nacional, pronta para assumir a responsabilidade.
Com as equipas profissionais a procurarem muitas vezes terem ciclistas que possam produzir resultados mais no imediato, a filosofia poderá alterar-se agora que os sub-23 passam a ter acesso a outras experiências. "Acredito que as equipas portuguesas os contratem, mas mesmo a nível internacional será importante [essa exposição]. Não vamos afastar a hipótese de correr lá fora, ainda que não seja fácil a nível orçamental. Mas já temos acesso a corridas mais importantes. Se tivermos de abdicar correr cá para fazer uma prova lá fora, fá-lo-emos", assegurou o responsável, que pretende assim criar a possibilidade de os seus ciclistas se mostram no estrangeiro. "Nós queremos o melhor para os nossos ciclistas. Eles têm uma carreira pela frente. Mesmo que queiram ficar, se houver uma boa situação para eles, vamos ajudá-los", reiterou.
Será, portanto, uma Liberty Seguros-Carglass igual a ela mesma, mas a querer aumentar o nível de qualidade dos seus ciclistas, proporcionando-lhes as melhores experiências, nas melhores corridas a que passam a ter acesso. Há corredores nesta equipa que já são bem conhecidos e não são nada de virar a cara a um desafio.
Equipa Liberty Seguros-Carglass: César Martingil, Gaspar Gonçalves, André Crispim, Luís Pereira, Rafael Lourenço, Venceslau Fernandes, Filipe Rocha, André Carvalho (Team Cipollini) Pedro Miguel Lopes (Seissa ACR Roriz), Pedro Lopes (Alcobaça Clube Ciclismo), João Carneiro (Rádio Popular-Boavista, equipa de juniores), João Dinis (Rádio Popular-Boavista, equipa de juniores), Fábio Costa (Centro Ciclista de Barcelos).
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