2 de janeiro de 2018

Maria Martins e Soraia Silva assinam por equipa espanhola

(Fotografia: José Gonçalves)
Para concretizar o sonho de serem profissionais e de estarem presentes nas grandes corridas de ciclismo, Soraia Silva e Maria Martins sabiam que teriam de dar um passo rumo ao estrangeiro. Em Espanha esperam abrir as portas para outro nível, numa aventura que agora começa e que ambas não escondem o entusiasmo. A Sopela Team, do País Basco, apostou nas duas portuguesas que lideram uma geração que quer seguir o caminho de Daniela Reis - a primeira portuguesa a chegar ao World Tour -, e assim afirmar definitivamente o ciclismo feminino português.

"Decidi que tinha de fazer algo mais se queria seguir no ciclismo. Fiz uns contactos, mandei uns currículos... Vou atrás de um sonho", afirmou Soraia Silva ao Volta ao Ciclismo. Ambas representavam a equipa da Bairrada, mas Soraia não tem dúvidas que as presenças na selecção, tanto nas corridas de estrada como na pista, fizeram a diferença no momento de apresentar-se a uma formação estrangeira. "As nossas participações nas corridas internacionais foram importantes, ajudou na nossa divulgação. Só por causa disso é que isto acontece, senão não adiantaria de nada os contactos ou os currículos", salientou.

O profissionalismo é o objectivo, contudo, para já, é a família que assume o papel essencial no apoio ao sonho de Soraia (19 anos), que referiu que o pai não lhe deu hipótese de deixar passar a oportunidade de ir para a Sopela Team. Porém, a ciclista não quer entrar em loucuras: "É um sonho, mas tenho de ter os pés bem assentes na terra. Tenho de ir com calma." Soraia quer continuar os estudos de enfermagem em Coimbra, enquanto já vai pensando nas novas experiências pela frente.

"Aqui corríamos, mas sem aquele espírito de equipa. É sempre mais correr por ti. Lá fora vai ser diferente, vou ter de trabalhar para outras ciclistas. Além de me faltar muita técnica, faltam-me saber como correr em equipa. É um passo importante e vou estar num pelotão a sério. Vai fazer toda a diferença. Mas não vale a pena deslumbrar. É ir com calma e cabeça. Um passo de cada vez", reiterou Soraia Silva.

É precisamente a possibilidade de evoluir num pelotão mais competitivo e em corridas com outro nível que Maria Martins (18 anos) também destacou. "Acho que irá trazer-me a experiência, o trabalho de equipa, a comunicação com as outras atletas, o estar em pelotão digamos, mais a sério. Nunca tivemos corridas como as que vamos ter", salientou ao Volta ao Ciclismo. A selecção e os seus responsáveis são referidos como decisivos para o futuro que as duas jovens vão começar a viver. "Falámos com duas equipas de Espanha, uma já estava fechada e na Sopela Team aceitaram a proposta de ter duas ciclistas portuguesas", explicou Maria Martins.

No adeus à Bairrada, a ciclista que quer mostrar-se nos sprints na estrada, sem nunca esquecer o ciclismo de pista que tanto gosta, deixou uma palavra a quem na equipa a ajudou: "Sempre estiveram lá para mim. Fizeram tudo o que podiam fazer. Mas chega a um ponto que temos de dar o salto se queremos ser profissionais."

No anúncio oficial da contratação são destacados os títulos nacionais que as duas portuguesas já somam, com o "talento português", como se lê no texto do Facebook, a completar um plantel de 12 ciclistas, sendo dez espanholas, a maioria muito jovem. O director desportivo é o ex-ciclista Francisco Pla García.

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